O vazio...

Traumas

Aos meus 5 anos de idade, eu e minha família tivemos que fugir de Yokohama, pois meu pai havia matado alguns moradores que queriam invadir nossa moradia por revolta... Eu não lembro bem o porquê daquilo, pois meus pais e meu irmão nunca diziam. A cena foi tão violenta que ficou gravada na minha memória para o resto da minha vida.

Nos mudamos em um bairro em Tokyo chamado Kabukicho, um bairro muito violento onde há tráficos, mafiosos matando gente, pessoas passando fome, guerras de gangsters, e etc... Tivemos de ir para esse local, pois estávamos muito ruins em questões financeiras, e não tivemos opção, pois esse era o único bairro que havia casas para alugar que estavam em nosso orçamento... Mas ainda sim, com muita dificuldade.

Meu irmão na época tinha apenas 15 anos, dez anos mais velho que eu. Ele começou a roubar em bairros ricos junto de meu pai, sua graça era Kin Takashi.

Minha mãe e eu ficávamos cuidando da casa enquanto eles iam "trabalhar"... Ao menos era o que diziam. Até minha mãe descobrir.
-Então esse é o trabalho de vocês? - perguntou minha mãe.
-Nos perdoe por isso querida... Mas não temos escolha, não há como trabalhar por aqui, nossa ficha ficou suja depois do noticiário em Yokohama. - Respondeu meu pai.
-É. Tem razão... -Disse minha mãe, abaixando a cabeça, descendo suas lágrimas lentamente.
-E não está sendo o suficiente a quantidade que estamos roubando e vendendo por dia mãe. A Ayu terá de fazer algo também. - Acrescentou meu irmão.
-N-não! Ela tem apenas 5 anos!! - Gritou minha mãe com uma expressão triste em seu rosto, afinal, mesmo ela sabendo que era errado eu fazer atrocidades com apenas 5 anos, ela sabia que eles estavam certos, não poderíamos continuar o sustento com apenas os dois nesse ramo.
-Eu irei... - Respondeu minha mãe.
- O que?! Nem pensar! Você precisa cuidar da casa para que ninguém roube! - Disse meu pai.
-Sim. Eu irei fazer algo para ajudar, mas teremos de revezar para que cuidem da Ayu e da casa... - Disse minha mãe.
- E o que você pretende? - Perguntou meu pai.
-Irei ver o que posso fazer. Quando eu conseguir algo, eu aviso a vocês. - Afirmou minha mãe.
-Tudo bem então. - Concordou meu pai.

Então seguiram cada um para seu canto. Meu irmão Takashi com meu pai, e minha mãe foi procurar algo a fazer. Me deixando sozinha em casa. Fiquei com tanto medo de ficar lá, pois além de o bairro ser perigoso, não iria custar nada algum ladrão ou um psicopata entrar lá e roubar a casa, ou até mesmo me sequestrar. Nesses 25 minutos, fiquei pensando em várias coisas que poderiam acontecer, e eu nem sequer saberia o que fazer. E então a trinca da porta começou a se mexer rapidamente, como se alguém tivesse desesperado para entrar lá a qualquer custo.
Comecei a gritar de medo e a trinca se mexia cada vez mais, e mais, e mais... Até que do nada, escuto um disparo e alguns gritos dos nossos vizinhos, e a trinca para de se mexer. E mesmo eu com tanto medo, tremendo de desespero e com o rosto molhado em lágrimas, fui ver pela janela o que havia acontecido, e quando olho para o chão, lá estava meu pai, deitado no chão com um furo na cabeça e seu sangue espalhado no chão escorrendo de sua fonte do crânio... (Continua...)