20.

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Rio de Janeiro.

Gabriel estava na minha sala de estar em completo silêncio e isso deve ter UMA HORA. – você adorou o chão do meu apartamento. – debochei pois ele não para de olhar o chão.

eu me sinto um merda, cara. – ele disse passando a mão no rosto. – tem uma criança vindo ao mundo e eu vou ter uma responsabilidade que eu não estava pronto.
se eu soubesse o dano que tudo isso me causaria não teria feito sexo sem camisinha.

fiz cara de vômito, ele deu detalhes demais. — a criança não tem culpa que vocês dois foram irresponsáveis e não adianta botar a culpa somente nela porque ninguém fez filho sozinha, acho bom você parar de ser egocêntrico e vira homem pra assumir tuas gracinhas. – era o suco da maturidade dizer pro cara que eu tenho sentimentos uma coisa dessas. – estamos falando de UMA VIDA INOCENTE que depende dos futuros pais desde já pra vir ao mundo com saúde.

era pra ser você. – ele falava muita merda e eu me questionava o que vi nele dentro da casa.

o bom senso você esqueceu no confessionário? – eu estava sentada de frente para ele. – você tem que parar de fugir da realidade e parar de fantasiar, querendo ou não, ela foi a mulher que você escolheu em algum momento.
talvez a situação não mudaria se fosse eu no lugar dele, você talvez estaria de sentindo muito pior.

a gente estaria juntos se você não tivesse voltado pro teu ex. – ele insiste nisso.

porra. – suspirei e ele me olhou. – você quer saber o que ele foi fazer comigo na visita? – ele concordou sem abrir a boca e eu encolhi os ombros. – ele foi comigo pra gente poder matar a saudade da nossa filha.

ele abriu a boca com surpresa várias vezes. – você tem uma filha? – perguntou com a voz por um fio e eu suspirei, eu não queria falar disso neste momento mas acho que preciso abrir o jogo com esse cara.

eu e maneirinho temos um rolo há bastante tempo, crescemos praticamente juntos e acabou que eu engravidei dele. – minha filha é quase uma mocinha, muito bonita e doce. – ele começou a estourar ainda mais na música e a equipe dele achou melhor não expor a vida pessoal dele. – a equipe do maneirinho na época fazia uma jogada de marketing podre, não queriam vincular a imaginem dele á um relacionamento sério para que as fãs "safadas" não deixassem de adquirir o trabalho dele. – eu não tinha condições de criar a minha filha e o maneirinho mal podia mandar uma ajuda financeira, eu então acabei mandando ela para morar com a minha mãe.

uau. – ele não esperava tanta informação, essa notícia foi um baque para ele. – mas agora você tem condições e ela continua morando com a sua mãe, tem algum motivo?

ela precisa estudar e eu não quero atrapalhar o ano letivo, nas férias em agosto ela virá para o rio e eu vou resolver esses problemas. – eu e maneirinho estamos conversando bastante como vai ser essa criação, vamos manter a guarda compartilhada mesmo. – ele tentou ir visitá-la antes mas a agenda dele lotou, os únicos dias bateram exatamente com a minha agenda e então fomos juntos. – foram bons momentos – a gente fez um esforço para treinar porque quando ela vier morar no rio, teremos que ser uma família mesmo que não exista mais nenhum relacionamento.

tudo foi um mal entendido? – ele estava em choque naquele momento.

realmente. – brinquei com os anéis que estavam no meu dedo. – eu te mandei mensagem explicando mas você tinha me bloqueado.

errei, fui moleque. – disse me olhando fixamente e eu rolei os olhos. – você aceita um homem com filho?

você aceita uma mulher com filha? – botei a mão na cintura.

éramos dois e de repente somos quatro. – a gente chegou no fundo do poço, estamos fazendo piadas igual anna faria no nosso lugar.

detalhe que nenhum filho é dos dois juntos. – eu e maneirinho batemos muito a cabeça quando se trata da nossa filha, ele é um cara que parece uma criança, ele quer as coisas do jeito dele. – maneirinho vai me ajudar mais financeiramente também, eu não preciso mas ele tem que fazer a parte dele.

eu tenho que fazer a minha parte também mas com a rafa vou estar preso até o fim dos tempo, ela vai querer me controlar através do filho. – ele suspirou passando a mão na barba e eu mordi os lábios, no fundo eu confesso que estou morrendo de ciúmes. – a gente terminou.

terminaram? – ele não citou antes. – que pena. – por dentro estou estourando fogos e tacando pipoca para cima.

somos um romance falido, não me faz bem e não faz bem para ela. – ele resgatou o bom senso. – foi bom por um tempo? foi muito – ele deu um sorriso sem mostrar o dentes – mas se tornou algo tóxico das duas partes, entendeu?
não sei te explicar como as coisas aconteceram
ela me sufoca e eu sou um escroto com ela, achei melhor terminar e não foi abandono
foi cuidado, se a gente continuasse num relacionamento teríamos brigas que poderiam afetar o neném podendo causar até o pior.

vocês vão saber lidar. – eu disse tentando confortar de alguma maneira. – parece assustador mas quando você ouvir o choro do seu bebê pela primeira vez, vai se arrepender de todas as vezes que quis que fosse mentira. – é inexplicável o que um choro pode causar – eu era muito novinha quando tive a minha filha e o maneirinho estava vivendo o auge da carreira dele, estava estourando, a gente teve muito medo mas estamos até hoje tentando ser bons pais para nossa filha. – ela foi criada pela avó mas sempre fomos presentes mandando recados ou outros gestos

qual nome da sua filha? – ele perguntou curiosos

Sophia. – ela era o ser humano mais lindo é bondoso desse mundo, as vezes tenho dúvidas se ela realmente é filha do maneirinho. – um dia quando você quiser conhecer ele, eu apresento vocês.

no programa você não citou nada sobre né? – ele tentou se recordar de algum momento.

eu não queria expor minha filha e não queria que as pessoas usassem ela durante o auge do programa, as pessoas são maldosas e eu não queria ler comentários dizendo que estava usando minha filha pra ganhar o programa – disse expondo o motivo sincero para eu não permitir nem que mandassem a foto dela ou algo relacionado durante as dinâmicas do programa. – ainda diriam que eu estava demonstrando amor por uma filha que nem criada comigo foi.

carrego essa dor e arrependimento comigo.

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