01 | Coelhos Malditos.

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O amor é um descontrole das boas escolhas. O amor - embora singelo e doce –, carrega consigo malvadezas que somente aqueles que já experimentaram seu amargor entendem.

Por que o amor dói? Porque nos tornamos incapazes sem ele. E quando perdemos, aprendemos novamente a andar sozinhos do jeito mais cruel possível.

Natália apareceu para mim como uma possibilidade. Não a amei assim que a vi, nem gostei dela, na verdade, eu cheguei a detestar. Mas... Embora fosse difícil admitir, eu sabia que eu queria ver aqueles olhos mais algumas vezes.

Depois, passei a enxergar que ela nem era tão detestável assim. Duas semanas depois, eu estava totalmente obcecado. Esperava por qualquer coisa que viesse dela, um movimento diferente que ela nunca tenha feito, um penteado novo, um sorriso novo... Eu esperava por qualquer coisa que me entretece.

Natália não era diferente.

Embora sua pele fosse branca como porcelana, do tom mais claro que eles tinham na fábrica, e seus olhos de matiz verde fosse o lampião da escuridão, e seus cabelos com de fogo fosse onde a vida se acumulava nela, Natália era comum. Não extraordinária. As pessoas a olhariam porque ela é bonita, mas eu a olho porque ela é triste.

Banhada em tristeza, pintada com o tom mais azul que tinha na fábrica, ela sorri.

Natália gosta de sorrir. Natália ama mentir. Sua mentira pode estar em sua feição, pois tudo nela nasceu da mentira, da falsidade, do impostor.

Isso me encantou nela. A forma como a beleza pode ser triste. Em como podemos tocar nesse sentimento com as pontas dos nossos dedos ou com a palma de nossas mãos.

Eu posso tocar em Natália, então, toco sempre em Tristeza.

A parte boa de estar com ela sem realmente estar, era que não devíamos nada um para o outro.

Entro no elevador do prédio e respiro fundo. Olho-me no espelho e ajeito meu terno escuro, aliso minha barba e seguro minha maleta do trabalho.

A porta do elevador se abre e não estou pronto quando vejo Natália entrar. Minha surpresa é notória. Assim que vejo ela, seus olhos e seu rosto, sorrio.

Ela solta um suspiro de alívio.

— Ah, que bom que cheguei a tempo! — Diz, tocando seu coração e parando em minha frente.

Logo pergunto, confuso:

— O que está fazendo aqui?

Checo as horas no relógio em meu pulso.

Natália ergue os ombros e diz:

— Esqueci minha bolsa no seu apartamento ontem.

Assunto, me lembrando da noite anterior. Ela parece se lembrar do mesmo.

— Ah, verdade. — É tudo que digo.

— É...

O constrangimento fora da cama era muito grande. Não sabia me portar direto diante dela.

Ela forçou um sorriso e parou do meu lado.

— Podemos subir e buscar ela, Natália. Não há incomodo.

Sorrindo, ela assente.

— Podemos, sim. Obrigada.

Nós dois respiramos fundo ao mesmo tempo.

— Vai trabalhar? — Ela pergunta, tentando puxar assunto.

— Vou. Tenho um projeto importante hoje.

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⏰ Última atualização: Oct 11 ⏰

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