03 | Capítulo:

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"Nuvens cor de pêssego, seu rosto me assombra.."

03

Riki despertou em meio a claridade luminosa, com o silêncio interrompido somente pelo sussurro de Sunoo ao seu lado na cama.

— Tá acordado?

Ele abriu os olhos e o amanhecer atravessava as cortinas abertas da janela. O céu era uma explosão de rosa e azul, nuvens cor de pêssego iluminadas através do tecido creme da cortina.

O sussurro travou uma série de arrepios na nuca do Nishimura, antes mesmo de se virar para encarar o rosto isento de sono do mais velho.

Era a primeira vez que ele dormia na mesma cama com Sunoo após o acidente e havia demorado para cair no sono enquanto controlava a agitação no peito e a vontade de se aconchegar ao namorado para descansar. Estava quase caindo no sono, mas teve força suficiente para resmungar uma resposta.

Hm..

Ele sentiu o mais velho se remexer na cama.

— Como viramos amigos? Tipo.. nós somos bem próximos, né? — a pergunta soou abafada de onde estava Sunoo, enrolado nos cobertores e com os olhos desenhando a silhueta do outro ao seu lado. — Riki?

Era estranho dizer que eles nunca foram amigos, mas também era difícil explicar como se aproximaram sem contar a verdade. Forçando seus olhos a lutarem contra o sono, Riki se virou na direção do namorado e sussurrou com cautela.

— Foi em uma confraternização da universidade, uns dias antes da formatura. — contou ele, lembrando do dia da primeira neve. — Você tinha se formado fazia um ano, mas era muito popular. Eu estava no fim do curso ainda, meio obrigado a estar na festa porque Jungwon era um dos formandos.

— Você é do tipo que odeia festas? — interrompeu.

Riki suspirou com o quão lindo ele estava, deitado na cama enquanto a luz amena e amarelada cobria uma parte do seu rosto pela fresta da cortina.

— Não. Eu só.. não conhecia quase ninguém e todo mundo tava muito bêbado. — confessou, lembrando do barulho e do calor abafado como se o tempo nunca houvesse passado. — Heeseung disse que ficaria comigo, mas o desgrassado sumiu nos primeiros vinte minutos.

— Isso é tão a cara dele. — Sunoo riu contido, os dentes brilhando. — E depois?

Essa era a parte difícil. O Nishimura sempre acreditou que o encontro deles era algo relacionado ao destino, a atração insuportável que não havia permitido qualquer outra conclusão senão os lábios de Sunoo sobre os seus e três anos de um relacionamento do qual ele não suportaria perder.

Ele gostava de pensar que havia algo especial na forma como se conheceram, mas agora Sunoo havia esquecido e tudo parecia tão confuso e insignificante. Olhando fixo para ele, mordendo o lábio, um nó se formou em sua garganta. Parte de Riki queria abraçá-lo, outra parte recuava daquele rosto assombroso. Ele queria fechar os olhos, mas não tinha coragem. Aquilo era tortura. Olhar para Sunoo e não reconhecer seu namorado era uma tortura. Mas ele precisava ser paciente e priorizar as limitações do mais velho agora, Riki achava que conseguiria ao menos cumprir essa tarefa.

O Kim deveria estar pensando no relacionamento deles a um bom tempo antes de decidir questioná-lo. Não era de surpreender que ele tivesse dúvidas como essa, considerando sua personalidade cautelosa. — no fundo, nunca conseguiria compreender o sofrimento dele.

— Nos encontramos na saída e estava começando a nevar. Você foi no ponto de ônibus e eu te segui. — falou Riki. Ele viu o contorno dos lábios finos do outro formarem um sorriso. — Dividimos um fone de ouvido e você foi embora.

Amar e Ser Amado | SUNKIOnde histórias criam vida. Descubra agora