Capítulo 4: Antes que a Luz Venha

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O crepúsculo se estendia sobre o vilarejo de Henyer, tingindo o céu de um carmesim que parecia espelhar as feridas recentes de Eresriel. Com o manto da noite a descer, ele e seu irmão Mitriel percorriam o perímetro do acampamento improvisado, cujas fogueiras cintilavam como estrelas caídas na terra. Os curandeiros haviam trabalhado incansavelmente, entoando cânticos antigos enquanto suas mãos enfaixavam as marcas profundas deixadas pelo confronto. Graças a eles, Eresriel se mantinha entre os vivos, embora o peso da dor ainda o curvasse.

Eresriel, cujo rosto era agora um mapa de sombras sob a luz vacilante, compartilhava com Mitriel os pensamentos que o assolavam desde a batalha. Ele ponderava em silêncio, "Quantas decisões tomadas no calor da luta moldaram este momento de sobrevivência? Cada escolha, cada perda, parece me puxar mais profundamente para o papel que jamais desejei—o de líder em tempos de guerra."

"É uma linha tênue, irmão, entre a vida e... E o que vem depois. Mas ainda estamos aqui. Isso tem que valer alguma coisa, não é?"

Mitriel, ouvindo atentamente, mantinha-se ao lado do irmão, o olhar fixo nas chamas distantes. "Sobreviver é nosso primeiro triunfo, Eresriel. Agora, devemos garantir que nossa resistência não tenha sido em vão. O que faremos em seguida?" Mitriel olhou profundamente nos olhos do irmão, sua expressão refletindo não apenas a determinação, mas uma preocupação genuína com as repercussões de cada escolha futura. "Devemos pensar não só em nos defender, mas em como nossas ações afetarão aqueles que juramos proteger."

O plano para reforçar as defesas e consolidar o moral dos homens era necessário, e ambos sabiam que os próximos dias seriam cruciais. Eresriel, sentindo o peso de cada decisão, concordava com um aceno. "Os curandeiros nos deram uma nova chance, e não a desperdiçaremos. Amanhã, fortaleceremos cada ponto fraco e reavaliaremos nossas estratégias. O inimigo não dorme, e nós também não podemos nos permitir tal luxo."

O ar frio da noite trazia consigo os sons dos homens se movimentando, preparando-se para as horas incertas que viriam. Nesse momento de recuperação e reflexão, o espírito de liderança de Eresriel era como um farol para os homens, inspirando-os a se reerguerem apesar das adversidades.

Mitriel colocava a mão sobre o ombro do irmão, em um gesto de suporte e fraternidade. "A força dos Tarion sempre foi nossa vontade de seguir em frente, mesmo quando o caminho parece incerto. Vamos mostrar-lhes como se faz."

Ambos os irmãos, fortalecidos pela provação e pelo vínculo que compartilhavam, olhavam agora para o horizonte escuro, sabendo que os desafios à frente exigiriam tudo deles. No silêncio compartilhado, havia uma promessa não dita: a de que cada nova aurora os encontraria prontos, lado a lado, enfrentando o que quer que o destino lhes reservasse.

Enquanto as palavras de Eresriel ecoavam no crepúsculo que se fechava, o céu avermelhado acima também estendia seu manto sobre um acampamento distante ao norte. Lá, sob o mesmo pano celestial, Eldric e seus homens enfrentavam desafios não menos graves, a sombra da noite unindo dois líderes em um destino compartilhado.

Aqui, a liderança era exercida por Eldric Vaelmore, cuja postura imponente refletia as pressões de comandar na fronteira de um reino assediado. Longe dos conflitos internos de Eresriel e seu grupo, o acampamento de Eldric enfrentava sua própria versão do crepúsculo. À medida que a noite descia, um vento gelado soprava, carregando consigo os sussurros das árvores ao redor, como se a própria natureza observasse os preparativos tensos. As tendas, alinhadas como sentinelas de um reino esquecido, tremulavam sob o vento norte. O chão estava coberto de folhas caídas, que estalavam sob os passos dos guardas. No céu, as nuvens corriam velozes, cobrindo e descobrindo as estrelas, como se o próprio firmamento se escondesse da terra.

Grimfor Elgoth: A Ascensão do NorteOnde histórias criam vida. Descubra agora