Easy ( Epílogo)

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Easy - Camila Cabello

Epílogo

Os raios preguiçosos do sol naquele horário se atrevem a escapar pelas brechas da cortina do quarto de Sam e formar faixas luminosas que refletem na pele exposta das suas costas. Pele essa que está, Mon pode ver nas partes iluminadas, marcada pela noite de ontem, por unhas e dentes, formando linhas que ela traça com a ponta do dedo em traços suaves, sem perturbar o sono de Sam.

O cabelo da empresária se espalha pelo travesseiro enquanto ela deita de bruços, e Mon não resiste a beijar a nuca dela que se expõe naquela posição. Sam move uma das pernas, e seu corpo volta à inércia, à paz do sono que o esgotamento da noite anterior exige. As digitais de Mon ainda deslizam pela pele macia quando ela se vê hipnotizada pelo momento que vive, ao mesmo tempo tão desesperador e tranquilizante.

Sua vida e a maneira como escolheu vive-la sempre havia lhe concedido um tipo confortante de liberdade: a de entrar e sair de qualquer situação que desejasse, a hora que bem entendesse, assim que julgasse que não era mais seguro para ela continuar. Mas Sam a havia envolvido em um feitiço, e ela se sentia presa em um labirinto cujas paredes eram feitas de enormes cercas vivas floridas, a beleza das flores a distraindo da prisão na qual se encontrava. No entanto, era em momentos assim que tudo parecia menos uma prisão, e mais um abrigo seguro e inviolável: as coisas que Sam estava permitindo que ela sentisse lhe davam coragem para se permitir entrar naquilo (que, como tudo o que ela fazia, era imperfeito, mas como tudo que Sam fazia, era belo) de cabeça, sem o pé que geralmente mantinha atrás de si a todo momento.

-Oi. - Sam cruza os braços sob a cabeça quando vira o rosto para Mon, as pálpebras piscando preguiçosamente quando ela olha para a morena, escondendo um sorriso atrás de sua mão. Mon cessa os movimentos de seus dedos, toda a atenção dirigida para os olhos de jabuticaba em sua direção.

-Oi. - Se erguendo com os braços em um movimento igualmente preguiçoso, ela ouve Sam rir quando passa uma de suas pernas sobre as costas da empresária, sentando-se sobre ela, e leva as mãos aos ombros da mulher.

Sam geme em aprovação quando os músculos, fadigados pela tensão e esforço da noite anterior, são afagados pelos dedos de Mon, o misto da sensação gostosa com o sono que ainda pesa seus olhos.

-Como dormiu?

-Bem, como um bebê. - Sam murmura, embora a declaração seja contraditória se levado em conta tudo o que aconteceu na noite passada. Mas ela sentia que os eventos, por mais exigentes que houvessem sido, aconteceram como todas as coisas necessárias, e tinham sim um propósito: era um passo a mais para encontrar sua paz com tudo o que estava vivendo no momento.

O sorriso se abre ainda mais quando a boca de Mon encontra sua nuca, quente e suave como a manhã lá fora, em um beijo que acorda lentamente cada parte do seu corpo com arrepios sutis, e se ergue nos cotovelos, o corpo encontrando o de Mon que o abraça como um cobertor agradável.

-Você não cansa?

-De você? - Os beijos se estendem até o maxilar de Sam, a respiração quente da Mon em seu ouvido a despertando mais que qualquer raio de sol ou dose de cafeína. Sua mão direita se aventura por baixo do corpo de Sam e segura um dos seus seios, fazendo-a morder os lábios ávidos, porém completamente ignorados pelos de Mon em sua jornada. - Seria um pecado mortal.

-Como se eu fosse uma divindade? - Sam se vira para estar de frente para Mon, que olha para baixo ao ouvir aquelas palavras. Com a visão do corpo despido de Sam, envolto pelos lençóis brancos da cama, é impossível não concordar com o que ela diz.

Beije-os até que eu mude de ideiaOnde histórias criam vida. Descubra agora