Aquele que possui o vazio nas mãos

Capítulo 2

Reino de Falmuth, local dos humanos, inimigos dos monstros. O reino de Falmuth era bastante belo e rico, com o centro do reino sendo o local onde se concentrava toda a nobreza. Ao redor das fronteiras estava o Condado de Migam, local que possui a maior concentração de aventureiros e guerreiros graças a estar com um enorme mar com criaturas marinhas de um lado e a floresta jura com monstros perigosos do outro lado.

Apesar de rica, Falmuth não possuía um sistema de distribuição de renda que funcionasse, cobrando altíssimos impostos de todos, fazendo com que maior parte do dinheiro fique com o rei, a nobreza, a igreja e alguns mercadores. O reino possuía 40 milhões de pessoas no total e apenas 3 milhões e alguns mil possuíam dinheiro em grandes quantidades, com a maior concentração da economia com o rei.

??? Sentiu seu corpo pesado, como se estivesse carregando sacos de cimento nas costas ou até mesmos os gigantescos blocos que utilizaram para construir as pirâmides. Sua mão instintivamente foi para a testa, suas sobrancelhas franzidas em agonia com uma súbita dor junto de alguns flashes na cabeça. Momentos inteiros, dias completos e emoções igual um oceano caíram sob sua mente.

??? Sentiu que iria cair a qualquer momento no chão com dor mas, assim como surgiu, desapareceu após alguns segundos. Seu corpo caído no chão estava bastante sujo, poeira e terra cobrindo partes da camiseta e calças esfarrapadas que estava usando. O ar entrava e saia de seus pulmões quase que ao mesmo tempo. A agonia que ??? Sentiu agora pouco não era algo que iria se repetir, pelo menos era sua esperança.

"Acordei muito bem." Sua voz sarcástica, afinada e irritante, igual toda criança, o fez pular no chão em surpresa. ??? Não tinha muitas lembranças de sua vida passada mas o pouco que tinha era suficiente. Ele deveria estar se sentindo irritado com isso, querendo buscar suas memórias antigas para assim se tornar seu verdadeiro eu, ou algo do tipo. "Mas eu estou bem assim, além de que ainda tenho algumas memórias que devem ser mais importantes do que as que foram removidas." Sussurrou, completando seus pensamentos.

"Nem preciso de um espelho para saber que gênero a roleta escolheu para mim." Comentou ??? Para si mesmo, analisando sua aparência corporal. "Agora devo, então, me chamar Haruka Kaneko, pelo visto." Respondeu Haruka, se sentindo maravilhada. "Uau... Reencarnar é algo, então?" sussurrou animada, seus punhos fechados em empolgação. Um sorriso de desamparo serpenteou seu rosto. "Agora só devo tentar saber onde de Falmuth eu estou, atualmente."

Olhando ao redor ela percebeu estar em um beco abandonado. O lugar estava imundo, com terra aparecendo nos ladrilhos trincados e envelhecidos, duas caixas de madeira grande o suficiente para caber uma criança estava lado a lado. Haruka conseguia, de fato, ver duas crianças vivendo ali, ambas dormindo. As paredes da casa da frente e a qual ela estava apoiando as costas estava sujas, com a tinta parecendo ter anos de existência e algumas cicatrizes aparecendo da base até o meio da parede.

Olhando melhor ela percebeu do por que as duas crianças nos caixotes estavam dormindo. Estava de noite, o véu escuro da noite estrelada cobria tudo, uma enorme escuridão com pouca fonte de luz. Ela percebeu agora o motivo de não ter conseguido ter enxergado muito de si mesma antes.

Haruka olhou hipnotizada para o céu, seus olhinhos arregalados em surpresa e emoção mal contida. As estrelas pareciam estar olhando para ela, cada uma mostrando um brilho a muito tempo perdido, um véu em forma de arco formado a partir de gás mostrava a galáxia, parecendo perfeita e mais bela que nunca. Em suas memórias isso nunca havia acontecido antes, quase parecendo que o universo queria que ela tivesse essa visão privilegiada da beleza do infinito.