Fala galera, tudo joia?
O que vocês estão achando da estória?Até a proxima :)
Miami Gardens, Flórida - Maio de 2018
Aquele dia estava um caos, tudo fora de ordem, nada daquele dia poderia acontecer assim, eu não deveria estar ali, mas é claro que após me formar eu só conseguiria um emprego pelo nome do meu pai.
E é claro que sendo a novata eu teria que aceitar ir onde me mandasse, e era assim que após anos me negando a tudo que me envolvesse com o nome Sinclar no mundo automobilístico, eu naquele dia chuvoso me encontrava em um treino.
O barulho ensurdecedor de carros passando em alta velocidade perto dali podia ser ouvido mesmo dentro das instalações do CT, todos me olhavam e apontavam o dedo para mim, sussurrando nas suas bolhas sobre a filha de um dos maiores engenheiros da F1, como se eu não estivesse ali vendo tudo aquilo.
- Sinclair em 5 minutos estaremos no ar. - Escutei a voz do Douglas, assistente de câmeras falar - Tudo certo?
Perguntou ele. Apenas balancei a cabeça tentando me concentrar no que era importante, que era o fato de que pela primeira vez desde que entrei pro jornal ia cobrir um evento, PASSAR NA TV! É claro que eu só estava ali porque alguém estava doente, mas ainda sim era uma conquista.
Tudo bem que não era de longe a área que eu queria, mas precisava fazer isso, pra minha carreira, pra no futuro fazer só o que eu quisesse. Fazer o que eu amava.
- Tudo bem vamos lá, no 3. 3, 2, 1 - Vi o dedo do produtor me apontando, estava ao vivo na transmissão.
Tentei sorrir, minha mãe falava que eu sempre ficava mais bonita quando sorria. Esperava que no primeiro contato minha beleza me ajudasse com a audiência.
- Boa tarde telespectadores que estão nos assistindo hoje pelo canal Fórmula Nation, para vocês que estão nos acompanhando neste belo dia de chuva, hoje estou aqui no GP de Miami, acompanhando os treinos para o início da temporada. - Fiz uma pausa ainda meio incerta se estava fazendo tudo certo, porque aquilo precisava dar certo, era lá que eu ganharia meu salário. - Ao que parece os corredores estão tendo dificuldades para dirigir no asfalto molhado da pista, mas apesar disso mantêm um bom treino para esse começo de temporada. O que deixa as equipes um pouco inseguras é esta chuva antes da época, mas a garota do tempo vai falar sobre o tempo nesta temporada com vocês - lancei uma piscadela pra tela e deixei um sorriso preencher meus lábios.
Continuei sorrindo até o produtor dar o sinal que tinha saído tudo certo, suspirei aliviada, ainda me tremendo um pouco com aquelas sensações, quer dizer eu sempre estiver mesmo que indiretamente na frente das câmeras, mas não daquele jeito, não com aquela responsabilidade.
- Você foi ótima Enid parabéns.- O produtor falou batendo levemente nos meus ombros, com certeza aquilo foi um bom começo.
[...]
- Mãe você me assistiu na TV? O que achou?
Horas depois da minha primeira aparição como uma apresentadora substituta eu ainda estava eufórica, agora já me encontrava em meu quarto de hotel, após um banho quente, minha euforia parecia não querer passar, dizem que a primeira vez é algo que lembramos para sempre, e apesar de não ser o que eu realmente gosto sinto que me marcará para sempre.
- Claro que eu vi, querida. Você foi ótima, tenho certeza que deixou uma ótima impressão. - Observei ela sorrir do outro lado da tela - Eu disse pra você que seus sorriso conquistava as pessoas, mas aquela piscadela foi de matar. -Soltei um riso com aquilo, é claro que ela ia falar sobre a piscadela, eu nem sei o que pensei quando fiz - Querida... - Só pelo seu tom de voz eu sabia qual era o assunto.
- Não mãe, hoje não, eu sei que vocês são casados e que a senhora quer nos unir mas hoje não.
Falei cansada, porque este assunto parecia sugar todas minhas forças vitais, não queria me sentir daquele jeito, mas não tinha controle, não depois de dois anos aguentando todo tipo de situação só para proteger a ordem.
- Filha, você que escolhe, sabe disso. Mas eu acho que seria bom vocês conversarem. Ele ainda é seu pai, e ele também viu sua aparição na TV.
Não fiquei muito tempo após aquilo na ligação, a verdade é que aquele assunto não me trazia boas lembranças, e eu me recusava a ficar triste após aparecer a primeira vez na TV, esse foi um sonho que comecei a ter após começar a universidade.
Aquilo era importante demais para eu me importar com alguém que por dois anos me tratou tão mal apenas porque escolhi a profissão que escolhi. Ele não merecia minha atenção e nem ia tirar minha paz, não hoje.
Dois anos antes
Ottawa, Canadá - Dezembro 2016
Meses havia se passado, e as brigas aumentaram, eu até tentei conseguir uma moradia na universidade mas não deu certo, naquele mês minha mãe foi pra uma consulta e eu achei que as brigam iam para, foi ingênuo da minha parte, as brigas só aumentaram mais e mais, até aquele ponto.
- CARALHO, TUDO É SOBRE VOCÊ O GRANDE SINCLAIR E O QUE VÃO ACHAR DE VOCÊ - Falei com meu tom de voz aumentado a cada palavra, parecia que quanto mais raiva eu tinha, mais eu queria grita. - Porque você só na...
- Você fala como se o jornalismo fosse bom.- Ele me interrompeu mais uma vez, ainda estava com aquele sorrisinho de deboche. Eu senti uma vontade grande de quebrar a mesa de centro. De quebrar tudo dali, aquelas brigas estavam acabando comigo.
- PAREM OS DOIS.- Minha mãe falou interrompendo a briga, eu jamais imaginaria o que vinha a seguir.
É claro que aquelas brigas eram intermináveis e que iam continuar por mais um longo tempo, mas quando minha mãe interrompeu a gente naquele dia e deu a notícia de que estava com câncer, meu mundo caiu.
Câncer de mama.
Naquela noite chorei agarrada a ela no sofá, depois de horas naquela posição desconfortável quando ela subiu para dormir, eu subi pro meu quarto e fiz pesquisas sobre. E quando naquela semana ela pediu pra eu não ir morar longe eu aceitei, ela poderia morrer, e eu não estaria lá.
Mas quando duas semanas depois meu pai voltou a soltar piadinhas sobre meu curso, e começou a tirar sarro da minha cara, eu sabia que era mais uma ideia idiota, mas o que eu poderia fazer? Deixar minha mãe sozinha com câncer?
Aquilo jamais aconteceria! Por isso nos meses seguintes eu aprendi a escutar calada, pra não mexer na ordem da casa, aprendi a chorar no chuveiro com medo de perde minha mãe, aprendi que correr me ajudava a calar todos meus pensamentos de medo, e aprendi que jamais teria a mesma relação com meu pai.
Algo em mim nos dois anos que passaram quebrou, algo que não pode ser restaurado nem quando minha mãe entrou em remissão, porque ficar calada sobre toda a violência que eu passei me matou, matou todo dia uma parte mim.
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Running Against Time - Em busca do pódio
ФанфикNão me lembro ao certo quantos anos tinha quando percebi que eu e meu pai não tínhamos mais aquela ligação. Acho que foi no momento que eu virei uma pessoa que fugia dos ideias dele. Ele queria um legado automobilístico, e eu? Eu achava que alguém q...