Em um finalzinho de tarde, após um dia cansativo de trabalho, resolvo fazer uma caminhada, para esfriar a cabeça, sabe... Eu não conseguia tirar todo aquele trauma da minha mente.
Caminhando suavemente por uma pequena praça, me deparo com um garoto que tinha mais ou menos minha idade, em torno dos 9 ou 10 anos. Ele estava chorando, parecia estar desesperado com alguma coisa. Eu até pensei em ir até ele e perguntar o que ele tinha, mas acabei recuando. Porém, ele mesmo veio até mim.
_Ei... Menina... Pode me ajudar? Por favor...
Eu não sabia como reagir, pensei em ignorar, mas pensei melhor. "Sei bem o que é precisar de ajuda, é horrível."
_Tá, o que você precisa?
_Mataram meu papai... Eu não sei o que fazer...
No mesmo instante que ele me disse isso, me identifiquei com esse garoto... E comecei a pensar:_"Mas por que eu? Por que ele veio me pedir ajuda? Justo em uma mesma situação que nem eu mesma conseguia lidar..."
Eu fiquei um pouco apavorada de início, mas ainda sim perguntei:
_Você tem alguém que possa lhe ajudar? Como algum parente?
_Não, eu só tinha meu pai. Minha pequena irmãzinha morreu à 3 anos...
_[...] ...O que houve com ela?
_Ela... Caiu do 4° andar quando tinha apenas 5 anos...Eu estava me identificando demais com aquilo, porém era como se fosse uma outra versão de minha família. Ele estava sofrendo, dava pra ver em seus olhos da cor vermelho sangue, cheio de lágrimas. Ele me olhava e eu via seu pedido de socorro no fundo de sua alma.
_Você não tem mais ninguém?
_Meus parentes moram longe... Não sei o que fazer...
_E onde eles moram? São daqui?
_Sim, mas eu não sei chegar até o bairro deles...
_E... Você sabe quem matou seu pai?
_Foram pessoas más que ficavam indo em casa para cobrar algo dele...
_[...]Eu fiquei impressionada com tamanha coincidência, eu tinha certeza de que eram mafiosos que matou seu pai também, mas esse garoto era inocente demais. Apesar de ter a mesma idade que eu, parecia que eu era bem mais madura que ele. Era como se ele me visse como uma pessoa adulta.
Então, perguntei em seguida:
_E você ao menos sabe o nome do bairro de algum parente seu?
_Sim... Só não sei como chegar lá...
_E onde moram?
_Em Shibuya...
_Entendo...
Era longe demais para eu levá-lo até lá. Mas como eu havia recebido, e iria sobrar um pouco de dinheiro após eu pagar uma conta atrasada de casa, resolvi pagar uma passagem para ele.
_Aqui, toma.
_M-mas... Esse dinheiro é seu...
_Está tudo bem. Pegue o ônibus 734.
_Certo... Obrigado... Qual seu nome?
_Pode me chamar de Ayu.
_Certo. Muito obrigado... Ayu-chan!Me alegrei de ver um rosto desesperado se mudar para um rosto esperançoso. Aquilo me deu uma sensação de alívio, era como se eu tivesse vendo esperança para mim também. Porém, eu sabia que aquele garoto não iria se esquecer do que viu. Seu pai morrer logo na sua frente e você não poder fazer nada, é tortura psicológica.
Enfim, continuei minha caminhada pelo meu bairro. Olhando para os lados eu via muitas atrocidades. Pessoas vomitando tendo overdose, pessoas de gangue brigando umas com as outras, homem batendo em prostitutas e até mesmo crianças jogadas na rua passando fome.
Finalmente chego na área das construções abandonadas onde enterrei minha mãe. Entrei lá e fui fazer uma visita a ela.
_Oi mamãe... Consegui um trabalho. Eu... Encontrei uma criança hoje que também estava passando por dificuldades...
Começo a lacrimejar ao ficar olhando para o túmulo e me vem aquele aperto no peito mais uma vez.
_Eu sinto tanto a sua falta... Mas tenho que seguir né... Creio que é isso que você queria...
Me levanto devagar e me despeço.
_Até mais mãe. Tenho que ir.
Enxugo minhas lágrimas e continuo caminhando até minha casa, mas para minha surpresa...
_Olá filhinha da Yui-Yui!
Era aquele monstro de novo! Ele estava vivo! E comecei a entrar em desespero.
_C-como você...?
_Que surpresinha agradável! hehehe!
Aquela risada... Jamais esquecerei do quão pavoroso era.
_Espero que não tenha esquecido da dívida de seus pais!
Então ele rapidamente corre pra cima de mim.
_Me deixe em paz!
E eu me esquivo dele e começo a correr.
Não corri em direção a minha casa, pois seria mais perigoso e meu irmão não teria chegado ainda.
Pra minha sorte, ele era mais pesado e não corria tão rápido. Comecei a entrar em becos para despistá-lo.
_Não! Não! Não! Não! Não!
Então depois de 15 minutos correndo, parei para tomar um ar quando vi que ele não estava mais atrás de mim.
_Que droga! Esse monstro ainda está vivo!
Resolvi esperar um tempo até a poeira abaixar, eu queria ter a certeza de que ele tinha desistido de me procurar. Até que do nada...
_Ei você!... O que faz aqui?...
Era apenas um bêbado que ficava todo dia naquele beco enchendo a cara. Mas eu me assustei quando o vi, pois pensei ser aquele homem de novo, e acabei que saí correndo de lá. Saindo daqueles becos, cheguei no quarteirão que ficava minha casa. Eu olhava de um lado e do outro, com medo daquele assassino aparecer. E finalmente chego em casa.
Antes de abrir a porta, eu dou mais uma olhada para ver se eu não fui perseguida, e nada. Abro a porta rapidamente e entro em casa e tranco a porta.
_Mana? Por que a demora?
_E-ele está vivo Takashi!
_Ele?... Aquele homem?!
_Sim! Eu estava fugindo dele agora!
_Droga! E ele te seguiu?
_Não. Eu tomei cuidado. Mas agora teremos que tomar mais cuidado ainda! Ele já sabe onde moramos!
_Relaxa. Ele não vai te ferir, eu tô aqui pra proteger você.
Então a porta começa a fazer barulho. Meu irmão corre até a cozinha para pegar uma faca, e volta para a sala. E a porta então se abre...(Continua...)
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O vazio...
Teen FictionAyu com seus 4 anos de idade, vivia feliz em Yokohama com sua família. Seu pai, sua mãe e seu irmão mais velho. Assim que ela completa seus 5 anos, seu pai resolve contar um segredo para a mãe de Ayu. Este segredo tinha haver com o que acontece no a...