02 | Capítulo:

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"Um mar sem memória"

02

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Fazia frio no final de dezembro. Tanto frio que Riki estava começando a se arrepender de sair do restaurante tão tarde da noite. Ele lançou os braços pelas mangas do casaco branco e o abotoou até o pescoço. O frio parecia escorregar pelo pesado material e infiltrar-se em seus poros. Agitando seus fios de cabelo loiros, sua respiração se condensou no ar feito fumaça branca. Tremendo muito, ele olhou o relógio de pulso. Quinze para às onze da noite. Lá dentro do restaurante os universitários continuavam todos comendo e bebendo como se não houvesse amanhã.

O ar estava mais quente na entrada do estabelecimento, mas ele ainda tremia contra a neve que rodopiava no ar. Do outro lado do beco, a lâmpada fraca do poste projetava um leve círculo de luz azul contrastando com o amarelo brilhante e caloroso dos bares e restaurantes que se espremiam na viela estreita.

Meu Deus, a primeira neve.. — uma voz surgiu pela entrada. Riki reconheceu como um dos universitários que estavam sentados no outro extremo da mesa, minutos antes, rindo e disputando algum tipo de jogo que ele não tinha interesse. O rapaz parecia impressionado com os flocos de neve caindo no ar gelado do inverno e estendeu a mão para alcançá-los. — É lindo!

Kim Sunoo. O nome finalmente veio à sua mente ao lembrar que Heeseung os apresentou horas antes, quando não haviam muitas pessoas na mesa e o Nishimura tentava não se sentir tão deslocado em meio a tantos veteranos. Kim Sunoo, formando de Engenharia e ex-namorado do irmão mais velho do Lee. De modo geral, o cara mais popular de todo o grupo. — porque antes mesmo de poderem trocar uma palavra, as garotas do curso de Direito o arrastaram para o outro extremo da longa mesa e assim permaneceram.

Finalmente notando sua presença o Kim cumprimentou-o em uma leve reverência. As bochechas vermelhas de álcool e o cachecol grosso enrolado ao redor do pescoço. Ele vestia uma blusa preta estilizada. Seu cabelo curto caindo sobre as sobrancelhas finas e escuras. O rosto, livre de maquiagem, tinha uma aparência quase angelical na luz azulada da fachada.

O Nishimura ficou impressionado. Não era como se ele não tivesse notado a beleza e a energia magnética que rondava Kim Sunoo e tudo ao seu redor. Ele somente não estava a fim de conhecer gente nova e havia decido manter-se na sua com suas limitações de respostas monossilábicas e acenos de cabeça.

Retribuindo o cumprimento do Kim, eles permaneceram em silêncio por algum tempo. Era possível ouvir a gritaria do lado de dentro e algum bêbado cantando o hino nacional em tom desafinado.

— Eles são muito barulhentos, certo? — disse Riki, tentando não ser mal educado. — Você.. cansou?

Sunoo virou o rosto em sua direção com um olhar divertido.

— São realmente barulhentos. Sabe.. eu não gosto da solidão, mas aprecio o silêncio às vezes. É melhor do que ouvir coisas desagradáveis.. — sorriu torto. Os olhos encarando Riki de cima a baixo, minuciosos e astutos. — Você parece realmente mais feliz do lado de fora, no entanto.

— Estava me observando? — zombou Riki. Mas o rosto de Sunoo foi sincero o suficiente ao corar com força. — Estou brincando, relaxa. Na verdade, eu detesto lugares muito barulhentos e o desgraçado do Lee Heeseung me abandonou nos primeiros vinte minutos.

Aquele imbecil e suas palavras doces com discurso intimista. O Nishimura estava realmente chateado com seu abandono, mas a risada de Sunoo desfez seu mau humor de imediato em um tom doce que fazia com que ele parecesse mais jovem do que realmente era.

Amar e Ser Amado | SUNKIOnde histórias criam vida. Descubra agora