Carência da Noite

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POV'S S/N

Cheguei em casa, tomei um banho, coloquei uma roupa mais confortável, fiz um sanduíche e um suco, me sentei no sofá, liguei a tv e comi.

Depois joguei no telefone e meu pai enviou uma mensagem dizendo que como eu não fui para o jantar, eles passariam a noite lá e só voltariam pela noite de amanhã, já adorei a ideia de passar todo esse tempo sozinha sem eles me atormentando.

Fiquei entediada e resolvi abrir a caixa de coisas antigas que eu trouxe da minha antiga casa.

Logo me lembrei da minha mãe e uma lágrima escorreu no meu rosto, limpei a lágrima e continuei mexendo na casa.

Achei ursinhos, brinquedos, tantas coisas que me chamaram atenção, mas o que mais me chamou atenção foi o meu antigo diário, eu resolvi ler um pouco.

Eu ganhei aquele diário com 8 anos e usei até o ano passado. Lia cada página com muita atenção, quase todas diziam como eu sofria bullying e como eu sofria por nunca ter tido amigas ou amigos.

Era tanta coisa contada detalhadamente, mas independente da situação que eu passava, minha mãe sempre me ajudava, ao lembrar disso escorreram mais algumas lágrimas e continuei lendo.

Quando cheguei na fase dos 14/15 anos, li que tinha sido a minha primeira vez indo ao psicólogo, hoje em dia não faço mais acompanhamento porque meu pai disse que não vai gastar dinheiro com besteira e principalmente porque é pra mim.

Na terceira consulta eu já tinha um diagnóstico de depressão e crises de raiva, na época as crises de raiva eram todos os dias, eu surtava com todos, não tinha um que escapava (não que agora não seja diferente). Lia no diário agora sobre a minha segunda pior fase, por que a primeira é a que eu estou vivendo.

Na fase onde eu comecei a me cortar e ter que tomar vários remédios, as vezes eu ainda acabo me cortando mas é só quando tenho uma recaída.

Terminei de ler o diário inteiro e só conseguia pensar que a única pessoa que eu tinha e que se importava comigo era minha mãe.

Abracei um ursinho da caixa e fiquei sentada no chão um bom tempo, pensando com quem eu poderia conversar sendo que não tenho ninguém.

Passei uma meia-hora pensando quando lembrei- Dulce, eu vou mandar uma mensagem para ela- Falei sozinha, peguei meu celular e enviei uma mensagem que ela logo respondeu de imediato.

*Mensagens On*

S/i: Oii Dul, tudo bem?

D: Oii S/n, tudo bem sim e com você?

S/i: Ah tudo bem também, o que você está fazendo agora?

D: Bom, tô deitada mas não fazendo nada.

S/i: Topa uma call?

D: Call? E o que é isso Sn?

S/i: kakaakka Dul, é uma ligação, pode ser de voz ou de vídeo.

D: Ataaa kkk, olha pode ser.

S/i: Vamo de voz, de vídeo não porque eu um trapo.

D: Impossível, uma garota tão linda quanto você nem consegue ficar um trapo.

Minha anjinha- Dulce Maria e S/nOnde histórias criam vida. Descubra agora