Giyuu havia enrolado para ir atrás do omega, mas felizmente foi. Afinal, ao chegar no corredor do banheiro viu um alfa dando uma bebida ao ruivo que já estava mais do que bêbado, o sangue do loiro ferveu por ciúmes, se estivesse armado com certeza faria merda ali mesmo, mas se conteve com um soco forte e bem dado. Quando o outro resolveu revidar sem perceber que Giyuu era um lupus, acabou no chão com o alfa sentado sobre ele o socando e logo alguns seguranças os separaram.
Foi um reflexo de puro instinto ao ver Tanjiro desmaiar, se soltou dos seguranças e segurou o omega antes que este caisse. O suborno para os seguranças foi alto ali.
(...)
Giyuu já havia ido e voltado da porta de seu quarto milhares de vezes apenas para ver se o garoto acordou, estava ansioso, não sabia o que falaria, o que faria, o que o ruivo pensaria...
- K-Kanroji - falou assim que a ligação foi atendida.
- O que foi agora Tomioka-san? - ela sabe que quando o alfa a chama pelo sobrenome está realmente desesperado.
- Você pode vir pra cá correndo? - pediu sussurrando.
- Ir aí fazer o que? - perguntou desinteressada ja imaginando o que era.
- O omega... Ele ainda não acordou e eu não faço ideia do que fazer se ele acordar e sair do quarto - falava sussurrando, mesmo que seu escritório fosse bem longe do quarto onde Tanjiro dormia.
- O poderoso Tomioka Giyuu com medo de um simples omega? - a garota gargalhou no telefone - não seja bobo, se quer conquistar esse garoto, parecisa falar com ele! Não vai ganhar nada se ficar só olhando para a cara dele como fez até agora. - o alfa ponderou, ela estava certa.
- Mas eu não sei o que conversar. Que tipo de assunto posso ter? Você sabe que não sou bom em conversar com as pessoas - ele ouviu um suspiro pesado do outro lado da linha e alguns segundos de silêncio, ela parecia estar pensando em algo - Mitsuri? - chamou quando o silêncio começou a se prolongar de mais.
- São oito horas da noite, faça o jantar pra ele, os remédios que deixei vão melhorar a ressaca dele, era um relaxante muscular forte por isso deve ter dormido o dia todo...
- Quer que eu cozinhe? Você sabe que sou um péssimo cozinheiro.
- Exatamente - Giyuu ficou confuso - ele vai ficar com dó e querer fazer algo pra você, porque é o que a personalidade dele passou para mim até agora - Giyuu riu e se agradeceu mentalmente por ter contratado uma grande behaviorista mesmo com todos dizendo que seria perda de dinheiro - faça um café primeiro pra ajudar ele a acordar direito e depois comece a janta, de o seu melhor como se realmente quisesse impressiona-lo, o resto é com ele, vai dar tudo certo.
Giyuu sorriu quando ela desligou na cara dele e suspirou. Em sua vida nunca havia permitido a aproximação tão íntima de ninguém por puro receio de perder a pessoa. Mas aquele omega, o mesmo de quando teve aquela miragem no hospital, foi o único pelo qual ele se manteve vivo todos esses anos, mesmo com muitos pensamentos... Suicidas.
Estava na cozinha, o cheiro do café na cafeteria elétrica se misturava aos seus próprios feromonios. Já viram um alfa lupus com medo de fritura? Giyuu tentava jogar o karaage no óleo quente de longe, fazendo uma grande bagunça e com medo do quanto estava espirrando, até se desesperar por não conseguir se aproximar do fogo para tirar os pedaços de frango do óleo com medo de espirrar nele.
- Tomioka-san? - o alfa deu um pulo se virando e viu Tanjiro encostado na porta da cozinha coçando um dos olhos, cabelo todo bagunçado com sua camisa, uma calça moletom também muito larga e meias.
- O-ohayo! - falou rápido - kombanwa! - se corrigiu.
- Acho que está queimando - o omega apontou para a panela. Giyuu ficou estático, não podia demonstrar fraqueza naquele momento, precisava mostrar àquele omega que ele é um alfa forte, então...
- Está espirrando demais - falou baixo e corado, desviando o olhar irritado consigo mesmo, se perguntando o que o omega pensaria...Foi quando percebeu a risada do ruivo que apenas pegou a escumadeira da mão do loiro que gelou com o toque do ruivo e viu o mesmo se aproximar da panela tranquilamente, desligar o fogo e tirar os pedaços de frango que já estavam quase pretos de dentro da panela os colocando no prato ao lado.
- Acho que queimaram um pouquinho - sorriu se virando para Giyuu que corou mais.
- Ah... É que... Eu não sei cozinhar, mas... Queria fazer algo pra você - realmente não sabe conversar, sempre acaba sendo direto demais.
- Pra mim? Não precisava se preocupar! - disse corado empurrando a panela de óleo para a boca de trás do fogão para tirá-la da ponta e evitar "desastres".
- É, mas... Achei que fosse acordar com fome então ia deixar a comida pronta pra voce. - Tanjiro o olhou encantado, pensando em como ele é tão fofo.
- Onde está Kanroji-san?
- Huh? Na casa dela - falou como se fosse obvio.
- Ah é, vocês não namoram... - Tanjiro se virou de costas para o loiro, de frente para o fogão escondendo o rosto corado com o cabelo borgonha - posso... cozinhar pra você? - perguntou baixo sem olha-lo.
- P-Pode! Se você quiser... - "exatamente como aquela maluca falou! Arigato Mitsuri." Pensava enquanto comemorava internamente.
- O que você gosta? - se virou para Giyuu.
- Salmão com nabo! - respondeu rápido e o ruivo sorriu.
- Só isso? - perguntou rindo - ok, posso pensar fazer isso - o omega olhou em volta pela cozinha pensando nos ingredientes - você tem o salmão e o nabo? - o alfa mordeu o lábio inferior, ele nem cozinha em casa, sempre acaba comendo para a rua, o que tinha em casa ele queimou tentando fritar.
- Podemos ir comprar! - falou com certo desespero, queria prolongar o momento com o ruivo o máximo que conseguisse.
- São nove horas da noite Tomioka-san - falou olhando o relógio.
- Podemos ir ao mercado vinte e quatro horas de Yokohama - o ruivo o olhou surpreso e começou a gargalhar.
- O que?! É a meia hora de Tokyo até lá!
- Amanhã é domingo, não trabalhamos, então não tem problema se voltar-mos tarde - Giyuu deu de ombros - a não ser que você tenha que trabalhar ou... Talvez esteja cansado e queira ir embora... - Tanjiro pensou e ponderou cruzando os braços, olhou o alfa de cima a baixo disfarçando o suspiro, ele vestia um conjunto moletom azul marinho e seu cabelo estava solto. Estava derretido por esse alfa, praticamente teve um coma alcoólico na balada e aparentemente ele cuidou do omega.
- S-só uma pergunta antes! - falou corado.
- Claro.
- Quem trocou minhas roupas? - perguntou apreensivo.
- Ah, foi a Mitsuri, não se preocupe, eu só te coloquei na banheira com roupa e tudo, ela se virou depois - ergueu as mãos mostrando inocência.
- Me colocou na banheira com roupa? - ele passou rindo pelo alfa que o seguiu com os olhos confuso - vamos, você pode me contar as merdas que fiz na noite passada na estrada. - ia saindo pela porta da cozinha, mas voltou rápido - você viu meu celular?
- A-Acho que não tirei do carro...
[...]
Talvez se Tanjiro pudesse voltar ao passado, daria um soco em si mesmo e preferiria não saber o que aconteceu na noite anterior. Giyuu é extremamente direto e explícito com as palavras, e saber que tentou agarra-lo de todas as formas dizendo o quanto o alfa era bonito e seu cheiro era bom e que queria sentir o cheiro de perto foi uma tortura constante que resultou no omega tampando o rosto pela viagem toda completamente corado.
O celular realmente estava no carro, no banco de trás, com algumas mensagens de irmã mais nova, ele as respondeu apenas para que ela não se preocupasse e voltou a atenção para a estrada completamente constrangido.
No mercado, Tanjiro colocou no carrinho os ingredientes do prato pedido, não se importou muito com o preço, pois pelo que percebeu da casa do moreno, a Porsche que os levou até ali, e o fato de ser dono de um império, dinheiro é claramente a última preocupação do alfa.
O caminho de volta teve mais risadas e o alfa até tentava ser mais amigavel e sorridente, mas estava sendo uma tarefa difícil, já que seus receios para com o ruivo continuavam em sua cabeça.
[...]
Tanjiro andava de um lado para o outro na cozinha, colocando os nabos para cozinhar, em outra panela virava o salmão para grelhar e sempre de olho no gohan para não passar do ponto. Giyuu apenas observava sentado na banqueta do balcão, hipnotizado em como o ruivo temperava tudo e provava as coisas de tempos em tempos se certificando de que estava ficando bom. Já passavam da uma da madrugada, Giyuu resolveu enrolar na viagem de ida e volta numa velocidade um pouco baixa, querendo prolongar aquele momento que está tendo com o omega depois de um mês apenas o observando na cafeteria.
Ergueu o tronco ao ver o ruivo arrumando a mesa e colocando as coisas sobre ela, o cheiro estava definitivamente maravilhoso e só a aparência da comida dava água na boca do alfa.
- Pronto - disse corado parado de pé ao lado da mesa com os dedos entrelaçados na frente do peito - desculpa demorar - olhou para o relogio.
- Gostei de ter demorado - falou indo se sentar a mesa e Tanjiro se sentou também com o olhar baixo.
- Espero que goste - Giyuu estava ansioso, viu o ruivo pegar a tigela, colocou gohan, um ovo cozido, as os nabos, salmão e alguns pedaços de tofu, já entregando ao loiro.
- Itadakimasu - o alfa sussurrou e pegou uma nabo com o hashi o levando até a boca - oishi!
O ruivo sorriu ao ouvir o sussurrou e passou a comer calmamente observando Giyuu vez ou outra pelo canto do olho. Se perdeu enquanto observava o alfa comer rápido se sujando um pouco e parecendo realmente se deliciar com a refeição.
- Você deveria sorrir mais - Tanjiro disse com um grande sorriso encantado com o do alfa.
- O que? - o olhou corado com as bochechas cheias de comida, tirando uma risada do menor.
- Posso cozinhar pra você sempre que quiser - falou rezando para que Giyuu não tivesse entendido sua primeira frase.
- Sua comida... me lembrou minha irmã - disse com um sorriso triste enquanto olhava para as tigelas - tem exatamente o mesmo gosto...
- Jura? - Tanjiro o olhou surpreso e sorriu - fico feliz que tenha gostado tanto assim.
Eles até conversaram bastante, até mesmo sobre a irmã de Giyuu, mas sem muitos detalhes. Tanjiro ficou surpreso consigo mesmo, pois também achou a comida muito boa. Conseguiu míseras informações sobre o alfa, já o ruivo, parecia um livro aberto falando da familia, os irmãos, sua irmã mais nova, como era difícil estar longe de casa, que veio para Tokyo atrás de uma vida melhor e manda dinheiro para a irmã, a maioria das coisas Giyuu já sabia por ter levantado toda a ficha do garoto, mas o ouviu atentamente, pois algo que não dá pra saber pelas fichas, são os sentimentos e as expressões corporais do garoto falando sobre a própria vida.
Quando terminaram de comer, Tanjiro ia lavar a louça, mas Giyuu se recusou a deixar e ele mesmo foi lavar, já Tanjiro estava apoiado ao lado dele com um pano de prato secando a louça que ele lavava, ambos conversavam e a conversa fluía boa somente por causa do omega, já que Giyuu muitas vezes acabava ficando quieto demais.
E que conforme o moreno ia conhecendo mais e mais do ruivo, mais ele se apaixonava, mais ele o queria para si e mesmo que em alguns momentos o ruivo também parecesse querer isso, outros momentos parecia ser apenas um garoto inocente agradecendo por ter sido cuidado por ele.
Ja Tanjiro não conseguia parar de tagarelar pelo nervosismo que sentia ao estar tanto tempo perto do alfa. Naquele meio tempo ele concluiu suas suspeitas de que ele era um lupus apenas por seus feromonios que ficaram fortes naquela cozinha fechada causando até um certo sufoco no ruivo que, na verdade, gostou muito, porém vez ou outra se sentia um tanto excitado e usava todo seu auto controle para não deixar escapar nenhum feromonios atrativo por medo do alfa achar que ele é um aproveitador que quer o dinheiro do moreno.
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Untouchable
FanficIntocável. O que acontece quando um alfa perigoso se apaixona por um omega doce? Insuportavel. Tomioka Giyuu perdeu todas as pessoas importantes de sua vida e não cometeria o mesmo erro novamente.