“Há mendicância no amor que pode ser considerada”
– William Shakespeare
— Temos uma audiência amanhã.
O som do líquido sendo derramado ecoou alto dentro da vasta câmara, depois do gelo. Um, dois, três... Exatamente como gosto do meu uísque. Meia dose com três cubos de gelo.
Tinha gosto de fogo frio, líquido, nevado e amargo enquanto descia pela minha garganta, deixando um rastro de fogo.
— Você contatou nosso advogado? — minha voz era estranha aos meus ouvidos. Parecia terrivelmente vazia, como um eco esquecido reverberando pelo meu corpo.
— Sim — uma cadeira foi puxada, outro copo foi servido. Quando ele começou a beber uísque? Achei que ele preferia vinho?
— Não há absolutamente nenhum dado além do uso de combustível. Eles não conseguem nem descobrir a distância que o caminhão pode ter percorrido. Quem fez isso é um mestre em planejamento.
— Como você sabe que é um 'é'? — tomei outro gole, a queimação era calmante. — Como você tem certeza de que não é um 'era'?
Um momento de silêncio se passou antes que ele falasse.
— Poderia ser um 'era', mas meu instinto está me dizendo que é um 'é'. Sinto muito, é apenas uma bobagem—
— Você sabe qual é a lição mais valiosa que aprendi depois de ficar cego, Archer?
Ele tomou um gole, permanecendo em silêncio.
— Nunca desconsiderar os instintos. É uma ferramenta importante para a sobrevivência, especialmente quando não temos qualquer pista que possa estar lá. Seu instinto diz que a pessoa que pode ter se envolvido no acidente ainda pode estar viva. Existe uma possibilidade e enquanto houver uma chance percentual de que ele esteja vivo, ainda há uma chance de que ele esteja vivo.
— Como você sabe que é ele?
Eu sorri, tomando outro gole.
— Instinto.
Um suspiro alto ressoou pela câmara.
— Vamos pensar por um momento que essa pessoa ainda está viva, o motorista do caminhão, e está de alguma forma envolvido com o acidente, ele definitivamente deveria saber onde estamos e o que estamos fazendo.
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𝐈𝐧𝐝𝐨𝐦𝐢𝐭𝐮𝐬 | +𝟏𝟖
Romance| D A R K R O M A N C E | + 18 | Um homem cego é designado para uma enfermeira ninfomaníaca. Após perder a visão em um acidente, 𝗔𝗿𝗲𝘀 se distancia de todos. A vida já não é mais a mesma, as cores e alegrias se tornaram um borrão preto que Ares...