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MARIA'S POINT OF VIEW aeroporto de guarulhos 2 de dezembro, 9 p

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MARIA'S POINT OF VIEW
aeroporto de guarulhos
2 de dezembro, 9 p.m

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O RUÍDO insistente do meu fone ecoava nos meus ouvidos, abafando todos os sons ao redor. O vento gélido arrepiava os meus pelos, enquanto a ansiedade apertava meu coração.

Um turbilhão de perguntas sem resposta ecoava na minha mente. Um mês longe de casa, distante da minha família, dos meus amigos. Estou aprendendo a viver novamente, sem eles ao meu lado.

Acomodei-me mais uma vez no banco de ferro, apoiando os pés sobre as malas. Não havia sinal do meu primo, e a exaustão já era tamanha que eu poderia adormecer ali mesmo, sentada.

Liguei para ele várias vezes, mas não obtive resposta; provavelmente está dirigindo. Durante esses quarenta minutos de espera, fiz diversas coisas: assisti a inúmeros vídeos no TikTok, acompanhei um episódio da minha série favorita e agora estou ouvindo música.

Sim, estou muito entediada.

Uma figura vestida com moletom, chinelos nos pés e um boné preto na cabeça se aproximou, os olhos semi-cerrados denotando uma expressão sonolenta. Não poderia ser outra pessoa senão Gabriel. Finalmente! Depois de tanto tempo.

Ele me avistou e acenou de longe, e eu retribuí o gesto ao me levantar do banco.

— Garota, você não para de crescer. Porra, já tô me sentindo um idoso. — Ele reclamou, com uma expressão engraçada, antes de me envolver em um abraço caloroso.

Gabriel foi o primeiro prodígio da família. Sendo inteligente? Claro que não! Simplesmente foi o único a se tornar rico, a ter de fato um bom rendimento. E também foi o único a se tornar famoso.

Minha avó custa a acreditar até hoje que o moleque que vivia enfiado na televisão jogando videogame todos os dias é o mesmo que conquistou tudo aquilo que sempre sonhou.

Nem mesmo eu custo a acreditar que esse chato é o meu maior exemplo de sucesso. Como as coisas são engraçadas, não são?

— Para com isso, Gabe. Você só tem vinte e sete anos. E adora fazer um drama. — Ri e revirei os olhos quando ele me deu um tapinha na cabeça.

Ele me ajudou a carregar as malas até o carro. Parece que minha quase xará não veio junto, já que os bancos estavam vazios.

— Por que a Fernanda não veio? — Perguntei ao entrar no veículo, ajustando o cinto com cuidado.

— 'Tá na mãe dela. Qualquer dia desses você vai ver ela.

— Ah, nem a pau. Vou ter que te aguentar sozinha? Essa vai ser a pior férias da minha vida. — Deixei a cabeça tombar para trás.

Ouvi Gabriel rir baixinho e, no mesmo instante, deu partida com o carro. Seriam apenas alguns minutos de viagem, ou três horas. Tudo dependia de como estava o trânsito de São Paulo hoje.

Sentimentos Reprimidos - arthur fernandes [ Em Pausa]Onde histórias criam vida. Descubra agora