O Ego Ferido

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Acordei com a cabeça leve, e o corpo mais leve ainda. Sentia tudo o que houve desde sexta bem distante, como se tivesse acontecido a outra pessoa. Foi tudo tão fora do comum, tanta coisa pra processar. Mas apesar disso, sentia uma letargia gostosinha.

Normalmente Jana me fazia companhia quando não estava de plantão. Era enfermeira no hospital municipal e me contava de todas as fofocas do trabalho enquanto eu lavava a louça do café. Mesmo amando sua presença, uma manhã de domingo preguiçosa acompanhada por um capuchino instantâneo estava de bom tamanho.

Ao sentar na varanda sozinha, repassei mentalmente os acontecimentos

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Ao sentar na varanda sozinha, repassei mentalmente os acontecimentos.

Dentre todas as minhas escolhas, eu sempre fizera aquilo que esperavam de mim. E eu, sempre fui pelo caminho certo. A questão é que eu sempre assumira o que era certo. Já era hora de encontrar o que era certo pra mim.

Pensei em Matias. Ele me reivindicara como amiga sem pedir nada em troca e sem garantia de que o sentimento era recíproco.

O rapaz era tão enérgico, pra frente e desavergonhado, como poderia ser irmão do Enzo? Eu sabia que havia ali uma diferença de idade.

Só o nome dele ja soava mais imponente, ainda era tao simpático quando o mais novo, porém, era mais reservado. Agora sabendo que eram irmãos, eu não podia deixar de me perguntar porque tinham aparência tão distinta. Genética é uma coisa engraçada.

O cheiro de Enzo era algo amadeirado, suave, quase clássico, eu diria. Provavelmente resultado do seu cheiro natural.

Já Matias tinha um perfume cítrico, vibrante. Também masculino, porém mais projetado e marcante. 

Os dois muito atraentes à sua própria maneira. Dois sabores..

Nossa, precisava de um banho. Já não era o suficiente lidar com Matias, sendo uma provocação ambulante, a ideia de ter Enzo por perto era enlouquecedora.

Enquanto a água caia pelo meu corpo, minha pele reagia onde os lábios de Enzo haviam passado. A lembrança da sensação me aqueceu o interior.

Lembrei do sorriso dele, de como me senti vista naquela noite, e de como ele me confortou com aquelas besteirinhas. Meu coração se aquecia toda vez que a lembrança atravessava minha mente. Me senti segura, e entregue a ele. Diferente de como me sentia com Matias. Com este eu não sabia bem como me comportar. Ele parecia.. imprevisivel? Quer dizer, eu admirava isso, é óbvio. Mas sua presença me exigia estado de alerta. Não no mal sentido.

Enfiei a cabeca no chuveiro. Minha cabeça estava a mil. Claro que Matias seria meu amigo, mas sejamos honestos, se ele me quisesse, assim como eu o queria, eu seria sua sem pensar duas vezes.

Contudo, se isso significasse perder qualquer chance de provar do Enzo de novo, eu ja não consigo dizer se vale o risco.

A verdade é que o que houve com o Enzo foi uma delícia. Eu queria sentir seus beijos mais uma vez. Mas era cedo demais pra me privar de um ou pra me arriscar com o outro. É claro que qualquer passo em direção a um, era necessariamente um passo pra longe do outro.

PRETENDER - Enzo Vogrincic & Matias RecaltOnde histórias criam vida. Descubra agora