3 - A colega violenta

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Então ela se afastou de mim com alguns passos atrás, desfazendo o sorriso e abaixando suas mãos. O momento de tensão havia ido em vão, mas o constrangimento continuava.

– Eles vão criar um novo "mundo" com os sobreviventes caso conquistem tudo. - ela disse.

– É impossível eles conquistarem tudo, a Coreia do Norte não é tão forte assim. - franzi meu cenho.

– Ah sério? Então quero que você tente entrar lá de algum jeito sem ser de avião. - seus braços se cruzaram, como um tipo de deboche.

– Eu não. Guardo e deixo pro próximo.

Susie parecia ter desistido de me fazer perguntas devido ao tempo que ela ficou calada depois do diálogo. Infelizmente não sabia eu o que fazer num momento como aquele, o que me restou era apenas uma mulher e uma sala de proteção.

– E então - ela perguntou, acabando com o silêncio. – qual seu nome?

– John. - respondi. – John Cormick.

Sua expressão mudou por um momento, mas nada de diferente interferiu.

– Qual sua idade John?

– Tenho vinte anos. Quer me investigar agora?

– Cala essa boca.  - seu olhar desviou pro lado.

– E qual a sua idade, senhorita Susie? - perguntei, com um sorriso forçado no rosto.

– Não é da sua conta. Afinal, não vou namorar com você.

Garota maluca! Do nada vem com esse tipo de diálogo? Achei que ela não iria falar sobre isso. Eu permaneci calado e olhei pra baixo.

– Tenho dezoito. - respondeu cabisbaixa. – dezoito anos.

– Viu só? Foi difícil falar?

Susie calou-se ao mesmo momento. Algo de estranho tinha nela, pois qualquer pergunta minha era algo de raiva ou perda de fala. Consequentemente, isso pode me fazer vê-la de um jeito totalmente diferente.

Passou-se um tempo após o diálogo de merda, estávamos sentados em cadeiras diferentes apenas esperando algum sinal do exército estrangeiro.

– Como você entendeu a fala deles? - perguntei.

– Deles quem? - ela me olhou de cima pra baixo.

– Dos soldados norte-coreanos.

– Ah sim, eu estudo línguas estrangeiras. Não é raro eu ter conhecimento sob vários idiomas.

Calei-me novamente. Essa era a primeira vez em que eu estava mantendo uma conversa com mulher, então é normal eu estar tão burro na hora das perguntas. Repentinamente Susie andou até a porta e olhou pelo vidro através, fazendo um sinal com as mãos que insinuava para mim ver o que tinha através dali.

– Olha isso daqui! - disse ela.

Me levantei rapidamente, correndo até a porta. Nos deparamos com algo que certamente não esperávamos (e provavelmente você também não) que era diversas patrulhas de soldados andando pelos corredores a nossa frente. Susie saiu da porta enquanto eu continuava olhando, voltando com o facão em seguida.

O Fim do Mundo - DistopiaOnde histórias criam vida. Descubra agora