Os inimigos

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Bisunjae - Residência da Família Kang

Huiju estava em seu velho quarto. A conversa com seu pai e Seong-ju foi afável, mas era incapaz de tirar a sensação de esterilidade e solidão que aquela casa lhe trazia. Toda a grandiosidade de Bisunjae fazia-a sentir pequena e indefesa. As lembranças de outrora, careciam de qualquer alegria genuína, todavia eram infestadas de tensões e traumas.

Huiju caminhou até sua escrivaninha, abriu a pequena caixa de fotografias e olhou as imagens familiares. Com exceção das fotos tiradas com Inha, todas as outras eram imagens vazias de emoção. Com Inha, as fotografias eram diferentes, nelas ele estava abraçando-a, paparicando-a, ou fazendo alguma coisa para fazê-la sorrir. Ela não conseguia compreender porquê ele havia mudado tanto, a ponto de se tornar um assassino frio e meticuloso, alguém irreconhecível aos olhos dela.

Huiju fechou a caixa e a guardou em um baú remoto dentro do guarda-roupa. Olhar aquilo não lhe fazia bem. Lembrar de Inha era doloroso demais.

Quando Inha suicidou-se na prisão, ninguém da família foi até lá reconhecer o corpo ou lhe fazer um funeral. Huiju sentiu-se culpada após um tempo, mas na época seus sentimentos estavam em frangalhos, em meio a todas as tragédias vividas pela família Kang. Depois de um tempo, ela visitou o memorial onde estavam depositadas suas cinzas. Ela fez uma despedida silenciosa e decidiu não odiá-lo.

Huiju pegou uma escova de cabelo sobre o aparador. Aquele item havia sido dado por sua mãe em seu aniversário de 12 anos. A escova era cheia de pedras preciosas e havia pertencido a uma princesa da família real Sul Coreana da era Joseon. Huiju havia pedido inúmeras vezes para sua mãe lhe pentear os cabelos com aquela escova, mas a mulher sempre a olhava com desdém e dizia para Huiju procurar alguma empregada. Ela trocaria qualquer item de ouro ou diamante para poder ter tido uma mãe carinhosa.

Agora, sua mãe vivia exilada, longe dos Kang. Huiju tentou visitá-la certa vez, todavia a mulher a rejeitou. Disse que não tinha mais uma filha, já que a mesma não quis se casar com o pretendente escolhido por ela. Huiju preferia morrer a ter um casamento de conveniência e sem amor. Ela não perpetuaria a frieza dos Kang através de mais um casamento fadado ao fracasso.

Huiju sentiu a exaustão mental que aquelas memórias lhe traziam. Ela não queria mais pensar em seu passado. Quando partiu de Seul, havia feito uma promessa a si mesma de não mais se lamentar. Ela apenas iria aproveitar aquilo que a vida tinha lhe dado, e se isso se resumia a ter dinheiro, ela então iria fazer bom uso dele.

Por fim, ela desligou parte das luzes do quarto, deitou-se na cama, fechou os olhos, obrigando-se a encontrar com a paz do sono profundo. Mas, ainda existiam os sonhos, lá também não era um lugar tão bom.

...

Subúrbio de Seul

O homem aguardava ansiosamente a chegada da ex mulher de Kang Jung-mo, a mãe de Huiju e Seong-ju.

A senhora Jang, seu nome de solteira, havia descoberto sua farsa e agora lhe oferecia uma aliança. Aquilo foi repentino, mas aparentemente, iria lhe colocar de volta ao jogo de forma mais rápida e eficaz.

- Senhora Jang, quanto tempo... Ou devo chamá-la de mamãe?

O rosto da mulher era uma máscara de repulsa, mas ela se obrigou a sorrir de canto.

- Eu preferia que fosse para sempre. Não achei que iria vê-lo mais uma vez nesta vida. Mas, vejo que você conseguiu enganar a todos. Ah! E não se atreva a chamar-me de "mãe". Estou divorciada de Kang Jung-mo, então nem sua madrasta sou mais. Na verdade, nem sei se tenho mais filhos, já que Huiju decidiu viver longe daqui e Seong-ju foi uma total decepção ao aceitar que Taeho se tornasse o presidente do grupo Kangho.

O homem a sua frente fechou a cara. Seu rosto era pura raiva incontida. Dava para ver as veias de seu pescoço ficarem mais turgidas, como se fossem explodir pelo ódio ao ouvir o nome de Taeho.

- Aquele bastardo filho da puta conseguiu o que queria.

- Sim! Ele fez todos nós de idiotas. Agora é um dos CEOs mais renomados do mundo.

- Eu vou destruí-lo. Eu juro que vou...

A senhora Jang deu outro sorriso torto e por fim falou:

- Essa aliança é temporária. Não ache que eu passei a gostar de você. Mas, no momento, você é inimigo do meu inimigo, então é meu amigo.

- Sim! Eu sinto o mesmo por ti. Mas, o que você quer através da destruição de Han Taeho?

- Quero destruir Kang Jung-mo.

- Só isso?

- Sim! Não tenho porque lutar por aqueles filhos ingratos. E você? O que você quer?

- Eu quero destruir Taeho e tudo o que ele amar nesta vida.

A senhora Jang ajeitou a bolsa sobre o ombro e olhou para o homem a sua frente.

- Esse é o problema. Han Taeho parece não ter nenhuma ponto fraco. Ele não tem família, há poucos amigos, mas não muito próximos... E...

- E?

- E parece que seu amor por Na Hyewon esfriou.

O homem bateu com o punho sobre a mesa.

- Ele deve ter algum ponto fraco. E nós vamos descobrir.

A mulher assentiu e depois se despediu do homem, tomando seu rumo até a porta. Mas, antes de sair, se virou uma última vez.

- Inha, depois você precisa me contar como forjou seu suicídio...

- Um dia te contarei, senhora Jang. Um dia te contarei tudo.

A mulher partiu.

Inha sentou-se na poltrona giratória e ficou sorrindo abertamente para as paredes, já confabulando formas de fazer Taeho sofrer. Boa parte de suas ideias eram ilógicas, mas ele tinha prazer de imaginar Taeho perdendo tudo e na sarjeta. Havia se passado 3 anos e seu ódio era ainda maior. Sua mente doentia agora só pensava em um único nome, Han Taeho.

...

Notas da autora

Pessoal, não esquece de curtir, comentar e seguir a autora.

Beijos

O Herdeiro Impossível - Fall in loveOnde histórias criam vida. Descubra agora