Capítulo 1: A garotinha da blusa vermelha

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"Mas, vovozinha, que olhos tão grandes você tem!" disse ela.
"É para te ver melhor, minha criança", foi a resposta.
"Mas, vovozinha, que orelhas tão grandes você tem!" ela disse.
"É para te ouvir melhor, minha criança", foi a resposta.
"Mas, vovozinha, que mãos tão grandes você tem!" ela disse.
"É para te abraçar melhor", foi a resposta.
"Mas, vovozinha, que boca tão grande você tem!" ela disse.
"É para te comer melhor", gritou o lobo mau, e saltou da cama e engoliu a pobre Chapeuzinho Vermelho.

⚜️

Portland despertava sob um manto cinzento, típico de uma manhã de outono. As nuvens pesadas ameaçavam chuva sobre a cidade, enquanto uma névoa suave envolvia os edifícios com um abraço gélido.

O ar carregava um misto de odores -o café forte das inúmeras cafeterias, o musgo fresco das árvores urbanas, e o distante, quase imperceptível, cheiro de chuva iminente -. Nas ruas, o ritmo matinal já se fazia sentir.

Moradores apressados encolhiam-se em seus casacos, navegando entre as bicicletas que ziguezagueavam pelo tráfego crescente. A arquitetura de Portland, uma colagem de estilos históricos e inovações modernas, refletia a natureza eclética da cidade de prédios vitorianos a estruturas de vidro e aço que cortavam o céu.

Sasuke, ainda um policial comum aos olhos de seus colegas e de si mesmo, patrulhava as ruas do centro da cidade. Sua mente estava focada em questões mais terrenas: relatórios pendentes, casos sem solução, e a rotina diária da delegacia.

A cidade, com suas peculiaridades e charme singular, era para ele apenas o cenário de sua vida cotidiana.No entanto, mesmo a mais comum das manhãs carregava uma nota de estranheza em Portland. Pequenos incidentes, como relatos de animais incomuns ou o desaparecimento breve de objetos pessoais, eram frequentes o suficiente para serem notados, mas raramente resolvidos.

Sasuke, como muitos outros, ouvia essas histórias com uma mistura de ceticismo e uma leve, inconfessável curiosidade. Hoje, no entanto, algo estava diferente. O ar parecia carregar uma eletricidade estranha, um presságio que Sasuke sentia mais do que entendia. Enquanto caminhava pelo parque Waterfront, com o rio Willamette correndo cinzento e espumante ao lado, ele não podia deixar de sentir que algo estava mudando.

Aos vinte e oito anos, Sasuke era um detetive de Portland, sendo muito eficiente em tudo que fazia e tendo uma vida um tanto tranquila, ele sentou no primeiro banco de madeira que encontrou, ouvindo com mais exatidão a voz de Papa Emeritus, vocalista da banda Ghost.

You'll soon be hearing the chime, close to midnight... if I could turn back the time ,i'd make all right... — Sasuke cantou baixinho antes de tirar os fones dos ouvidos.

Parou a música e olhou ao redor, o sol não estava tão forte, na verdade, o sol começava a ficar coberto pelas nuvens, ele estava ofegante, sentindo o duro escorrer por sua pele, seus olhos negros viam as pessoas andando pelo parque, os cachorros passeavam com seus donos e tudo parecia comum.

Porém, Sasuke estava com uma dor de cabeça insistente, fazendo com que mesmo medicado, a dor continuasse. Mas, ele queria manter sua rotina.

Seu telefone tocou e o nome de Rock Lee brilhou na tela, o Uchiha não demorou a atender, já imaginando que era mais um caso já que Lee era seu parceiro.

Cara, vem para cá! — Foi a primeira coisa dita pelo outro detetive — menina de oito anos desaparecia, ela estava indo até a casa da avó e sumiu no bosque que ligava as duas casas!

Maldito GrimmOnde histórias criam vida. Descubra agora