Aconteceu

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Crowley era um destaque. Ele era um demônio diferente do inferno, anteriormente um anjo do mais alto nível no céu. Ele tinha suas próprias regras, seu lado e foi isso que o destacou. Como anjo, ele concordou com o céu tanto quanto pôde, e como demônio, concordou com o inferno tanto quanto pôde.

Um dos momentos especiais que fez Aziraphale perceber isso foi durante o dilúvio. Ambos estavam na área designada para o unicórnio fugitivo, mas Crowley havia desaparecido antes do início da tempestade e estava preocupando o anjo.

Quando Aziraphale saiu para procurá-lo, o demônio voltou com uma jarra de barro contendo cinco grilos.

- O que é isso, Crowley?

- Eu não ia deixar isso acontecer. - ele diz e se abaixa, tirando grilo por grilo e colocando-os em cima do feno.

- Isso o quê? - Crowley se afastou e estalou os dedos. Os grilos anteriores agora se tornaram 5 crianças. - Meu Deus..

- Eu não ia deixar Deus matar essas crianças.

As crianças ficaram aliviadas por terem sido salvas, mas tristes porque as suas famílias não tiveram a mesma sorte. Na verdade, Crowley era um demônio único e não merecia esse título.


...


A vida em South Downs era diferente. O rouxinol não cantava, a felicidade não era o sentimento mais poderoso naquele lugar. Aziraphale continuou sua rotina, mas agora dormia em um quarto e Crowley, que continuava seu trabalho, dormia no quarto de hóspedes.

O anjo ainda não teve coragem de dizer nada ao demônio, a não ser que fosse necessário. O cheiro de Aziraphale era diferente, não uma diferença ruim, mas uma diferença estranhamente nova; um cheiro que Crowley nunca sentiu em seu ômega. Aziraphale não percebeu, então quem era Crowley para lhe dizer que algo estava errado.

O demônio trabalhava o tempo todo para manter sua mente ocupada, sua vida agora estava vazia já que era sempre ele e Aziraphale. Bentley também estava chateado com ele, quebrando ruidosamente no meio da estrada todos os dias, atrasando as tentações. Ao chegar na cidade grande, o carro desligava e não dava partida novamente, fazendo Crowley caminhar ou pegar o ônibus a cada tentação.

Depois de três dias, ao descobrir sobre os falsos supressores, Aziraphale sentiu-se cada vez mais cansado. E depois de brigar com Crowley, ele não pôde fazer outra coisa senão fazer um milagre para que tudo ficasse pronto, a casa e a comida, e ele foi dormir.

Crowley chegou do trabalho irritado com Bentley e entrou em casa batendo a porta com força fazendo as paredes tremerem, mas sua raiva se dissipou assim que ele não encontrou seu anjo. Aziraphale estava chateado com ele, mas o demônio não conseguia parar de se preocupar com o bem-estar de seu anjo. A casa estava escura, organizada e o jantar feito, mas cadê o seu ômega?

O demônio subiu e entrou em seu quarto onde não entrava há tantos dias e encontrou Aziraphale deitado cobrindo o rosto com uma das mãos. Sentou-se ao lado dele e colocou a mão na testa do ômega, sentindo a temperatura que parecia normal.

- Anjo.. - ele o chamou e viu Aziraphale abrir lentamente os olhos e olhar para ele.

- Saia daqui Crowley...

- Você está bem? Você está se sentindo bem? - o anjo olhou para ele em silêncio. - Apenas me responda isso, por favor.

- Estou bem. Agora vá embora. - Ele diz, fechando os olhos novamente.

- Por que não saímos para jantar? Naquele restaurante que você adora.

- Não estou com fome e não quero sair da cama. Trabalhei muito hoje, estou cansado.

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