Capítulo 7: Verdade

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No segundo andar, sendo puxado por Iam para o quarto dos meninos, Guilherme parece não estar contente com a ação de Iam. Ele vê Vitor entrando no quarto e logo em seguida eles entram. Iam então se aproxima das camas:

"Onde você vai ficar? Esta cama aqui é onde eu durmo, aqui dorme Watson e aqui Rick. Bom, geralmente a gente pode dormir em qualquer cama, mas a gente gosta de ter um lugar específico para chamar de "nosso". Você pode ficar na cama acima de Rick, embora eu ache que ele ainda não goste de você, mas enfim, você que escolhe."

Guilherme olha para Iam com uma expressão séria e não responde nada. Iam então se afasta da cama e vai até a porta, entendendo que talvez tenha incomodado Guilherme. Desconfortável, diz:

"Você que sabe. Eu vou descer para jantar com o pessoal"

Guilherme, perto das camas e olhando pela janela de costas para Iam, diz:
"O que é aquilo ali?"

Iam responde:
"O que?"

Guilherme insiste:
"Eu não sei o que é, olha aqui"

Desconfiado com o tom de voz de Guilherme, que não parece ser de dúvida, Iam começa a andar até ele, mas coloca a mão para trás e faz o sinal de telefone com sua mão. Vitor, vendo a intenção de Guilherme e observando Iam fazendo o sinal com a mão, permanece sentado na cama de Rick, preocupado com o que isso pode resultar.

Ao se aproximar de Guilherme, Iam é agarrado por ele, que segura sua boca e começa a tentar enforcá-lo. Iam começa a gritar, mas sua voz fica abafada porque Guilherme está segurando-a. Então Vitor se levanta rapidamente e bate nas costas de Guilherme, repetindo:
"Para com essa brincadeira, para com isso!

Com uma risada meio sem graça e preocupada, Guilherme solta Iam, que sai correndo muito assustado em direção à porta e corre em direção à cozinha.

Na mesma hora em que Iam sai rapidamente do quarto, Cecília aparece quase que imediatamente e pergunta para eles:
"O que vocês estavam fazendo?"

Vitor, tentando disfarçar a tentativa de Guilherme talvez imobilizar Iam, diz nervoso:
"Guilherme estava apenas brincando. Ele sempre faz essas brincadeiras sem graça."

Enquanto fala, Vitor dá um murro no ombro de Guilherme.

Cecília interrompe, dizendo:
"Eu sei muito bem o que vocês estão tentando fazer, mas saibam que é proibido qualquer agressão física aqui."

Vitor responde:
"Isso não vai se repetir."

Cecília continua:
"Mas não é isso que vim falar aqui com vocês. Eu sei que vocês vieram do poço."

Ao mencionar o poço, ela começa a surrurar.

"Vocês estão tentando sair daqui. Acreditem, estou tentando sair também. Até Valéria já tentou voltar, mas parece que o poço não nos deixa sair daqui."

Vitor pergunta:
"Como vocês chegaram aqui?"

Cecília responde mais baixo:
"Antes de chegarmos aqui, morávamos no orfanato do outro lado do poço. Alguns de nós já se conheciam. Éramos felizes e amávamos as irmãs que cuidavam de nós. Tudo era ótimo até que um dia Iam desapareceu. Foi um caos. Só lembro de Valéria vindo correndo me falar que Iam tinha desaparecido. As irmãs chamaram as autoridades, mas não tiveram resultado nenhum. Foi um dia muito triste."

Vitor pergunta:
"Mas o que aconteceu com ele? Ele está aqui nesse outro orfanato agora."

Cecília responde:
"Eu já chego lá. Bom, no outro dia pela manhã desapareceu mais alguém, uma garota que gostava muito de bonecas, era muito bonita e sempre usava um laço que ganhou de uma das irmãs. As irmãs começaram a ficar em pânico e pensaram que podia até ser um castigo de Deus, e assim foi por mais dois dias. Até que no recreio de mais um dia após o sumiço de mais um irmão nosso, eu estava olhando um gato passeando pela floresta atrás do orfanato. Então fui agarrada e não conseguia me mexer. Fui levada até o poço de onde as irmãs pegavam água para nós e fui jogada aqui. Antes de cair, consegui ver quem era; foi Valéria. Ela me jogou aqui e provavelmente os outros também. Não lembro de muita coisa. De repente, me vi em um mundo vazio, sem nada. Vi Valéria na beira do poço tentando entrar nele, mas quando tentava se aproximar muito dele, umas mechas de cabelo saíam do chão e amarravam suas pernas e braços, não deixando ela voltar. Os outros também estavam olhando ela tentar entrar no poço; ainda lembrávamos que ela nos jogou nele, mas por que ela se jogaria aqui? Ela não parecia querer estar aqui. Então ela construiu este orfanato inteiro com seus cabelos que se esticavam, sua aparência gentil e bondosa sumiu. Ela disse que viveríamos felizes aqui e que cuidaria de nós. Desde então, não questionamos ela."

"Meu Deus!" exclamou Vitor.
"Isso é realmente bizarro," disse Guilherme, "mas espera, quanto tempo vocês estão aqui? Eu nunca ouvi falar de vocês no outro orfanato."

"Sinceramente, nem sei. Os dias aqui são diferentes do mundo real. Mal me lembro como são as coisas lá fora, mas consigo mandar meu gatinho às vezes para o outro lado do poço para tentar, quem sabe, me trazer algo novo para brincar," explicou Cecília.

De repente, Rick e Watson apareceram com Iam. Rick perguntou: "O que você está fazendo aqui no quarto dos meninos?"

Cecília, nervosa, pegou seu gato e respondeu: "Estava atrás do meu gatinho. Ele pensa que pode andar por onde ele quer, mas na verdade não pode." Ela olhou para Guilherme e Vitor antes de sair e ir até o quarto das meninas.

Os meninos entraram no quarto olhando irritados para os dois. Vitor foi até uma beliche no canto e se deitou, seguido por Guilherme que subiu para a cama acima.



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