Recomeço 2

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Gustavo

Abri meus olhos logo sentindo um cheiro de frutas vermelhas invadir minhas narinas, sorrio vendo a morena dormindo tranquila na minha frente, me levanto com delicadeza indo em direção a sala.

São Paulo havia amanhecido nublado hoje então resolvi sair para comprar algumas coisas para ficar de bobeira com a Ana Flávia em casa. Me arrumei tentando fazer o máximo de silêncio e sai.

Não demorei muito lá, comprei o que precisava e mais um pouquinho e logo voltei para casa. Entrei no apartamento encontrando a  morena sentada no sofá

— Bom dia amor, tava aonde?— ela diz e eu abro um sorriso com o apelido

— Bom dia gatinha, fui no mercado comprar algumas coisas que precisava— falo deixando as sacolas na mesa e indo em sua direção

— Por que não me esperou?— ela fala se levantando

— você tava dormindo tão gostoso, não queria te acordar— ela concorda e vai em direção as sacolas

— Calma aí dragãozinho, tá tudo aí — paro e vou em sua direção abraçando por trás— o que acha da gente passar o dia vendo filme?

— Se você parar de me chamar assim eu posso pensar no seu caso— ela se vira me olhando e eu roubo um selinho

Como acordamos tarde, resolvemos não tomar café e fazer o almoço, na verdade a Ana Flávia fazer por que eu e cozinha são duas coisas que não dão muito certo. E é claro que eu ajudei (ou tentei ajudar) a morena.

— Não é assim Gustavo, você tá cortando a metade da batata— ela diz estressada pegando o descascador da minha mão

— e como é então?— falo coçando a cabeça e ela vem em minha direção descascando outra batata para me ensinar

— Quando eu não tô aqui você come o que?— ela para me olhando incrédula

— marmitas congeladas ou alguma besteira ai— falo como se fosse óbvio

— Dona Jussara deve tá orgulhosa— debocha

Terminamos o almoço e sentamos para comer, Ana Flávia fez seu famoso purê de batatas com bacon, queijo e batata palha. Comemos e depois fomos sentar no sofá para escolher um filme.

— Tô com frio— Ana Flávia diz me olhando

— Vai ligando aí que vou lá pegar uma coberta— Falo e saio em direção ao quarto.

Volto com a coberta na mão e observo a morena ver alguma coisa atentamente no celular, era uma foto da joaninha, me aproximo dela cheirando no seu pescoço e chamando sua atenção.

— Eu sinto tanta falta dela — ela diz se virando pra mim e antes que eu pudesse falar qualquer coisa continua — Faz dias que respirar tem se tornado um esforço imenso pra mim. Parece que tudo ao meu redor fica girando em uma velocidade contínua, tudo gira e eu sempre tô parada. Eu tô tão cansada, Gu... aos vinte anos eu só quero aprender a respirar sem sentir essa dor e vazio no peito, só quero acreditar que dias bons existem sim. Embora hoje e outros dias tenha sido incrível, o dia que ela foi embora se tornou o pior da minha vida e ele continua martelando na minha cabeça. Ele se repete constantemente e as sensações daquele dia me consomem. — passo a mão em seu rosto tentando limpar as lágrimas que escorriam. — Eu sinto falta do meu tchutchuzinho.

— Você não faz ideia do quão forte você é só de conseguir conviver todos os dias com a ausência, e ela com certeza está em um lugar melhor.

— Ela estaria melhor comigo Gu. — a morena me olha.

— Eu sei que sim, mas você ia conseguir ir trabalhar todos os dias sabendo que ela está sentindo dor? — ela parece pensar um pouco e logo nega com a cabeça — Saudade às  vezes pode ser muito ruim, mas também pode mostrar a importância de alguém nas nossas vidas, ela com certeza sente sua falta do mesmo jeito que você a dela mas sei que onde ela tá, pode cuidar de você.

— Eu sinto que carrego um furacão dentro de mim e ninguém vê a movimentação, aí quando alguém aparece ele vai embora aí eu tento falar pra mim mesma "Continue a nadar" mas é muito difícil continuar nadando quando você se sente ancorada na água. — ela falava com a voz baixa apertando sua mão.

— Já te falei que você não precisa carregar o mundo nas costas, nem todo dia é um bom dia e tá tudo bem

Olhei nos seus olhos e através do brilho formado pelas lágrimas, eu consegui enxergar toda a sensibilidade que a morena carregava no momento. Não foi só a partida da Joaninha que mexeu com ela. Minha namorada tem carregado coisas dentro de si sozinha e sabendo disso, acomodei ela em meu peito esperando que ela depositasse seus pensamentos e anseios ali.

— Tem algo mais te incomodando, não tem? — olhei no fundos dos seus olhos e ela balançou a cabeça afirmando. — Fala comigo, linda.

— Sabe eu não ligo de falarem de mim mas quando falam de quem eu amo se torna algo que não consigo controlar— ela para e me olha — A Antonella agora tem um perfil no Tiktok e descobri que é uma coisa que ela ama fazer— ela sorri quando menciona a irmã

— Como ela tá?— pergunto

— Ela tá bem cada dia mais inteligente, Eu tenho muito medo de fazerem com ela o que fazem comigo, ela é só uma criança Gu

— Não precisa ter medo de ser vulnerável, as vezes a beleza da fragilidade faz de você incrível, Respeita o momento que seu corpo tira pra se esvaziar, porque se você iluminar só as suas imperfeições todas as qualidades vão ficar na sombra– Ela me olhava atentamente com os olhos marejados

— Não vou falar que vai passar por que sei que no fundo você sabe disso, talvez não agora e nem amanhã pode até demorar um pouco, mas se você não deixar a dor consumir seu coração ela vai embora mais rápido, agora eu tô aqui e não vou sair do seu lado— ela rapidamente se aproxima me abraçando

—Eu te amo, Gustavo Pieroni— a morena diz com a voz abafada e levanta seu rosto me olhando

— Eu te amo, Ana Flávia te amo hoje, amanhã e todo dia te amo ainda mais— Beijo ela calmamente.

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Decidi fazer esse pra deixar mais completo com o outro.

Lembrando que é só uma fic e tudo da minha cabeça, não quer dizer que aconteceu de verdade.

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⏰ Última atualização: Apr 25 ⏰

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