Parte 02

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- Psiu! - ela escutou, vindo de algum lugar no alto. Espantou-se, pois até então aquelas construções pareciam abandonadas, com janelas quebradas em alguns apartamentos e tábuas pregadas em outros. Só não estavam pichadas, o que por si só era bem esquisito.


- Você é idiota ou quer morrer? - tornou a escutar a voz e identificou a posição, olhou bem a tempo de enxergar um vulto saindo da janela.


Olívia mal teve tempo de responder, escutou uma espécie de urro muito alto e o barulho de algo metálico sendo arrastado pelo asfalto. O que quer que fosse, parecia enorme e inumano.


- Corre pra cá, menina burra. - Ela sentiu um toque duro em seu ombro e levantou-se sem questionar, seguindo aquela moça encapuzada. Subiram 3 andares rapidamente e então Olívia observou boquiaberta aquilo passar pela rua.


Era um enorme monstro deformado que lembrava um urso, mas com vários tufos de pelo faltando, cicatrizes por todo o corpo e muito maior do que os ursos que vira no zoológico.

Ele estava com um enorme grilhão no pescoço e em sua ponta, uma âncora.

Não havia lógica alguma naquilo.

Olhou para a moça ao seu lado, que não parecia ser mais velha ou mais atlética que ela, mas havia uma presença imponente naquele corpo diminuto.


- Por que aquele urso está preso a uma âncora? - Olívia perguntou, olhando aquele enorme monstro passar pela rua.


- Você não é bem-vinda aqui, precisa voltar. - ela sussurrou, sem responder a pergunta.


Ouviram um assovio seguido de um urro vindo daquela coisa, um arpão passou voando e acertou-o bem no olho.

Várias pessoas saíram correndo dos prédios com facas e foram até aquele monstro, que ainda dava seus últimos suspiros.

Tiraram lascas de carne e rapidamente sairam correndo. Chegou um comboio de jipes de guerra antigos e estacionou onde aquilo estava. A criatura era do tamanho de dois carros.


- O que é... - Olívia começou, mas a moça misteriosa não estava mais ali, havia se esgueirado para pegar um pouco da carne, antes que aqueles homens descessem de seus veículos.


- Bando de abutres! - um homem gritou, estava com uma espécie de arma caseira na mão. Disparou uma série de tiros nos prédios e Olívia teve que abaixar-se para não ser atingida.


Sentiu um puxão em sua perna e quis gritar, mas viu que era a moça encapuzada.


- O que está acontecendo aqui? Que lugar é esse? Qual seu nome? - Olívia tremia, estava com o estômago embrulhado vendo aquele pedaço de carne sendo manuseado de qualquer jeito.


- Nós roubamos a caça deles, aqui não é o seu lugar e meu nome não importa - a moça respondeu, enquanto terminava de picar a carne em tiras e colocava nos bolsos de uma mochila. - Existe um ônibus que pode te levar de volta, vou te por nele.


- Por que está me ajudando? - Olivia sussurrou, encarando a encapuzada.


- Você tira minha paz de espírito e atrapalha tudo com seu jeito "não daqui" de ser.


Aquilo era bom, não importava o quão antipática aquela moça era, pelo menos teria ajuda.

Saíram em silêncio pelos fundos do prédio e Olívia teve um vislumbre perturbador do quão distante de casa ela estava.


Corrida MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora