— Félix, venha aqui.
A mais velha abraçou o pequeno loiro e se escondeu dentro de uma pequena cabana que ficava no pátio de sua casa, ela sentou em um canto com o filho nos braços, abraçando-o forte com medo de perdê-lo. Depois de alguns segundos, ouviu-se um grande estrondo, a porta da frente foi derrubada, a senhora abraçou o menor com mais força.
— Mãe. — Disse o mais novo num sussurro. — Estão me procurando, certo? — Ele ergueu os olhos para olhar para a mãe. — Eles me procuram porque sou diferente, né?
Sua mãe não conseguia mais conter as lágrimas, então, entre soluços, ela se agarrou ainda mais ao filho. Como ela poderia explicar a ele que aquelas pessoas o queriam por amar outro garoto? Como explicar para ele que seria punido por isso? Se para Félix era apenas um amor inocente, não era nada ruim, ele estava amando outra pessoa.
— Meu amor. — Pegou as mãos da criança. — Se um dia vierem te levar, por favor, fuja para longe, se esconda, por favor, você faria isso pela mamãe? — Acariciou os cabelos loiros.
— E você? O que vai acontecer com você?
Antes que a loira pudesse responder, passos foram ouvidos do lado de fora daquela cabana segundos antes da porta ser derrubada, a senhora se agarrou mais forte ao filho, querendo cobri-lo completamente, porém, nada disso daria certo, Os alemães arrancaram seu filho de seus braços e ela começou a gritar pela criança, lutando em vão por ele.
— Adolf Hitler vai morrer!
E essas palavras foram suficientes para um alemão apontar a arma para ela, disparando imediatamente. Aquela imagem foi algo que ficou gravado na mente de Félix como se fosse uma repetição, foi a primeira vez que seu coração se partiu sem nem saber.
— Mãe? — Ele murmurou quando viu sua mãe imóvel. — Mãe!
A perseguição aos homossexuais na Alemanha nazi baseou-se principalmente na conclusão de que a homossexualidade era algo incompatível e que ia contra a natureza humana, razão pela qual as autoridades nazis tiveram de utilizar todos os meios ao seu dispor para impedir a sua propagação.
Ele abriu os olhos e sentou-se na cama enquanto levava uma das mãos à testa para enxugar o suor. Estava frio, seu coração batia acelerado e sua respiração estava difícil. Depois de alguns segundos ele acendeu a luz, olhou em volta e certificou-se de que estava em seu quarto. Iam fazer quatro anos que tudo acabou e ele ainda não conseguia superar o trauma, ainda não conseguia tirar da cabeça todas aquelas cenas horríveis que não só viu, mas também vivenciou.
A cidade ainda estava se recuperando de todos os danos, e os noticiários ainda falavam disso, muitos já haviam esquecido e já haviam começado do zero, mas Félix não poderia ser o mesmo, como poderia esquecer que estava trancado ali ? Sem comida, sem água, nada para fazer a não ser seguir as ordens daquelas pessoas.
Ele se levantou enquanto esfregava a testa e soltou um leve suspiro cansado antes de ir até a janela olhar para fora e ver o céu.
— Nove da manhã... — Murmurou sem muito incentivo, seu pai o havia ensinado a saber as horas através do céu e foi algo que o ajudou bastante até aquele ponto.
Ele foi até um pequeno armário e abriu-o, mas franziu a testa ao perceber que havia apenas uma muda de roupa; Porém, ele pegou as roupas e as deixou na cama antes de entrar no banheiro e depois no chuveiro. Ele ficou debaixo d'água por vários minutos, seus orbes fechados e sua mente focada em imagens do passado.
— Meu nome é Christopher Bang Chan. — Não houve resposta ou olhar do loiro. — Por que está aqui? — Novamente nada. — Estou aqui porque não tenho pais.
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𝘾𝙝𝙞𝙘𝙤 𝙍𝙖𝙧𝙤 ʰʸᵘⁿˡⁱˣ
Fanfiction| 𝙃yunjin não entendia a estranha personalidade de Félix e também não o entendia até descobrir que o garotinho sardento era do ano de 1949 e que era prisioneiro nos campos de concentração de Hitler. | 𝙊𝙗𝙧𝙖 𝙤𝙧𝙞𝙜𝙞𝙣𝙖𝙡 𝙥𝙤𝙧 @CB97ONEB |...