Rindou Haitani
——————————————————Eu e Ran acompanhamos aquela garota depois que desmaiamos ela, decidimos não fazer nenhum mal de segundas intenções à ela.
Então quando ela acordou, fomos ao cemitério, enterraram a mãe da garota, ela não chorava e nem nada do tipo. Eu e Ran tentávamos se comunicar com a garota, mas ela ficou calada, sempre com respostas secas e curtas.
Quando acabou o enterro, perguntamos a ela para onde que iria, se ela tinha algum lugar para ficar e ela respondeu que não havia mais ninguém que ela conhecia, e que não sabia se sustentar sozinha. Lembrando: isso tudo ela falava seca, sem expressão alguma, sem olhar aos nossos olhos ou ao menos piscar. Ela assustava eu e Ran, mas mesmo assim, tentamos ajuda-la. Então convidamos a mesma até nossa casa, e ela aceitou. Quando chegou, oferecemos comida pelo cansaço e fizemos um curativo na ferida que ela tinha na cabeça. Por fim ela dormiu na sala.
Eu conversava com o Ran sobre o quanto aquela garota era estranha, ele fazia umas piadas sobre ela. Enfim. Fui ao banho.
Sai do banho me vesti e fui lavar a louça da manhã, pensando sobre a menina, não sabemos se ela estava bem, se morreu, ou se estava apenas dormindo.
Ran foi ao banho e saiu, começou a secar o cabelo no quarto dele. Minutos depois o barulho para, suspeitei, pois o Ran demora cerca de 30 minutos para secar o cabelo todo. Esperei um pouco e quando terminei a louça fui ver o que rolou. Passei pela sala e a moça não estava lá. Fui no corredor dos quartos e vejo ela no meio do corredor e o Ran falando com ela.
— Te deram uma maçã para você comer, linguinha presa? - perguntou Ran
— Eu acho que foi, hein- falei sorrindo
A menina em meio ao diálogo, saiu correndo ao meu quarto, se trancando no guarda-roupa.
— Ela tem esquizofrenia ou nós que somos feios até a desgraça para assusta-la tanto assim? - Perguntei, Ran soltou um sorrisinho pois achou engraçada a pergunta
— Acho que a primeira opção, meu cabelo é lindo, cheiroso... - Ran falava
— Seboso... - sussurrei
— O teu cu - Falou Ran indo em direção ao cômodo
— Guria, se você sujar minhas roupas com esse seu pé imundo, eu faço você se encontrar com sua mãe em um piscar de olhos!! - Gritei indignado
— Poula! Não se aploximem seus meldas!!! - Ela grita do meu guarda-roupa com a língua presa
— Parece uma criança falando, Rindou! - gritou Ran caindo na gargalhada
Eu ri tanto de sua forma de falar que mal respirar eu podia, depois de minutinhos eu consegui me recompor.
Ran insistia para a menina sair do guarda-roupa, quando ela finalmente cedeu. Fui buscar um copo de água com açúcar.
Voltei ao quarto e ela se sentava em minha cama ao lado do Ran, ofereci a água para ela.
— Meninos... E a minha mãe?!!- perguntou ela pegando o copo
— Ah sim, ela foi enterrada, esperamos os cara levar o caixão e acompanhamos eles. - Falei
— Mas... Que? - perguntou confusa
— Você não se lembra? - Ran falou erguendo uma das sobrancelhas
— Eu tava lá? - Perguntou com seus olhos arregalados
— E é a primeira opção, Ran. - Falei cruzando os braços e observando
— Ai meu deus... - ela falou meio bamba, com os olhos piscando lentamente e corada na bochecha
— Tá tudo bem? - me aproximei dela, ficando agachado em sua frente
Em questão de segundos ela despencou para frente, consegui segura-la ao meus braços, colocando-a sobre a cama deitada. Ran tentou chama-la mas nada de respostas, o mesmo colocou a mão em sua testa e viu que ela queimava de febre. Reparei que suas pernas tremiam.
— Será que ela está com a pressão baixa? - Ran perguntou
— Será? Corre no vizinho, Ran, veja se ele tem aqueles medidor de pressão, já que ele é velho. - falei ao mesmo que assentiu com a cabeça e foi com passos rápidos
Tentei chama-la novamente, mas sem sucesso, peguei o medidor de febre e lá marcava 46 de febre, isso não é bom. Assim que Ran chegou, me entregou o negócio, mas nenhum de nós sabíamos usar. Então o vovô que usa o medidor de pressão foi chamado às pressas. Ele mediu e viu que a moça estava péssima, com pressão baixa. Ele orientou a nós que levássemos ela ao médico, e foi isso que Ran pensou em fazer, então não discordei.
— Não é melhor chamar uma ambulância? Ai eles tratam ela aqui mesmo. - Perguntei angustiado da pressão que estava tendo.
O mesmo concordou e assim foi feito, ele exagerou um pouco na chamada da ambulância para que eles viessem correndo. Em cerca de 25 a 30 minutos eles apareceram, não adiantou nada o esforço de Ran. Eles fizeram uma puta de uma bagunça na casa, era gente para lá gente para cá, tudo para colocarem ela em cima de uma maca e aplicar soro em suas veias.
Tivemos que dar uma explicação do o que havia acontecido, pois dois jovens quase adultos com uma adolescente passando mal dentro da casa, na cama... Até eu suspeitaria de algo.— A nossa tia morreu em um acidente de carro ontem mesmo, e de família ela só tem nós, os primos, pois nossos pais nos abandonaram em um orfanato, agora que fizemos 18 e 17 saímos de lá, e recebemos a notícia que nossa tia morreu, então fomos atrás da Al... Alin... Aaah...- Ran não lembrava o nome da menina, tentou até olhar para mim querendo saber, mas ela não havia se apresentado para mim. — Allana! Isso, Allana, fomos atrás dela e encontramos ela chorando no velório, fizemos todas as despedidas e viemos para a nossa casa, que eram dos nossos pais, que segundo o oficial de justiça, morreram. Enfim, ela dormiu na sala e comeu praticamente nada, só um pão com doce. E foi isso. - Ran inventou grande parte da história, tava óbvio que era mentira.
O moço estava prestes a falar uma coisa, mas a "Allana" falou uma coisa antes dele
— Nooooossa! - Ela chamou a atenção de todos — Ô médico, com todo o respeito do mundo, mas cê ta PODRE por dentro, me da essa máscara aqui, que eu não sou obrigada a sentir esse cheiro de esgoto! - Falou ela para o médico que estava ao seu lado, ele tinha um olhar surpreso e envergonhado.
Olhei para Ran com um sorrisinho e ele riu da situação. Mandamos os médicos embora e assim eles foram, com um peidorreiro que deixou minha casa fedendo a carniça.
... bjs? rs. Até a próxima!
^ o sorrisinho 🫶🏻