Em(Oceans)

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Em(Oceans) - Lauren Jauregui

POV SAM

-Me parece que a senhorita não possui capacidade suficiente para se tornar responsável por um investimento tão grande. - Aquela era a terceira vez que ele se atreve a falar comigo nesse tom, e minha paciência que andava por um fio a muitos dias, arrebenta.

-Eu não preciso do seu investimento, queira por gentileza se retirar. - Digo, sem tempo para dar a ele explicações sobre o erro que ele havia cometido naquele momento.

-Eu escolho quando sair, não você. - Sua resposta desperta minha raiva. -Tenho direito de questionar sua capacidade se não apresenta resultados.

-Sua ignorância para uma reunião como essa me impede de continuar explicando ao senhor o básico sobre investimentos. - Me aproximo do telefone fixo sobre a mesa de reuniões e disco o ramal da minha secretária. -Chame os seguranças por favor. 

De repente seus protestos ficam cada vez mais longe de mim, e pouco ouço eles depois que a porta é fechada. A reunião segue em um clima muito mais ameno depois que ele sai, mas não é o bastante para me tranquilizar.

O estresse inevitável na empresa só faz com que  precisasse mais dela. Nos últimos dias pensava em Kornkamon como nunca antes, parece que ela não tinha sido a única a perder, visto que eu não conseguia mais ter controle de meus próprios pensamentos e desejos.

As coisas com Kirk estavam do mesmo jeito, exceto pelo fato de que estávamos transando com mais frequência por insistência minha na miserável e falha intenção de saciar desejos que ele não era o responsável por despertar. Mas eu ignoro todos os sinais, todos os avisos e todos os impulsos que me levam a ter atitudes assim, irracionais demais para dar importância.  O comodismo de nossa relação me permitia agir assim, somos casados afinal, então transar não é algo inapropriado para nós, nem mesmo é motivo para questionamentos, e nisso Kirk sabe ser compreensivo. Ainda que eu note seu cansaço e que tudo pareça monótono para ele, eu consigo fazê-lo ceder as minhas vontades de modo que em certo ponto ele também sinte prazer. Mas nada disso parece diminuir meu desejo, nem amenizar a saudade que inevitavelmente sinto dela.

E mais uma vez me coloco em uma posição desconfortável, primeiro porque insisto em não sentir o que sinto, segundo porque mesmo evitando tudo vem à tona em algum momento do meu dia, terceiro porque sou casada com alguém que me ama apesar de suas puladas de cerca que eu sei - bem lá no fundo- que ele dá, e quarto, bom, quarto porque eu não precisava dividi-lo com ninguém. Ele me queria e isso deveria bastar para mim. Mas não bastava.

Isso tudo não é o suficiente para me fazer voltar atrás, mudar de ideia. E eu apenas mantenho todos os questionamentos que ela me despertou escondidos em algum lugar da minha mente enquanto sigo com a vida que passei anos construindo em bases sólidas.

-Acho que não tem mais nenhum prato nesse lugar que a gente não tenha provado. - Kirk fecha o cardápio e o coloca sobre a mesa, encolhendo e relaxando os ombros.

É um lugar bonito, o restaurante, e era uma tradição que viessemos aqui em todas as vezes que completavamos mais um ano juntos, por ter sido o estabelecimento palco do primeiro encontro oficial numa tentativa de Kirk me impressionar, antes de descobrir que não era necessário já que nossos destinos já haviam sido ligados por algo mais forte além da amizade que tínhamos: laços de famílias ricas que buscavam manter seu patrimônio cada vez mais crescente.

-Nós vamos querer a sugestão do chef. - Digo, entregando o cardápio ao garçom que espera ao lado da mesa. Balanço a cabeça em um silencioso pedido para que ele desconsidere o comentário do meu marido, e o rapaz apenas acena a cabeça de maneira educada e nos deixa sozinhos. -Você é ridículo.

Beije-os até que eu mude de ideiaOnde histórias criam vida. Descubra agora