𝗔𝗚𝗘 OF 𝗖͟𝗛͟𝗔𝖮𝖲

✦ㅤ˙⠀⠀˖⠀𝗨𝗡𝘊𝘓𝘌𝘈𝘙 PLANS ! CHAPTER 3

﹑ ✩　˚　❛　o mundo real é onde os monstros estão, é lá que a gente descobre se serve pra alguma coisa ou não　❜　₊　◌⠀⠀

ACAMPAMENTO MEIO-SANGUE

PARTE I : PREPARAÇÕES

O sol nascente despertou o Acampamento Meio-Sangue, com tons de rosa e laranja pintava o céu sobre as colinas. O ar fresco da manhã acariciava a pele daqueles que já haviam levantado, deixando seus sonhos – e pesadelos – de lado. Alguns saltaram de suas camas com uma energia contagiante, enquanto outros se arrastavam para fora dos cobertores, ainda sonolentos. O lugar ganhava vida gradualmente, risos e conversas animadas ecoavam pelos corredores de árvores, misturando-se ao chiar das armas preparadas para o treino.

Alguns semideuses já se dirigiam para a arena de combate, enquanto outros preferiram prolongar o momento, aproveitando a refeição matinal. Astra Jones, contudo, não se encaixa em nenhuma dessas categorias. Sentada serenamente sobre a grama esverdeada do campo de morangos, ela absorvia cada raio do nascer do sol, cujos tons dourados dançavam sobre sua pele, revivendo memórias da mãe. A luz a envolvia em um abraço caloroso, cada raio solar era uma lembrança constante que, mesmo que não estivessem mantendo o contato que mantinham antes, sua mãe estava ali. Tão imersa em seus pensamentos e perdida em suas memórias, a filha de Eos nem mesmo notou quando alguém parava ao seu lado, só fora perceber por conta da estranha sombra que fizera de uma hora para outra.

Seus olhos voaram para a figura que estava ao seu lado. Era Matteo, aquele a quem ela já chamara de melhor amigo e agora fugia. Não gostava de pensar que fugia do menino, mas... bem, ele fingia que ela nunca aconteceu em sua vida, então porque ela se humilharia para tentar entender?

— O nascer do sol é bonito né... especialmente aqui. – Matteo nunca havia ido ali para olhar o nascer, e Astra sabia disso, afinal, ela mesma testemunhava aquela vista todas as manhãs.

Matteo coçou a garganta, finalmente reunindo coragem para encarar a garota. Ela era um enigma para o filho de Hermes. Desde sua chegada ao acampamento, ele sentia uma inexplicável atração por ela, como se algum fio invisível os conectasse, mas a menina sempre se esquivava, como se temesse sua presença. Ele não conseguia entender o motivo.

— Hm... é, é sim. — respondeu a garota, erguendo-se da grama com um certo embaraço, como se a conversa a tivesse pego de surpresa.

Ela lançou um olhar rápido em direção ao garoto, seus olhos castanhos faiscando com uma mistura de incerteza e nervosismo.

— Eu... preciso ir. – murmurou ela, sua voz suave carregada de desculpas não ditas. Sem esperar por uma resposta, Astra virou-se e começou a se afastar, seus passos rápidos ecoando no chão de terra batida.

Matteo observou-a partir, uma sensação de frustração e curiosidade dançando em sua mente. Por que ela sempre fugia dele? O que ela estava escondendo? Com um suspiro derrotado ele bagunça seus cabelos e se vira, na mesma direção que a garota se foi, caminhando calmamente pelo lugar. Sabia que, se falasse sobre aquela pequena interação entre eles para os seus amigos, Aquiles tentaria entender o motivo da melhor amiga ser daquela forma e Ramiel o zoaria. Sem chances dele contar.

Com passos curtos, ele se dirigiu ao pavilhão de refeitórios, onde a agitação da manhã começava a fazer sentido. O aroma tentador de café e panquecas frescas pairava no ar, misturado aos risos e conversas animadas dos semideuses que se reuniam nas mesas de seus pais divinos. Mas Matteo não demorou por ali, apenas cumprimentou seus irmãos e pegou uma fruta para comer no caminho e logo se encaminhou para fora do pavilhão, passando por Leonidas, que estava um pouco mais a sua frente.