𝗖𝖺𝗉 𝟤 : 𝖣𝖾𝗆𝗈𝗂𝗌𝖾𝗅𝗅𝖾 𝖢𝗅𝗈𝗋𝗂𝗇𝖽𝖾.

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Finalmente deixaram aquela balsa nojenta, tinha cheiro de peixe!.. Ou talvez fosse só o Sena mesmo, acho que não se deve confiar em águas esverdeadas.

Tentaram ao máximo não chamar atenção, algo que.. bom, como você deve saber, era bem difícil ; além de estarem usando aquelas armaduras enormes de metal brilhante, era quase um pedido para os holofotes!

- Bom.. Sabe quem é o informante da missão? - Ele perguntou enquanto limpava as ombreiras com as mãos, estralando os pulsos entre passos lentos para seguir Wriothesley pela calçada.

- Sim, Demoiselle Clorinde.. Ela trabalha em uma formosa casa noturna da cidade, altamente luminosa e chique.. É, ela ganhou na vida.

Estava tentando puxar na memória de onde conhecia esse nome! Era tão familiar..
Ah! Mas é claro! A Carvalheira do trovão! Quanto tempo não ouvia falar dela..

- Calma, Clorinde está viva?.. Dieu.. - Neuvillette estalou a língua, suspirando baixo, negando com a cabeça por mera surpresa.. De fato, Clorinde havia sido compensada.

- Acredite, eu pensei o mesmo! Como aquela mulher tem tanta sorte assim? Gostosa, sarada e agora rica?

- E isso é algo diferente de Fontaine? - Disse na tentativa de abrir algum sorriso gentil, mas foi em vão.. Apenas rindo de forma nasal em um tom consequentemente sarcástico.

Com seu olhar aos arredores pode sentir uma presença fria no vento, pombos que voavam e parecia que era possível avistar uma dúzia deles a cada três passos.
As pessoas usavam roupas elegantes, homens com variações de chapéus e gravatas-borboleta. Aquilo era nostálgico de mais da conta, chegava a arrepiar seu corpo a cada suspiro.
Neuvillette foi tirado de seus pensamentos assim que pararam em frente a um beco, logicamente o estranhou, mas continuou seguindo seu companheiro.. Desejava a algum ser celestial que ele já pode confiar que Wriothesley soubesse o que estava fazendo.

- Nossa.. De mansões em Fontaine para um apartamento no estreito de Paris? O tempo pode mesmo mudar as coisas. - Ele gargalhou, passando a mão delicadamente contra sua ombreira direita para tirar a poeira ali presente. Quando se passa mil anos fazendo o mesmo trocadilho, ele.. perde a graça.

Em uma pequena portinha vermelha entre algumas pilhas de tijolos e caixotes velhos o número "203" se destacava na cor Escarlate com seu brilho dourado basicamente enferrujado..
Enquanto reparava em cada farpa da porta de madeira, seu fecho para as cartas foi aberto, aonde revelou dois serenos olhos roxos ; um outro flashback tomou conta da mente de Neuvillette, aonde no rosto de Clorinde estava sujo de respingas' de sangue, seus gritos fortes não eram tão fáceis de se identificar em meio a outros mais altos..

" - NON! "

- Estão atrasados. - Foi tirado de seu passado traumático com uma voz familiar, piscando algumas vezes antes de ter sua atenção tomada pela mais nova.

A porta foi aberta, revelando Madame Clorinde ; uma mulher com longos cabelos escuros, íris penetrantes e um físico forte e elegante. Usava uma blusa social branca, um colete curto da cor oposta e uma saia larga do mesmo tom.. Com uma pequena presilha lilás para segurar os fios de sua franja.
Neuvillette se curvou diante a ela, já Wriothesley, com seu jeito de moleque galanteador que não via uma mulher a muito tempo, não hesitou em já jogar seu charme contra a moça.

- Bonjour, raio de sol! - Disse sorridente, dando um estalo com a língua contra o seu brilhante sorriso branco.

- Não começa, Wriothesley. Mil anos e você continua nessa?

Esqueci de te informar? Wriothesley sempre foi o maior idiota em relação à Madame Clorinde, como um típico adolescente apaixonado que usava a babaquice para ver se poderia conquistar o coração da "formosa dama intocável".

𝑻𝘩𝘰𝘶𝘴𝘢𝘯𝘥 𝘺𝘦𝘢𝘳𝘴. - 𝗡𝗘𝗨𝗩𝗜𝗙𝗨𝗥𝗜 [🌙] 𝗔𝗨 𝗳𝗶𝗰. !¡Onde histórias criam vida. Descubra agora