Seus olhos verdes

Capítulo 2: A hipocrisia de ler

04.03.24

Zoe chegou com os cabelos soltos , o que era raro de se ver. Ela deu uma breve olhada para nós e sentou em sua cadeira para deixar seu material.  Meus olhos seguiram todos  seus movimentos  até que cruzaram com seus olhos verdes, desviei rapidamente, mas escutei ela levantar, voltei meus olhos a ela novamente quando veio me abraçar:
— Bom dia Noah - disse ela colocando minha cabeça na sua barriga enquanto suas mãos alisavam meus cabelos
— Bom dia...- suspirei ao sentir o calor do seu corpo
Zoe continuou ali imovel e eu fiz o mesmo:
— Gente,vocês viram a professora colocou um trabalho em dupla pra hoje e data de vencimento e hoje. - resmungou — Ela tá querendo que eu me mate ou o que?- disse num tom de brincadeira
— Vamos fazer em grupo. - disse Emily
Soltei uma risada, enquanto me afastava dos braços de Zoe :
— Real, a professora que nos ferrar bonito. - disse olhando para Emily
— Quem conseguiu ler Frankenstein ?- perguntou Paula enquanto jogava os cabelos cacheados e curtos para atrás do ombro — Meu livro ainda não chegou , então eu estou lendo em PDF.
— Se sabe que a prof não vai aceitar né?- disse me virando para ela
— Eu comprei meu livro, mas a loja tá dando problema e não quer entregar, a culpa é minha? Não. -resmungou Zoe- Se a professora vir me culpar , eu tenho provas e argumentos  contra.- todas riram
— Bom eu não comprei e nem pretendo, - arrumei meu cabelo volumoso e cacheado para trás — E um livro pequeno e simples, não tem porquê.
Foi então que Emily tirou o seu livro da mochila :
—Pra mim, ele não fez muito sentido, não acho que a prova será tão difícil- afirmou enquanto passava os dedos nas páginas com rapidez, fazendo com que elas se movimentam rapidamente
— Somos duas, também não vi nenhum significado na história, embora seja um dos livros mais famosos deste autor.- afirmei
— Já sabemos que estamos ferradas né galera- afirmou Fernanda esticando os braços e colocando a cabeça sobre a mesa 
— Sim -respondemos todas em coro
Depois de alguns minutos de conversa , o professor de matemática, Julius, chegou. Prontamente nos dissipamos cada um para a sua postura de aluno e respondemos seu bom dia como sempre.
Dois períodos com ele, eram meu pesadelo de toda segunda-feira, minha alma já havia desistido da escola e meus neurônios estavam todos fritando — esse deve ser o motivo da minha dor de cabeça—me joguei na cadeira de madeira do refeitório e coloquei  a mão sobre a testa franzida , quando senti uma mão quente no meu ombro:
— Tudo bem aí?- ao abrir os olhos vi Fernanda que me encarava de cima, seus oculos azuis desciam lentamente pelo nariz enquanto ela piscava os olhos castanhos esperando minha resposta
— Sim...- levantei a cabeça e me deparei com todas elas sentadas ao meu redor — Agradeci por ter pelo menos essa pausa de vinte minutos - resmunguei - Eu mereço!
Toda soltaram uma risada sincera como seu eu tivesse falado alguma besteira —me senti uma palhaça por um instante— foi quando Liz Wood —uma verdadeira princesa , devo afirmar—antes de levar seu sanduíche a boca me disse :
— Se você já está assim com duas simples aulas de matemática, espera você descobrir que temos um trabalho de literatura em forma de escrita para hoje- riu e todas concordaram
Meus olhos correram para o de Zoe que estava ao meu lado sentada ,concentrada em celular jogando um tipo corrida e perguntei:
— Já posso me matar? - suspirei
Sem tirar os olhos de seu jogo uma única vez, ele colocou a mão sobre minha coxa e alisou um pouco, antes de bater suavemente duas vezes e dizer:
— Ainda não. Se você morrer , com quem eu discutirei sobre meus livros e séries favoritas? Tenha um pouco de paciência, isso é só o ensino médio- seu jogo parou — Não se esqueça que ainda tem a faculdade.- seus olhos verdes correram em direção ao meu rosto enquanto falava calmamente — Se mata agora não, deixa pra depois, tá?- sorriu
— Certo - a olhei surpresa e ri — Se também que se matar, né?
— É lógico que eu quero, se ainda pergunta. - riu
O sinal da escola não funcionava então nós íamos pela base do nosso celular , A professora Chloe chegou minutos depois. A professora mais interessante e chata que eu conheci na minha vida. Ao chegar e nos declara "bom dia" ela pegou o giz e escreveu uma frase no quadro negro , a principio eu não dei muita bola, pois ela estava na frente. Depois de um pouco conversa com minhas colegas olhei para o quadro e encarei aquela frase: