Capítulo 4

133 28 183
                                    

Um pequeno aviso antes de começarmos este capítulo: no capítulo anterior, o ano citado por Joyce é 1738, porém houve um engano de minha parte e o ano onde se passará este capítulo é 1761.
Não irei mudar o ano lá, porque é no último parágrafo e como eu sei que a maioria aqui são do D&T, não quero prejudica-los.

Agradeço a compreensão de todos e tenham uma ótima leitura.

______________________________________

Flórida

Convento St.Augustine, 1761

Ava estava de joelhos em frente ao grande altar da capela. Vestida com seu hábito e véu na coloração branca e com terço de madeira em mãos, ela fazia suas preces em silêncio. De olhos fechados, ela concentrava-se nas palavras de súplicas e agradecimentos que saíam de seus lábios.

Nem se deu conta quando uma das portas duplas da capela se abriu. Não ouviu quando os passos se aproximaram devagar e nem percebeu quando ele sentou-se em um banco próximo a ela. Era fácil não notá-lo quando se aproximava tão silencioso quanto o vento da manhã.

Apenas quando seus olhos verdes como jade se abriram, ela notou a presença de mais alguém: o Padre Michael. Reconheceria aqueles olhos marrons e a barba grisalha em qualquer lugar. Ava levantou-se, fazendo o sinal da cruz no peito e cumprimentou o senhorzinho:

- Bom dia, padre.

- Bom dia, minha filha, como estão seus pais?

Ele levantou-se para cumprimentá-la. Era alguns centímetros mais alto que ela, estava no auge dos sessenta anos e tinha as mãos calejadas pelos vários anos de trabalho no campo. Ava segurou-lhe as mãos e beijou as cicatrizes. Michael era amigo da família Feyler há mais anos do que Ava tinha de vida.

- Estão sempre muito preocupados, mas quando me escrevem aparentam estar bem.

- Sim, sim não tenho tido muito tempo, mas quando escrever para eles novamente, por favor os diga que irei visitá-los em breve.

Moveram-se juntos em direção a saída. O padre, já um pouco fraco devido a idade avançada, usava uma bengala de madeira que o auxiliava nas caminhadas. Com Ava ao seu lado segurando seu braço, saíram da capela, adentrando o vasto corredor que dava acesso a qualquer parte do convento.

O lugar todo parecia um enorme palácio com suas paredes de pedra e jardins enormes onde as freiras e noviças passavam a maior parte do tempo. Ao passo lento, os dois apreciavam a brisa fria da manhã. Abaixo deles algumas freiras em seus hábitos pretos passeavam em silêncio, provavelmente fazendo suas preces matinais.

Não se podia ouvir conversa em lugar algum do grande convento, com exceção do padre que agora sorria enquanto observava Ava. Ela sabia o que ele estava pensando e deixou um pequeno sorriso enfeitar seu rosto também.

- Sabe, menina, no fundo eu sempre soube que você seguiria a vida religiosa. Via você todos os domingos na igreja, sempre tão concentrada na missa, diferente das outras crianças que só dormiam a manhã inteira.

Um riso fraco escapou de dentro de Ava ao relembrar os dias da infância.

- Lembro-me muito bem de quando o senhor me disse que eu daria uma ótima freira. Bom, aqui estamos nós, em duas semanas farei meus votos.

- Seus pais devem estar tão orgulhosos quanto eu estou, afinal é uma grande honra tornar-se esposa de Cristo.

- Ah, eles estão e muito!

Era nítido a felicidade no rosto do padre, mas infelizmente Ava não compartilhava do mesmo sentimento. Há tempos que ela não sabia o que era sentir-se inteiramente feliz, mas aprendeu a esconder tão bem suas feridas internas quanto as externas.

Filha Do Mal (Pausado) Onde histórias criam vida. Descubra agora