Toji.

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— Não e depois vocês querem falar de mim, olha só pra você Max!!! – Minha amiga está ignorando meus protestos e as risadas de Sam — Que isso minha filha entrou em uma briga??

— Se as paredes daquele quarto soubessem falar vocês saberiam exatamente a “briga” que eu entrei

— Credo, vocês dois estavam na vontade a tempos não foi??

— Verdade, por que você e o Higuruma nunca tiveram nada antes da caçada, max?

— Ah… não sei ao certo – A morena se embola e parece querer fugir com a minha pergunta

— Deus, ela gosta dele

— O que?? Não! Não é nada disso Sam sua fuxiqueira

— Você acabou de se entregar, gata

— Argh eu odeio vocês duas, odeio! – Ela ralha revirando os olhos e se entregando às risadas junto com a gente — Hoje a noite tá confirmado?

— Ah eu não vou, tenho compromisso em Invictus – Sam nega

— Parece que seremos apenas nós duas Max

— Legal, como nos velhos tempos

Uma pessoa que viveu a maioria dos seus anos de vida sendo reprimida tem medo que as coisas voltem a ser como antes. Eu tinha medo de cair em uma prisão novamente, fugir do que deveria ser minha família foi o meu ingresso vip para minha tão sonhada liberdade. Demorei a entender que o mundo não era como ele me foi apresentado, que eu apenas me pertencia e que eu era dona de mim mesma. Foi um processo lento e doloroso, porém necessário. Não seria a mulher que sou hoje se a adolescente que fui não tivesse fugindo apenas com uma passagem de ônibus no bolso. E eu sou grata a ela.

Ao conhecer Invictus também tive medo, medo que aquilo também fosse me prender. Que o ciclo se repetiria e que estava apenas me deixando iludir pelas promessas que a mulher me fez quando me tirou das ruas. Mas as coisas eram bem diferentes por aqui, eu podia escolher estar aqui ou não. Nada acontecia sem meu consentimento e vontade, isso não era uma nova prisão mas um pedaço da minha liberdade.

Aproveitei tudo que não pude desde a adolescência. Viajei para lugares que apenas sonhava, comi coisas que nem sabia o nome e beijei várias bocas por aí. A parte que eu mais gostava era de ir dançar em uma boate aleatória sem ligação com invictus, ali eu era apenas a adolescente sonhadora que um dia teve suas esperanças acesas novamente.

Uma das coisas que eu não queria, depois que tomei as rédeas da vida, era entrar em um relacionamento. Invictus me deu o que precisava, me relacionava com quem sentisse vontade mas sem compromisso a longo prazo. Não queria estar presa a nada nem a ninguém, por mais que soasse um pouco arrogante da minha parte. Queria aproveitar ao máximo toda liberdade que me era permitida. Mas hoje, aqui na balada que costumo vir às vezes, não sinto vontade de estar com ninguém.

Mesmo com um contrato assinado onde prometi exclusividade temporária a cinco caras, não tenho disposição nem para retribuir os olhares lascivos que são lançados em minha direção. Sou uma mulher que gosta de flertar, mas as únicas pessoas com quem quero flertar e estar intimamente são as mesmas que estão ligadas por um acordo a mim. Me sinto estranha por chegar a conclusão que não desejo ninguém além deles e se eu continuar assim depois do nosso acordo chegar ao fim eu vou estar muito ferrada. Isso me preocupa.

Enquanto movimento meu corpo no ritmo da música e bebo ainda mais bebidas, deixo minha mente vagar entre meus desejos envolvendo meus parceiros. Uma leve irritação toma conta de meu ser quando imagino eles com outras depois de encerrar comigo. Não gosto disso. Não gosto da ideia e não gosto da forma que reajo a uma situação hipotética. Não gosto também de como meu coração parece querer pular quando visualizo a mensagem de um deles que acabou de chegar.

The Game - Jujutsu KaisenOnde histórias criam vida. Descubra agora