07. 2020

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Cerca de dez minutos já haviam se passado e ele ainda estava deitado pensando em tudo o que havia acontecido naquele momento, há 71 anos... Há 71 anos ele perdeu tudo, tudo mesmo, inclusive ele mesmo. Desde que saiu do campo nunca mais foi o mesmo, seu pai chorava todas as noites pedindo ao filho que voltasse a sorrir; Porém, o homem sardento gritava por causa dos pesadelos que continuavam a atormentá-lo, mesmo depois de anos.

Hyunjin estava do lado de fora esperando, naquele momento ele não estava mais chateado ou incomodado, estava confuso e intrigado, Félix era um menino muito estranho.

— Está se sentindo bem? Alguma coisa dói? — Perguntou a professora e se aproximou do loiro ao notar suas lágrimas.

— Não, estou bem... — Ele respondeu, enxugando o rosto e fungando ao mesmo tempo em que desviou o olhar e encolheu os ombros, tentando se esconder de todos.

— Hyunjin, você pode levá-lo para a enfermaria? — O citado assentiu com um leve grunhido.

A enfermeira disse a ele que ele precisava descansar um pouco, pois isso poderia ser interpretado como um ataque de pânico, então Felix ficou lá, tentando se acalmar até conseguir. Depois de mais cinco minutos, levantou-se e pegou o moletom, que havia tirado ao chegar devido à ansiedade que sentia e à necessidade de coçar as feridas, que felizmente desta vez conseguiu controlar graças a um antidepressivo.

Ele saiu do quarto e fechou a porta atrás de si, fazendo uma pequena reverência diante de Hyunjin que estava sentado em um banco do lado de fora da enfermaria. — Se sente melhor? — Ele perguntou após se levantar e olhar Felix de baixo para cima, parando em seus braços e pulsos.

Os braços de Félix estavam cheios de arranhões que não pareciam recentes, eram feridas e cicatrizes, mas não só isso, em volta dos pulsos havia cicatrizes simulando uma corda, como se ele tivesse ficado muito tempo amarrado embora não por uma simples corda . Porém, como já havia dito; As marcas não pareciam recentes, era como se tivessem sido feitas desde a infância.

— Estou bem... Você não precisava me acompanhar, eu posso me cuidar. — Murmurou, desviando o olhar para o chão e encolhendo os ombros.

— Que? — Nem tinha ouvido falar, aqueles cicatrizes o haviam entretido, talvez fossem apenas coisas sem importância, ou talvez algo mais sério. Tanto faz, ele preferiu não perguntar — Eh... Sim, vamos.

Hyunjin caminhava na frente, mesmo parecendo não se importar, na verdade ele estava muito curioso sobre Felix, ainda mais pelo fato de ele ser muito estranho, embora talvez estivesse apenas julgando mal.

O loiro vestiu o moletom novamente e depois disso olhou para uma porta que dizia em letras grandes "Biblioteca", ele olhou para ela por mais alguns segundos antes de voltar o olhar para a frente. Sempre gostou de ler livros e talvez aquele lugar fosse onde ele pudesse passar despercebido.

Os dois entraram na sala de aula e foram para seus lugares depois que o professor verificar a situação de Felix.

— Vamos continuar.

Começaram a conversar sobre o início da guerra, Félix não voltou a participar porque até para ele era algo novo. Estando trancado naquele lugar, eu não sabia como tudo havia começado, só sabia dos acontecimentos que aconteciam nos campos de homossexuais e de órfãos, fora isso, não tinha a menor ideia. Não sabia os motivos por que tudo começou para que pela primeira vez ele prestasse atenção em como era seu passado.

Duas horas foi o tempo que durou a aula, naquela pequena tempo ele pôde aprender mais sobre os outros campos de concentração e os líderes, sobre Hitler, sobre a polícia militar e outros países.

"Judeus, crentes, homossexuais... Todos vivemos o mesmo inferno, não existe pior." — Seu subconsciente falou, fazendo-o entender que ele não poderia minimizar nenhum sofrimento.

Por fim ele esperou que todos da sala saíssem para fazer o mesmo, pegou suas coisas e se levantou, dessa vez iria até a biblioteca ler o que seu professor de tecnologia havia deixado para ele. Estava ansioso para aprender mais sobre isso.

O resto do dia para Félix foi normal, ou pelo menos é assim que ele definiria já que ele ficava na biblioteca durante todos os intervalos e nas aulas não tinha mais opinião. Ia ao que eram os clubes deles, mas como Felix não estava e não tinha interesse em frequentar nenhum, voltou para a biblioteca.

Ele ficou lá por aproximadamente uma hora e meia, enquanto a escola fechava. Não tinha pressa de chegar em casa mais cedo, primeiro porque ninguém estava esperando por ele e segundo, porque não queria ficar sozinho. Ele ouviu o último anúncio e foi até uma janela, eram cinco da tarde.

"Tão rápido?"

Ele foi até a saída e silenciosamente começou a caminhar até a entrada da universidade ou pelo menos até onde lembrava que era a saída, mas de repente uma música estranha começou a tocar enquanto ele caminhava; No entanto, ele também não se importou com isso; Mas isso se repetia continuamente onde quer que ele andasse.

"Isso é algo normal nos corredores?"

Esse pensamento desapareceu, pois mesmo quando ele saiu do campus ainda estava tocando, ele suspirou tentando relaxar já que alguns alunos começaram a notá-lo.

— Ei.

Parou quando o mais alto colocou a mão em seu peito para detê-lo, ele não ergueu os olhos nem disse nada quando soube quem era. Ele sentiu como o estranho colocou as mãos nos bolsos da calça, tirando o pequeno aparelho que chamavam de celular, no qual se via um número.

— Você estava ignorando minhas ligações? Escute, se você não queria que aceitássemos você de volta, bastava dizer. — Entregou-lhe o celular, dessa vez Felix pegou e olhou para o homem de cabelos negros com a testa franzida.

— Que?

— Hyunjin, não seja cruel com ele. — Chan disse, afastando o loiro do mencionado. — Felix, você quer que levemos você para casa?

Felix olhou para Chan, ele realmente poderia brincar que era seu melhor amigo, eles eram iguais, até mesmo em suas formas de proteger os outros, ou pelo menos protegê-lo. Tendo um pequeno déjà vu e visualizando seu melhor amigo à sua frente por alguns momentos, ele sentiu o peito doer e a garganta apertar, negando-lhe a capacidade de responder, então ele apenas assentiu após baixar o olhar.

— Hyunjin, você deveria parar de ser tão cruel, não acha? — Han murmurou para que apenas seu amigo pudesse ouvi-lo enquanto caminhavam na frente dos outros três garotos.

— Você sabe que eu sou assim. — Ele respondeu franzindo a testa. — Além disso, ele é muito estranho... Não consigo evitar o meu desespero.

Chan, Changbin e Felix caminhavam atrás, embora o último citado andasse ainda mais atrás, seguindo-os enquanto pensava em como e onde poderia encontrar seu amigo, o avô do menino à sua frente.

Ela tinha tantas perguntas para fazer, tantas coisas para contar, tantas coisas para perguntar... Ela nem conseguiu se despedir dele. Ele desapareceu sem dizer nada, provavelmente ficou preocupado até que seu pai lhe contou a verdade. Mas ele não pôde deixar de querer gritar e chorar nos braços de Chris, seu melhor amigo.

Dez minutos depois, ele estava na frente da "sua casa", ainda não conseguia se acostumar, mas era sua única caverna para se esconder dos demais e o único lugar que tinha.

— Não vou precisar mais da sua ajuda. — Mentiu, nem tinha prestado atenção em quantas ruas eles percorreram — Muito obrigado. — Se curvou sem olhar para os quatro.

Ele não disse mais nada, entrou em casa o mais rápido que pôde ao sentir os olhares deles sobre ele. Queria evitar perguntas pois apesar de não olhar para eles, podia sentir que eles o olhavam confusos.

— Bem... Talvez você esteja certo. — Chan expressou olhando para Hyunjin. — Ele é um garoto estranho.

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⏰ Última atualização: Sep 29 ⏰

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𝘾𝙝𝙞𝙘𝙤 𝙍𝙖𝙧𝙤 ʰʸᵘⁿˡⁱˣOnde histórias criam vida. Descubra agora