Promessa [final]

1.6K 166 234
                                    

Zoro acordou em sua rede e se sentou, um sorriso pequeno brotando nos lábios quando a sonolência se esvaiu e deu espaço às lembranças da noite anterior. Encarou sua mão, quase ainda podendo sentir a sensação prazerosa de tocar Sanji de uma maneira mais íntima. Havia passado horas pensando naquilo antes de dormir e acabou sonhando algumas coisas sujas como consequência.

Mentalmente, se repreendeu por quase ter levado as coisas até o final na noite anterior. Se Sanji não tivesse o parado, Zoro sequer teria reparado que, de fato, não era um bom momento para aquilo, com ambos bêbados e com seus amigos por perto, adormecidos pelo convés.

O problema de Zoro, era que quando se tratava de Sanji, ele não pensava racionalmente. Estava se segurando por tanto tempo que na primeira oportunidade que teve, por ele, foderia o cozinheiro ali mesmo, sem se importar se seriam vistos.

Mas a verdade era que Sanji estava bêbado, e não que Zoro não estivesse, mas era definitivamente mais resistente para a bebida do que o outro e se odiaria ao pensar na possibilidade de estar se aproveitando da condição do cozinheiro.

Por isso, Zoro pediu uma prova. Tinha medo das ações de Sanji terem sido movidas ao álcool ou a carência de ter sido rejeitado por Nami, mas para a surpresa do espadachim, quando ele adentrou a cozinha havia, de fato, um prato de onigiris esperando por ele.

Não que o loiro pudesse cozinhar, estava sendo proibido, mas havia subornado Chopper com doces e agora ali estava, botando sua preciosa cozinha em ordem depois de semanas parado.

- E aí Zoro, chega mais, o Sanji fez a comida favorita de cada um, vamo se empanturrar! - Luffy falou de boca cheia enquanto devorava uma coxa de frango, mesmo que fosse apenas dez horas da manhã.

Zoro encarou a mesa com mais atenção, haviam as panquecas com calda de caramelo que Usopp tanto gostava, um prato grande de diferentes tipos de carne para Luffy, bolo de chocolate para Chopper (um claro suborno para receber alta do médico), uma xícara de café com torta de limão para Robin e uma de tangerinas para Nami.

Zoro ergueu o olhar para Sanji, que estava de costas para a tripulação, secando as louças com um pano de prato. Sorriu irônico, era óbvio que Sanji não deixaria claro que estava fazendo algo apenas para Zoro, então se deu o trabalho de fazer o prato favorito de toda a tripulação. Não daria um tratamento especial para o espadachim nem em um milhão de anos.

Zoro balançou a cabeça com um sorriso, Sanji era como uma maldita tsundere.

E honestamente? Adorava isso nele.

- Você não vai sentar pra comer? - o loiro perguntou, ainda de costas, sem se virar para olhar o imediato. Depois da noite anterior, estava sem coragem.

Não iria ignorá-lo e fingir que nada havia acontecido, prometeu para si mesmo não fazer isso. Mas agora, olhar para Zoro depois de quase terem ido até o final, depois de ter gemido aos seus toques de maneira tão entregue, isso era um pedir um pouco demais de Sanji logo pela manhã. Precisava de mais algumas horinhas tomando coragem antes de poder encarar o espadachim outra vez e puxar briga como sempre faziam. Zoro respeitaria esse tempo, afinal, tudo ainda era algo novo para Sanji. Homens ainda era algo novo para Sanji, principalmente.

E ele sabia que não era algo tão fácil de lidar, não quando anos de sentimento reprimido haviam se passado.

Zoro entendia isso, e não se importava em ser paciente. Não se importava porque era Sanji, e ele realmente queria ter a oportunidade de ficar ao seu lado, mesmo que ela demorasse a chegar, mesmo que o Vinsmoke quisesse os manter em segredo e mesmo que seus hábitos flertivos com mulheres continuassem.

Zoro se sentou na mesa e encarou um onigiri antes de mordê-lo, as lembranças de ontem tomando sua mente outra vez enquanto uma estranha sensação de medo assolava seu peito. Pensava em como amar alguém era realmente algo assustador, Sanji poderia fazer o que quisesse com ele, quebrar seu coração e pisar em seus sentimentos, e Zoro provavelmente continuaria o amando da mesma forma. Isso o perturbava de alguma maneira, nunca havia se sentido assim antes.

the last bottleOnde histórias criam vida. Descubra agora