𝗢𝗜𝗧𝗢

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ABEL FERREIRA

Eu estava sentado na recepção do hospital com a cabeça baixa, meu coração estava batendo rápido, eu estava assustado, nunca tinha acontecido algo do tipo com nenhum dos meus filhos, e agora que eu sentei e parei pra pensar, eu só conseguia ver o quão injusto fui com a Ana Luiza, ela não teve culpa, jamais faria isso.

Eu fecho os olhos e coço meu rosto irritado, a verdade é que eu era o problema de tudo, e isso estava acabando comigo, eu sempre gostei de ser bom em tudo, fodia a minha cabeça não ser bom pra Luli, eu estava nervoso, eu estava irritado, e ela não tinha culpa de absolutamente nada, eu só odiava não me sentir útil para as coisas, eu odiava não ter uma direção pra ir, sempre fui cobrado pela minha profissão, e agora estava simplesmente me sentindo insignificante.

E um pouco culpado também, Martins estava sendo um bom técnico mas estava pelando muito, estávamos perdendo alguns jogos, tive várias reuniões com ele, e ele estava pressionado.

Minha cabeça estava tão fodida, que eu não estava conseguindo ficar bem, ficar calmo, ficar feliz... eu estava descontando na pessoa que eu mais amo, estava deixando nosso relacionamento cair na rotina, coisa que não podia, não podia acontecer de novo todo aquele inferno que eu vivi com a minha ex mulher, não podia.

Não podia porque ao contrário do meu primeiro divórcio, eu amava a Ana Luiza com todas as minhas forças, e talvez ela tivesse razão, eu precisava conversar com alguém.

– Você é o pai da Livia? – A médica sai da sala e eu concordo com a cabeça.

– Está tudo bem?

– Foi só uma suspeita de broncoaspiração do leite, ela está bem, a sua mulher pediu pra te avisar, já já ela terá alta.

Ela fala e eu respiro fundo aliviado, concordando.

Volto a sentar na recepção e alguns minutos depois vejo minha mulher sair com Livia no colo, ela estava com os olhos cansados, e Livia estava com os olhinhos aberto toda espertinha.

– Que bom que está tudo bem. – Eu falo e Luli concorda com a cabeça ainda abatida, eu passo a mão em seu rosto sentindo o arrependimento tomar culpa de mim, ela estava pálida e seu rosto sem vida.

– Me perdoa! – Eu falo com toda a sinceridade do mundo, ela apenas concorda com a cabeça e continua em silêncio.

– Vamos? – Ela fala e eu concordo.

Coloco Livia no bebê conforto, e entro no carro, Luli estava com a cabeça encostada no vidro e eu tentei puxar assunto mas ela respondia o mínimo.

Claro que sim, o que eu esperava? Eu estava tratando mal ela a dias, culpei ela com o que aconteceu com a nossa filha, o que eu esperava?

Mas sabia que era só questão de tempo para ela me perdoar, era sempre assim.

Chegamos em casa e vejo sua mãe com Fernando no colo e respira fundo assim que nos vê.

– Meu bebê tá bem, meu Deus que susto. – Ela fala segurando Livia no colo que gargalha quando vê a avó, ela era um bebê sorriso, sorria muito fácil.

– Está, foi só um susto.

– Vai tomar um banho meu amor, você está tão abatida. – Minha sogra fala preocupada e ela concorda, Mariana abraça Luli e Inês fica olhando pra ela com certo receio.

Ela sobe para o quarto e eu olho para a minha sogra.

– Olha como ela está, você sabe que eu não me intrometo, mas presta atenção no que vocês estão fazendo com vocês. – Ela fala e eu concordo com a cabeça, respeitava muito o que ela falava.

DANGEROUS II • 𝐀𝐁𝐄𝐋 𝐅𝐄𝐑𝐑𝐄𝐈𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora