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"Talvez isso seja uma ilusão
Provavelmente sonhando sem sentido
Mas se amássemos de novo, eu juro que te amaria direito
Eu voltaria no tempo e mudaria, mas não posso
Então, se a corrente estiver na sua porta, eu entendo."

Walker Bennet.

De repente me vi naquele situação que eu tanto temia, estava de frente pra aquele medo que eu evitava enfrentar a anos.

Uma parte de mim gritava pra eu sair correndo e me esconder no buraco mais próximo, mas a parte que me fazia ficar ali era a que gritava pra eu perdoar aquele homem que ocupava grande parte do meu coração a muito tempo. O problema é que parece que eu não ocupo nem a metade disso no coração dele.

— Eu entendo se não quiser falar comigo, se quiser continuar me ignorando, eu não vou te forçar. — Ele tirou a mão do meu rosto, eu ouvi a sua voz se tornar melancólica e meu coração quase bateu errado.

— Eu não...eu...— Eu tentei forçar alguma palavra sair da minha boca, mas falhei miseravelmente, e ele percebeu isso.

— Eu preciso ir, você sabe onde me encontrar se precisar conversar. —  Quando consegui olhar nos seus olhos percebi que ele parecia um cachorro sem dono, isso mexeu comigo. — A Laila sente sua falta, passa lá pra visitar ela.

Eu quase deixei um sorriso escapar quando ele citou sua filha, ele realmente queria me comover ali.

Eu afirmei rapidamente com a cabeça e observei ele se virar e sumir da minha vista, eu despenquei sentado no chão e senti uma imensa vontade de chorar. Quando olhei pro lado querendo levantar vi uma silhueta conhecida se aproximando, soltei um suspiro de alívio quando vi que era o Peter.

— O que aconteceu Walk? Vi o Barton saindo daqui, ele te disse alguma coisa? — Peter se mostrou extremamente preocupado comigo, se ajoelhou do meu lado e me abraçou, ali eu me permiti chorar.

— Ele...queria me pedir desculpas. — Eu falei com a voz embargada enquanto tentava secava as lágrimas.

— Pelo menos ele sente arrependimento, pior seria se não sentisse. — Meu melhor amigo deixou escapar, me tirando uma risada em meio ao choro.

Quando me recuperei, Peter sentou do meu lado e esperou até que eu conseguisse falar.

— Ele não é culpado Peter, mas eu simplesmente não consigo aceitar essas desculpas. — Eu comecei a desabafar, Peter era a única pessoa com quem eu me sentia a vontade pra fazer isso desde que minha mãe morreu.

— Se ele te fez sofrer ele é culpado sim. — Peter me respondeu.

— Ele não tem culpa se eu me apaixonei por um homem casado e não consigo aceitar isso. — Eu fechei os olhos quando terminei de falar, o que mais me dói disso tudo ainda é o fato dele ser casado com uma mulher.

— Mas você sabe que esse não é o maior problema né? A questão foi a confusão com seu pai. — Eu abri meu olho e encarei meu melhor amigo.

Sei que a culpa do meu pai ser homofóbico não é do Clint, mas ele nem ao menos pensou em mim antes de contar tudo.

— Eu ainda sou apaixonado nele Peter, você sabe, aqueles olhos azuis e aqueles cabelos loiros ainda me chamam muita atenção. — Encostei a cabeça na parede ao lembrar dos olhos que me encaravam a alguns segundos atrás.

— Olha, vou ser sincero agora, eu não acho que ele deveria ser crucificado pelo o que fez, e acho sim que você podia perdoar ele, mas essa sua paixão você vai ter que deixar bem escondida por um tempo. — Peter me aconselhou, eu escutei com atenção. - Ele ainda é casado, tem uma filha.

Eu concordei com a cabeça e fechei os olhos, suspirando novamente, mas dessa vez um suspiro de decepção.

— Se ele largar essa mulher por você não vai ter prova maior de que ele tá arrependido. — Eu levantei os olhos e encarei de novo meu melhor amigo, ele falou algo que me interessou.

Será que realmente o Clint é capaz de largar a esposa por mim? Por um garoto? Eu não sei, duvido muito, mas se eu disser que não é um desejo meu eu vou estar mentindo.

Eu pedi um último abraço pro Peter antes de se levantar e nós dois voltarmos pro grupo, eu não pude deixar de notar que o Clint realmente tinha ido embora, dessa vez não senti aquele alívio que sentia antes, senti vontade de ir procurá-lo.

— Você tá bem, garoto? Não tá com uma cara boa. — Ouvi aquela voz feminina que me reconfortava de novo e logo olhei pra ela, senti meu peito apertar e aquela vontade de chorar voltar, mas controlei.

— Eu tô bem sim Natasha, obrigado. — Eu respondi com um sorriso simpático no rosto, mas sem esconder meu olhar cansado.

Eu sentei em uma das cadeiras da mesa e vi ela olhar pros dois lados antes de se sentar comigo, acho que estava conferindo se tinha alguém perto, agora por que eu não faço ideia.

— Pode me chamar de Nat ok? - Ela segurou minha mão e eu olhei pro seu rosto, franzi o cenho sem esconder que estava confuso. — O Clint me contou sobre vocês dois.

Eu arregalei os olhos com surpresa, não sabia que ele contava de mim pros amigos. Minha mão tremeu um pouco por baixo da dela.

— Ele me contou tudo, desde a sua declaração até a merda que ele fez. — Nat falou meio brincalhona, tentando suavizar o clima, eu dei uma risada simples antes de voltar a prestar atenção nela.

— Eu conheço o Clint desde sempre e posso afirmar que ele faz muito coisa sem pensar, e é muito influenciável, sinceramente eu não acredito que ele fez aquilo por conta própria. — Ela começou a falar e minha mente foi se abrindo, saber do lado dele da história é muito diferente.

— Como assim? Você acha que alguém influenciou ele a contar sobre nós dois pro meu pai? — Eu arrumei minha postura e me mostrei curioso e interessado.

Natasha ficou em silêncio e começou a fazer carinho na minha mão, era estranho como eu me sentia confortável com ela.

— Só da uma chance pra ele, eu sei que ele realmente gosta de você, ou até te ama. — As palavras dela me assustaram um pouco e eu não escondi isso, sabia que isso ficaria martelando na minha mente pelo resto do dia.

— Ele falou que eu podia procurar ele caso quisesse conversar, você acha que eu devia? — Eu olhei pra mulher ruiva na minha frente, esperando pela sua resposta.

— Eu acho, vocês precisam conversar e esclarecer tudo. Mas lembra de escutar ele e de contar tudo o oque você sente, isso é importante. — Ela me aconselhou e eu absorvi cada palavra, decidi que precisava mesmo fazer aquilo.

— Obrigado Nat. — Eu sorri com um sorriso fechado mas muito sincero, me sentia como uma criança no colo da sua mãe quando escutava a voz dessa mulher.

— Por nada garoto, se precisar eu tô aqui. — Ela fez um último carinho na minha mão e se levantou, saiu andando até o andar de cima.

LITTLE HAWK ー Clint BartonOnde histórias criam vida. Descubra agora