Parte 3

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Chego em casa e vou direto para o meu quarto, mas antes que eu consiga rodar a marçaneta da porta do meu quarto por completo escuto uma voz ensurdecedora: - ALICE RODRIGUES DE MORAIS - Grita a minha mãe, numa altura que com certeza o quarteirão inteiro ouviu. - PEGUE ESSA MOCHILA DAQUI AGORA MOCINHA, PORQUE VOCÊ NÃO TEM EMPREGADA - diz ela um pouco exaltada.

Então eu sigo até onde larguei minha mochila e a pego e começo a refletir sobre as palavras da minha mãe. "Você não tem empregada", bom que eu saiba Nina limpa, lava e passa aqui em casa e ela é considerada nossa diarista e a dona encrenca designada minha mãe não lava nem um talher, desta forma não entendo por que a minha inocente mochilinha a incomoda tanto, traduzindo, minha mãe precisa de um psiquiatra e para ontem. 

Chego no meu quarto, tranco a porta e coloco minha mochila ao lado da minha mesinha de estudos, ela  tem a cor de um marrom envelhecido, tamanho médio e tem um abajur em cima e bem ao lado um metro e meio acima do chão tem uma estante de livros de madeira anexada na parede contendo todos os livros do Harlan Cober e a coleção da Saga Crepúsculo e Fazendo meu filme, dentre alguns outros livros de autores conhecidos e desconhecidos. Na outra parede tem o meu guarda- roupa e na outra parede tem a minha cama que é branca com detalhes marrons e bem ao lado tem um criado mudo todo no marrom envelhecido que eu uso para colocar coisas que necessito ter com muito fácil acesso. Meu quarto é todo no branco com alguns detalhes na parede. 

Pego minha toalha, um macacãozinho de pano todo beje, calcinha, sutiã e sigo para o banheiro. Tomo um belo banho e retorno para o meu quarto penteando meu cabelo e quando penso que estou pronta para dar um belo de um cochilo meu irmão bate na porta.

- Que é Charlie ? - Eu abro porta e respondo com uma cara de poucos amigos, até que eu avisto Benjamim de bermuda e chinelo, cabelo molhado e os olhos tão verdes que eu quase pedi uma foto.

- Também te amo, mal educada.. Bom vou direto ao assunto, vou sair com os meninos pra bater uma bolinha, se a mamãe chegar antes de mim, avise ela. - Ele foi falando rapidamente e eu mal consegui prestar atenção pois estava fitando Benjamim enquanto ele fazia o mesmo diante mim. Até que meu irmão deu um grito - HEEEEEEEEEI, TO FALANDO COM VOCÊ ! - E tirou da minha perfeita hipinose, assenti com a cabeça e entrei para o meu quarto de volta e senti como se meu coração fosse sair pelos ouvidos. E sim, isso foi muito estranho. Aliás, isso foi a síndrome do "estou 7 meses e 2 dias sem beijar" e antes que meus pensamentos ultrapassassem a razão meu telefone tocou.

*Ligação on*

- Oi Bela - Eu digo, me direcionando para mesinha do computador 

-Alice, seu irmão tá aqui na praça com os meninos e eu e a Vic estamos aqui também, porque você não veio junto? Dá pra desgrudar desses livrinhos um pouquinho? - Ela foi dizendo numa rapidez que quase eu não consegui acompanhar as informações.

-Bela, primeiramente eu não fui convidada, segundo eu nem peguei em livro hoje e terceiro eu não quero ir, aconteceu algo muito estranho hoje e bom, sei lá, quero ficar aqui em casa bem quietinha - eu respondi, já me confidenciando pois ela é minha melhor amiga e sabe da minha seca interminável.

- Amiga o que aconteceu???? - diz Bela toda apreensiva.

- Então eu não sei como, mas o Benjamim é amigo do meu irmão e enfim.. quando eu abri a porta ele ficou me olhando e eu retribui, por um minuto eu senti meu coração dando umas batidas estranhas - Eu vou falando cuidadosamente pra que ela entenda.

- Ta apaixonadinha, que lindo..- Ela diz e caí na risada.

- Bela é sério, será que isso é porque estou um tempinho sem beijar? - eu vou dizendo em um tom mais sério.

- Alice para de paranoia, ok?! To te esperando aqui na pracinha, tchau. - Ela fala e desliga o telefone na minha cara.

Escolhi um shortinho cinza todo rasgado, uma blusinha básica branca e um chinelo todo bordado. Fiz um rabo de cavalo deixando a franja caindo na frente do meu rosto, deixei um recadinho pra minha mãe na porta da geladeira e sai em direção a pracinha onde tinha o campo de futebol e era 4 quadras abaixo da minha casa.

E quando estou prestes a atravessar a rua para chegar a pracinha, visualizo o pessoal em uma rodinha tomando tereré e um menino pequeno branquinho, de cabelos e olhos negros com mais ou menos 2 anos de idade atravessando a rua indo atrás de uma bola que estava no meio da faixa de pedestre e ao mesmo tempo visualizo um carro branco vindo em direção a ele em alta velocidade. Então em um impulso eu corro até o menino e o abraço e me jogo com ele em direção a calçada, sinto uma dor enorme na cabeça e de repente tudo foi ficando escuro.

Chuva de arrozOnde histórias criam vida. Descubra agora