Expectations

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Expectations - Lauren Jauregui

POV SAM

Meu escritório era como um santuário, era onde me sentia segura, confortável e completa. Embora vez ou outra fosse palco para uma discussão ou farpas trocadas sutilmente, ainda assim, soava estranhamente confortável e familiar.

O silêncio do ambiente me permite descansar o barulho em minha mente conturbada, mas isso se desfaz tão rápido que noto o suspirar pesado de meu pulmão ao ouvir a porta pesada se abrir.

- Ainda trabalhando. -  A voz familiar enche o lugar vazio com seu eco juntamente com o barulho dos sapatos sociais contra o chão quando ele anda. - Dispensei sua secretária. - Ele diz se aproximando, e só então observo que o dia já deu espaço para a noite cinzenta de Manhattan. - Vamos para casa.

- Aparentemente não tenho escolha. - Respondo em um tom suave, mas ele sabe que estou silenciosamente protestando, gosto de trabalhar durante a noite porque é quando fico mais produtiva. E isso certamente se dá pelo fato de que tenho poucas interrupções nesse horário.

- Você já não tem mais vinte anos, Sam. Sua empresa é consolidada e seu nome é tão forte que atravessa oceanos. - Ele suspira cansado ao me observar regeitar seus conselhos, ele me lê tão facilmente que apenas os anos de relação que possuímos explica.

- Tudo isso só se mantém porque estou aqui, fazendo o que ninguém pode fazer por mim. - Agarro minha bolsa e meu óculos de sol, meu celular que já estava dentro da bolsa vibra e alcanço o aparelho para atender enquanto Kirk revira os olhos nos conduzindo até o elevador.

Nossos passos se dão em silêncio até que entramos dentro de casa, passei boa parte do caminho colocando as mensagens em dia enquanto ele parecia descansar o corpo após uma longa viagem.

Kirk havia chegado de Madrid a poucas horas, mas sua presença faz com que eu me sinta menos confortável dentro da minha própria casa. Suas mãos encontram minha cintura, sobre a toalha que me envolve, quando ele entra no quarto e me vê observando o closet decidindo o que vestiria. Um beijo repousa na minha bochecha, mas isso é tudo que recebo dele naquele momento, porque qualquer coisa além seria à parte de sua rotina. E ele odiava ter sua rotina modificada.

Depois de me dirigir um breve sorriso, ele caminha para o banheiro que eu ocupava poucos segundos atrás.

- Como foi sua viagem? - Pergunto, encostando meu ombro no batente da porta, olhando-o se despir completamente.

-Foi boa, mas cansativa como de costume. -Me olha sobre o ombro e entra debaixo da água quente, e por um breve momento o pensamento em torno do desejo de outro banho me invade, mas se esvai na mesma velocidade em que veio à tona. - Eu realmente não quero mais ouvir falar de trabalho pelo fim de semana. -Suas palavras me incomodam, afinal era um dos poucos assuntos que conseguíamos prolongar por mais do que dois minutos. Mas aceito porque,  afinal, ambos merecíamos um descanso.

- O que quer para o jantar?

- Qualquer coisa me parece bom. - Ele se vira na minha direção, e seu corpo inteiro me prende por um segundo antes que a decisão de deixá-lo tomar seu banho se concretiza.

Sua incerteza se enlaça na minha, por mim sequer jantariamos, mas sei que ele sente fome ao chegar de viagem e então opto pelo que sei que ele gosta de comer, e peço uma pizza para mim.

E assim, eu me vejo inclinada e abraçada a uma sucessão habitual de eventos rotineiros de quando Kirk está em casa. Não era por completo ruim, mas estava longe de ser perfeita. O jantar chega, a louça é abandonada ainda na bancada, o nossos passos lentos e atrapalhados nos levam até nosso quarto. O sexo é confortável, básico, comum. Mas preciso admitir que estou tão acostumada com ele, quanto ele comigo, e isso não me incomoda como deveria depois de anos de casada. Pelo contrário, o que me deixava inquieta era ter que lidar com os dias em que ele estava longe, porque era solitário demais todos aqueles dias em que eu trocava duas mensagens com ele e depois apenas esperava seu retorno. E era por isso que inevitavelmente, mesmo diante do comodismo durante o sexo, eu me pegava cravando as unhas em suas costas.

Beije-os até que eu mude de ideiaOnde histórias criam vida. Descubra agora