No norte de Tyëar, o vilarejo de Henyer já se encontrava armado para a guerra que se aproximava. As cidades sob a sombra das montanhas de Resmor haviam sido evacuadas, e soldados afluíam aos grandiosos portões, unindo forças para formar a mais poderosa das defesas. A magnitude do inimigo, outrora derrotado, permanecia desconhecida, mas sabia-se que tiveram tempo suficiente para reforçar-se, obscurecendo até o conhecimento dos mais sábios em estratégia bélica, pois este seria o primeiro confronto em larga escala.
Ruídos de batidas poderosas ecoavam do horizonte, o vento aquecia-se, e o céu, obscurecido já há oito dias, mantinha-se imutável. Soldados conjecturavam em murmúrios que talvez o inimigo fosse menor do que antecipado, imaginando que seria apenas mais uma escaramuça. Entretanto, a sensação de que aquilo seria o prelúdio de uma guerra vasta e terrível tornava-se cada vez mais palpável.
O ar enchia-se com o zumbido de flechas sendo retiradas das aljavas e o clamor metálico das espadas; o exército estava em plena prontidão. Então, os adversários emergiram das encostas distantes, formando um mar sombrio de criaturas armadas. Seus olhos negros e pele pálida eram inconfundíveis — não eram meros homens, mas sim humanos distorcidos de sua natureza primordial. Auréolas negras de auriens acompanhavam-nos, e sua marcha fúnebre prosseguia com o ressoar de lanças contra o solo, suas armas longas e ameaçadoras certamente não foram forjadas pelas mãos dos ihnos.
Após angariar homens em Imgor, onde Jadír e mais quatro senhores dominavam os vilarejos, Eresriel havia seguido para Henyer com uma parte do exército, enquanto a outra se ocupava em armar-se para a batalha, juntando-se a Hildor e Grimfor. Ele estava certo de que não tardariam a chegar para reforçar ainda mais as defesas.
Eresriel, liderando na vanguarda, testemunhava uma cena jamais vista em sua vida, que poderia muito bem ser a sua última. O crescendo dos tambores de guerra ecoava em seu peito, pulsando com uma intensidade quase insuportável. Com um suspiro profundo, ergueu as mãos e contemplou os arqueiros sobre a muralha, esperando por seu comando. Lançando um último olhar ao horizonte, onde os inimigos avançavam rapidamente, ele sentiu o odor acre de sangue e morte que traziam consigo. Com um brado poderoso, que uniu a voz de todos os soldados, deu o sinal, e os arqueiros dispararam suas flechas.
Mitriel, irmão de Eresriel, chegou trazendo consigo o escudo de seu pai. Com um gesto de reconhecimento e respeito mútuo, Eresriel aceitou o escudo e colocou uma mão sobre os ombros de Mitriel, que, embora tivesse cabelos castanhos e olhos bem escuros em contraste com os cabelos loiros e olhos claros de Eresriel, compartilhava com ele a semelhança física e a tenacidade.
"Ataquem!" comandou Eresriel, sua voz ecoando acima do clamor da batalha.
Os guerreiros, ao ouvirem seu líder, lançaram-se contra o exército inimigo. Os escudos da armada, quase indestrutíveis, ofereciam uma sólida defesa; no entanto, os adversários, com sua astúcia e agilidade nas armas, encontravam brechas para golpes rápidos e fatais. O chão logo foi pintado de vermelho pelo sangue derramado, enquanto a defesa externa começava a fraquejar sob a pressão incessante.
À medida que os inimigos alcançavam o portão, os defensores recuaram momentaneamente para se reorganizar. Mitriel rapidamente se posicionou próximo a uma fonte, liderando um destacamento do exército enquanto a defesa interna já estava firmemente estabelecida. Com estrondosos golpes de machado, o som das batidas e o impacto contra o portão reverberavam, enquanto os inimigos tentavam forçar sua entrada. Adversários ágeis escalavam e saltavam sobre a muralha, engajando-se diretamente com os arqueiros em uma tentativa feroz de romper o portão central.
Eresriel, percebendo a gravidade e a intensidade crescente do conflito, apressou-se ao centro da vila, determinado a enviar uma mensagem crucial ao rei. Ele convocou Dïn, a ave mensageira de Henyer, uma armis de cauda dourada e beleza inigualável, conhecida por sua habilidade mística de se deslocar entre as nuvens. Com um gesto de carinho, Eresriel acariciou a cabeça da ave e sussurrou a mensagem urgentemente. Com poderosas batidas de asas, Dïn alçou voo, desaparecendo ao entrar numa nuvem escura acima, pronta para emergir em outra e alcançar a cidade central em questão de momentos. A guerra havia, indubitavelmente, começado de forma definitiva, marcada pelo uso astuto de Dïn para assegurar que a comunicação entre as cidades fosse tão rápida quanto invisível aos inimigos.
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Grimfor Elgoth: A Ascensão do Norte
FantasíaEm um mundo fraturado por antigas alianças e divisões territoriais, a paz em Drisgal pende por um fio tão frágil quanto a calmaria antes de uma tempestade. Quando forças obscuras despertam no temido Norte, o destino de todas as terras repousa nos om...