Cap 04🐞

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Ele continua crescendo.

Escorregando por entre meus dedos todo o tempo

Às vezes eu queria que eu pudesse congelar a imagem e salvá-la dos truques engraçados do tempo.

Slipping Through My Fingers - ABBA


Mesmo sentindo o suor na palma da minha mão, não consigo parar de observar cada detalhe do grande quarto infantil

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Mesmo sentindo o suor na palma da minha mão, não consigo parar de observar cada detalhe do grande quarto infantil. As paredes são de um tom de verde claro, e a cama está bem forrada com uma colcha com desenhos de astronautas indo até a lua, combinando com as cortinas. Os brinquedos espalhados no chão, de um jeito bagunçado, fazem minha garganta ficar seca a ponto de mal conseguir engolir minha própria saliva.

— O que vai dizer a ele? — Iolanda me tira do transe, ainda na porta, falando atrás do meu ombro. — Ele ainda é uma criança. Não confunda a cabeça dele. Como eu disse, ele acha que você...

— Eu não vou dizer. — A interrompo com um tom amargo. — Fique tranquila, não irei dizer quem sou. Não por enquanto... — sussurro.

Iolanda fica calada por um momento e passa por mim, entrando no quarto.

— Miguel? — A voz dura dela chama ao meu lado, deixando-me ansiosa quando não vejo ninguém. — Miguel, não é hora para essas brincadeiras sem graça suas. Apareça, garoto! — A mulher anda sobre seus saltos pelo quarto e coloca a mão na cintura.

A cortina se mexe um pouco e pequenos pezinhos aparecem, roubando minha atenção. Sinto meu coração bater forte e mordo meus lábios para controlar a ansiedade. Automaticamente, começo a ir em direção à janela, mas Iolanda acompanha meu olhar e chega lá antes de mim, puxando toda a cortina de uma vez. Olhos azuis travessos surgem atrás dela; o pijama verde de cetim realça ainda mais seus olhos. O cabelo castanho está bagunçado e um sorriso, faltando dois dentes, aparece.

— O que eu já falei sobre não me responder quando eu chamar, Miguel? — Iolanda ralha, colocando a mão na cintura novamente, e me sinto hipnotizada pela criança à minha frente.

Ele está tão... tão bonito, tão grande.

Sentindo as lágrimas nos meus olhos, tento contê-las para não cair.

— Eu não quero outra babá! Por favor, vovó, são todas feias e cruéis! — Ele protesta com a voz mais linda do mundo.

Uma voz que eu nunca ouvi...

— Você não tem que querer, senhorzinho! — Iolanda parece mal-humorada, mas dou de ombros, pois os olhos azuis cintilantes agora me encaram com curiosidade, e os grandes cílios piscam de forma expressiva.

— Quem é ela, vovó? — Uma onda de emoção me atinge, como vários chutes no estômago. Quanto eu perdi? Ele sequer se lembra de mim, provavelmente como Iolanda disse, nem sabe a Droga do meu nome. Ele era apenas um bebê quando o levaram. Eles me apagaram de sua vida, me mataram da forma mais cruel possível. Eu sou sua mamãe e você é meu bebê anjinho...

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