Capítulo 1

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Mel

Estou deitada na cama, uso uma regata branca que fica transparente deixando os meus seios a mostra, minhas pernas estão abertas, minha intimidade é coberta por uma pequena calcinha fio dental, minha mão acaricia minha coxa, fecho os olhos lembrando-me do homem que me tocou naquela noite, já fazem duas semanas que tive o melhor sexo de toda a minha vida.

Ainda posso sentir sua boca em meu seio sugando-o, sinto-me cada vez mais excitada e encharcada, minha mão desliza e sei exatamente para onde ela vai, contudo abro o olhos e paro de me mexer no mesmo instante, respirando fundo.

Não posso fazer isso de novo, me tocar até gozar pensando no homem que não encontrarei novamente, ao invés de voltar para o meu vício, levanto-me e vou tomar banho, a água quente desliza pelo meu corpo, tocando-me como queria que ele me tocasse, quando termino o banho vou me arrumar para o trabalho.

Escolho uma calça preta de alfaiataria, uma camisa regata na cor bege e sapato de salto preto. Prendo a parte de cima do meu cabelo e o restante deixo solto, passo uma maquiagem leve e me encaro no espelho, sabendo que agora não posso mais ser a pervertida da boate, as férias acabaram.

Tomo café da manhã e me dirijo para o trabalho, hoje vou de uber não estou a fim de dirigir.  Assim que chego na clínica cumprimento todos, sem nenhuma exceção, tenho a sorte de ter ótimos colegas. Após um pouco de conversa, me encaminho para a minha sala, sei que terei muitos pacientes hoje, ser terapeuta nunca foi algo tranquilo.

Durante a manhã atendo algumas pessoas que já passavam comigo e logo vou almoçar, sinto-me satisfeita, uma vez que a hora parece passar rápido e eu preciso muito fazer algo para me distrair. Quando retorno do almoço, sou recebida por uma de minhas colegas, ela parece empolgada.

— Está com o horário livre Mel? - indaga.

— Sim, só tenho paciente em duas horas – informo.

— Ótimo, tenho uma paciente para você, vou levá-la a sua sala – diz e eu assinto.

Neste momento eu realmente gostaria de descansar, está sendo um longo primeiro dia. Vou para a minha sala e arrumo algumas coisas, quando já esta tudo organizado, como se fosse combinado, minha colega entra acompanhada de uma mulher. A moça parece apreensiva, seu olhar mostra o nervosismo que tenta esconder, sorrio de forma acolhedora e peço que se sente. Assim que estamos sozinhas lhe ofereço um pouco de chá e alguns biscoitos, ela aceita, não sei se realmente quer comer ou se está nervosa demais, imagino que seja a segunda opção.

— Muito prazer, sou a Mel, como posso chamá-la? - indago.

— O prazer é meu, pode me chamar de Ana – diz inquieta.

— O chá está do seu agrado? - questiono.

— Eu prefiro mais amargo – murmura.

— Interessante, o chá mais amargo a faz lembrar do que? - investigo.

Ana me analisa, vejo que pensa um pouco, isso me faz observá-la, ela está o tempo todo abrindo e fechando sua mão que está apoiada em sua perna, seus olhos semicerrados encara a parede atrás de mim, aguardo o tempo necessário até que se sinta pronta para falar.

— Lembro-me de quando era pequena, meu avô gostava de chá amargo e minha avó sempre colocava açúcar, ela dizia que de amargo já bastava a vida – fala e volta a ficar em silêncio esperando que mais lembrança a invadissem. — Eu nunca entendi o motivo dela não respeitar a vontade dele, até que… - o silêncio retorna, Ana sorri como se aquilo não importasse mais, mesmo tendo tanto significado. — Até que entendi, ele não gostava do chá amargo realmente, quando era criança sua família não tinha condições e ele sempre deixava o melhor para os irmãos, ele  comia e bebia sem açúcar e qualquer outro tipo de tempero por opção – conclui.

Quando para de falar, ela toma outro gole do chá, neste momento percebo que Ana faz a mesma coisa que seu avô, a garota dá o melhor de si mesmo que isso a prejudique, mas agora ela parece cansada. Noto que entregou tanto de si que esqueceu quem é, o maior problema em fazer tudo pelo outro é não estar preparado para o momento em que o outro não fará tudo por você.

— Seu avô ainda é vivo? - indago olhando em seus olhos.

— Não, ela e vovó morreram no mesmo dia, estavam dormindo, então não houve sofrimento – conta e em seguida come um biscoito.

Aguardo que se recomponha ou que libere as lágrimas que estão presas em seus olhos, Ana parece querer controlar o mundo, seu semblante mostra-se completamente desesperado, enquanto a garota tenta mostrar uma paz que não sente de fato penso se alguém já percebeu como cada gesto seu é um pedido de socorro ou se a ignoram enquanto ela sofre copiosamente.

— Eu gosto dos biscoitos de chocolate, me lembram de casa, ou minha antiga casa. Mamãe, sempre fazia para nós. Tenho tantas coisas para te contar, são tantos momentos para compartilhar, contudo estou aqui neste momento por que… O meu marido… Acho que ele tem outra mulher – afirma.

Encarando-a, sinto-me penalizada, pois este sempre é o assunto, acho que os homens não conseguem se contentar com a própria realidade, ou não possuem medo de perder o que é real.

— Por que diz isso? - questiono.

— Eu o traí, foi uma única vez e acho que ele se vingou – confessa.

Eu quase sorrio, finalmente terei um caso diferente para me tirar do tédio.



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Será que esse caso vai distrair Mel da lembrança do homem misterioso?
Votem e comentem.

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