7 meses havia se passado. O tempo era meu maior inimigo. Eu contava de maneira estratégica – para esquecer do que eu estava sentindo falta na minha vida. A outra metade de mim. A garota de sete meses atrás. A que estava ligada às minhas energias, coração e mente que todos os dias de maneira serena. Desabrochando amor e vivendo cada sentimento como se fosse uma pele que me cobrisse. Eu estava ingressando na pós-graduação, cogitando mestrado ou tentar um concurso.
Minha mãe havia se curado milagrosamente do câncer e estava entusiasmada com o café que havíamos aberto perto de casa. Um lugar bastante simples, mas totalmente nosso. Eu estava limpando as mesas do salão. A decoração era cor roxa e os copos que vinham o café expresso estava escrito o nome “O café de flores” Um nome simples para se referir a mim e à minha mãe. Ela atendia educadamente todas as pessoas que entravam no café.
– Estou tão feliz! – Seus lábios eram facilmente lidos. – Isso aqui vai ser um sucesso! – Ela adentrou a cozinha. Enquanto as mesas estavam lotadas por uma galera que entrava.
Rolava MPB de manhã e também acontecia em um pequeno espaço do salão para demonstrar talento e também piadas. A noite era mais frequente mudar o cardápio com mais sabores de comida.
O dia era longo demais quando se referia ao compromisso de se dedicar a fazer os doces, bolos, tortas e pães. Estava varrendo o chão do café. Enquanto tocava Rubel, "Quando bate aquela Saudade” a minha música favorita brasileira.
Olha bem, mulher
Eu vou te ser sincero
Quero te ver de branco
Quero te ver no altarMeu coração estava tão acelerado. Eu sabia o quanto eu estava ruim. Triste por ter sido cruel. Por ter perdido algo precioso na minha vida. O expediente havia acabado naquele dia, peguei minha bicicleta roxa e pedalei o suficiente em direção à rua que se aproximava do prédio que eu e Shell residimos. Suspirei fundo e intensamente pensei como as coisas poderiam não ter acabado assim se eu não tivesse tomado atitudes tão indecisas. Ser honesta . Mas já era tarde. Eu havia perdido Josh para sempre. Eu só lembrava da minha despedida do Arizona, do cheiro que havia sobrado de Josh no apartamento. Eu estava farta. Cansada de mim mesma. O último bilhete estava entre os meus dedos.
“Quero acordar todos os dias assim, confundindo o nascer do sol com o brilho dos seus olhos.” A despedida estava gravada na minha mente, o último beijo, o último toque estava gravado mais cedo. A última chance estava gravada ali. As fotografias estavam espalhadas no chão, todas as que havíamos tirado na faculdade, em cafés e também na praia, ou aqui mesmo. Nosso lugar. Minha mente havia gravado o seu último olhar sobre mim que tinha escrito neles, os nossos planos que compartilhamos para viver juntos. Mas bem embaixo da redondeza estava as palavras não ditas e também estava bem fundo, e talvez embaixo do meu nariz: a verdade. A verdade sobre nós. A verdade sobre todas as coisas.
– Oi, Oi, Marx. Irei lá para cima, tá? Preciso ficar sozinha. – Larguei a minha bolsa e também troquei meus sapatos por sapatilhas azuis. Ela concordou com a cabeça, enquanto adormecia no sofá.Deixei minha bike e pensei em ir bem no alto do prédio, levando uma xícara de café e uma garrafa para passar um pouco de tempo a mais. No final da escada, avistei a bela vista da cidade grande. Os prédios bastante minúsculos, mas iluminados. Tomei uma xícara de café na mesa que estava lá.
Com a única foto que eu consegui trazer de todas que tiramos. Talvez fossemos apenas lembranças que eu deveria esquecer em algum momento. Uma poesia lida uma única vez. Nunca havia conhecido alguém que soubesse cada parte que falhasse, assim como a minha cabeça.
Até que abri os olhos e vi Josh parado na minha frente. Não conseguia distinguir se era em carne osso ou era uma ilusão que havia projetado depois de tantas que tinha feito.
– Yiessa Young. – Josh estava vestido com uma camiseta branca, um colar de dois corações feito de prata. – Sabe de uma coisa? Estive pensando sobre... – Ele se aproximava da mesa e ficava longe da escuridão.
– Uma vez uma garota me disse. – Ele respirou fundo e continuou a dizer. – Corrijo. Uma mulher disse que faria de tudo por quem ama, foi aí que pensei, tem um pequeno problema, Yiessa. – Ele estava tão próximo da mesa. Estava bem na minha frente, consumindo o meu olhar e também me fazendo ficar tão paralisada sem dizer nada.
Levantei meu corpo, ficando de frente para os olhos de Josh, mas minhas mãos estavam trêmulas, acabei deixando a xícara caí da minha mão. Josh havia feito uma pausa minuciosamente e silenciosa entre nós. – Essa é a minha garota, e eu faria de tudo por ela. – Suas mãos tocaram meu rosto, enquanto seus olhos estavam encravados nos meus. Seus lábios tocaram os meus de maneira tão urgente, uma maneira única de dizer que precisava desse toque. Uma parte havia se esquecido e estava preste a esquecer do resto. Todos os dias eram reservados a pensar no que restava como memória mental.
– Yiessa, quero conhecer essa Yiessa também. Quero me apaixonar por essa também. Mas não quero perder você. – Ele disse de maneira sincera e disse:
– Você aceita todos os dias a minha visita inesperada do seu novo vizinho? – Ele disse girando as chaves que tinha na mão entre os dedos.
– Todas as vezes. Mas que prove centenas de vezes o meu café em casa e também bem aqui perto desse prédio, foi estreado um café chamado: “O café das flores.” Onde atendemos todos os dias, menos os sábados e domingos. – Relatei e ele concordou, enquanto me virava para ver a lua e as estrelas que brilhavam em uma intensidade tão forte que iluminava quando as luzes desligaram.
Mas eu gostava tanto do seu abraço. Seus braços ao redor do meu corpo. Eu preferia ficar quieta, enquanto sentia o aroma do seu perfume. Exista somente a verdade mais clara de todas.
O amor era uma metáfora diferente de todas. O café poderia ser aconchego, assim como o sossego da alma que depositava poesia e unia corações assim como o café.
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Lie Coffee
RomanceO café significa muito mais do conceito básico que temos que é de uma bebida quente para tomar todos os dias, principalmente nos dias chuvosos. O café, para mim em particular. Significa uma energia que percorre pela as minhas veias me trazendo calor...