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You know what I mean, don't you know?Felling Good - Michael Bublé

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You know what I mean, don't you know?
Felling Good - Michael Bublé


O vermelho já não estava mais grudado em sua pele, a água, que escorria com morosidade, insistia em sair limpa, mas Dália não conseguia ver nada disso. Para ela, o sangue do homem ainda estava em sua pele, tomando conta de suas entranhas, inflando seus pulmões com o máximo de ar que conseguia, para soltar o oxigênio entre um riso e outro.

A morena estava contente, feliz por retirar as vísceras do desgraçado apenas com as mãos, utilizando apenas a ajuda de suas unhas afiadas. Ela podia sentir o deslizar acelerado do intestino dele, que após ser arrancado, não sabia para onde escorrer. As últimas batidas de um coração acelerado, se tornaram sons divinos, e o choro abafado arrematou toda a sonoridade da dor.

O cômodo escuro era preenchido apenas pela presença anestesiada de Dália e a fraca luz amarela dos postes da rua. Logo o sol subiria e as pessoas dariam conta de um cadáver à beira de uma estrada, e isso deveria causar medo em quem cometeu o crime.

A água parou e mente de Dália também, algo não estava certo. Não podia estar. Mesmo que ele tenha causado tudo aquilo, matar não deveria ser a resposta.

Para piorar, Dália não sentia culpa.

Um pingo se quer.

— Menina! Você por acaso está tentando tirar a própria pele.

Yankimi se aproximou às pressas da prima, puxando o braço da garota para fora da pia. Os olhos negros nunca carregaram a mesma perversidade que os de Dália, e era isso que diferenciava um Uchiha, de um membro da família Uchiha.

Não que Dália negasse o sangue do primo, ela o amava mais do que tudo, largou a faculdade renomada em Tóquio só para viver uma vida simples com ele no Brasil. Porém, tinha algo em Yankimi, não com a família da sua avó, era algo diferente, como se ele sempre tivesse alma.

Os olhos negros não passavam nada além de compreensão, e mesmo no escuro, os dois amigos se encaram por um bom tempo. Yankimi nunca precisou ir longe para saber o que se passava na cabeça da prima, e naquele instante, ele temia pelo pior.

— Dah, você está me escutando?

O som de uma porta se fechando inundou a mente da morena, cenas de um passado não tão distante invadiram a sua cabeça. Ela conseguia vê-lo, de pé, atrás de si, falando que não tinha como escapar, e que Dália saberia seu lugar.

— Ele tentou me estuprar, Yan.

Nem mesmo o ar ousou se mover.

— E o que você fez com ele?

— Matei.

O pulso de Dália foi apertado com força, o primo tentou não puxar o ar com força, mas era tarde demais, ele já estava sentido tudo. Cada centímetro do ocorrido. A cabeça do mais velho virou em direção à porta do apartamento, encarando sem medo a única saída da casa.

Pervert DáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora