Grimfor Elgoth: A Ascensão do Norte

Capítulo 5: Sombras de Traição

O amanhecer rompia com relutância, seu pálido véu de luz lutando contra as nuvens pesadas que prometiam mais uma tempestade. No acampamento, as fogueiras da noite anterior eram agora apenas montes fumegantes de cinzas. Pequenos grupos se reuniam ao redor delas, compartilhando refeições matinais e murmurando sobre os eventos que haviam perturbado seu sono.

Os galhos das árvores ao redor do acampamento se contorciam sob o sussurro do vento, como se narrassem lendas esquecidas de eras passadas. Marcas de batalhas anteriores ainda adornavam as armaduras e escudos, cada amassado e arranhão uma crônica silenciosa de glória e sofrimento. Em tais breves instantes de serenidade, até a própria terra parecia segurar o fôlego, antecipando o turbilhão de fados que se teciam no coração do acampamento.

Eldric Vaelmore e sua filha, Aelis, estavam entre esses acampados, mas notavelmente isolados dos demais, encontrando um momento de calma em meio à crescente agitação ao redor. Eles partilhavam um silêncio carregado, cada um perdido em seus próprios pensamentos sobre os eventos recentes. A jovem parecia particularmente perturbada, o peso de suas visões noturnas — que ela acreditava serem revelações proféticas — obscurecendo seu semblante usualmente sereno.

"Pai," começou Aelis, quebrando o silêncio carregado. Sua voz tremia ligeiramente, um indicativo da tormenta interna que enfrentava. "Minhas visões desta noite foram mais claras e perturbadoras do que nunca," ela continuou, hesitando enquanto decidia quão profundamente deveria compartilhar seu fardo. "Eu me vi no corpo de Grimfor, de mãos ensanguentadas, ao lado do corpo de nosso soldado caído. Não foi apenas um sonho, pai, foi um aviso."

Eldric, vendo o tormento refletido no rosto de sua filha, sentiu uma pontada aguda de dor paternal. Como senhor e guardião, estava habituado ao peso das decisões sombrias, mas confrontar o sofrimento de sua própria filha era uma provação que desafiava sua fortaleza. "Aelis," ele murmurou com uma ternura que raramente permitia-se mostrar, "tua luz é o farol deste acampamento, mesmo sob o manto das trevas mais densas. Necessitamos de tua força agora, mais do que nunca. Juntos, haveremos de desvendar a verdade." A seriedade gravada em seu rosto enquanto emitia as implicações dessas palavras.

A atmosfera já carregada do acampamento parecia se condensar ainda mais ao redor deles, com a promessa de uma tempestade iminente, tanto literal quanto figurativa. "Devemos proceder com cautela, Aelis. Se o que dizes for verdade, então a traição caminha entre nós, e devemos agir rápido para descobrir a verdade por trás dessa visão."

As palavras de Aelis se espalharam sorrateiramente como fogo selvagem pelo acampamento, gerando ondas de pânico e suspeita. Diferentes grupos reagiam de maneira variada; enquanto alguns clamavam por justiça imediata, outros debatiam a veracidade das visões de Aelis, criando um mosaico de medo e ceticismo que vibrava através das conversas murmuradas. Em meio à confusão, Grimfor Elgoth foi encontrado pelos guardas, isolado e visivelmente abalado, facilitando sua captura rápida pelas autoridades do acampamento. Sua voz, embora firme ao proclamar sua inocência, era tragada pelo crescente tumulto de acusações e medos infundados dos que o cercavam.

A captura de Grimfor tornou-se um espetáculo moroso para os acampados, cada passo do guerreiro arrastado pelos guardas uma marcha penosa através do coração pulsante do acampamento. Ele mantinha a cabeça erguida, seus olhos encontrando os de cada espectador, desafiando-os a discernir a verdade de um homem condenado pelo espectro de uma acusação infame.

Ao lado dele, Hildor enfrentava a turba com a determinação feroz de um escudo humano. "Ele é inocente!", bradava, a cicatriz coberta de uma batalha passada em sua orelha tremendo a cada palavra, um símbolo vivo de suas lutas e lealdades. "Conheço Grimfor melhor do que qualquer um aqui. Ele daria a vida por qualquer um de vocês, nunca tiraria!"