Perspectiva do Jon da Izzy com 15 anos e T.A.
13 de setembro de 2022-Nápoles, ItáliaÀs vezes me pego pensando se podeira ter feito algo mais para a Izzy, se poderia ter dado mais atenção ou mostrado mais carinho, amor, ou só ter estado lá, há um frase que define exatamente o meu pensamento, “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”, e sabe neste exato momento queria poder transformá-la num teatro, para poder mudar o roteiro e voltar no tempo, poder olhar nos olhos de minha irmãzinha e dizer o quanto a amo, o quanto a acho bela, que nem seu apelido, Belle, um apelido frânces que significa bela, formosa, sempre achei que ele combina muito com ela, sempre a admirei, ela sempre foi tão perfeita em tudo, desde pequenos, apesar de eu ser o mais responsável, ela era a mais comprometida, boa em tudo o que faz, sempre com um brilho em seus olhos, feliz, acho que por isso sempre a admirei, e sempre vou admirar, e por isso acho tão difícil ver minha irmã tão sem vida, mesmo que ela ainda respire, fale e até ria, não é minha irmã que está ali, minha irmã está escondida atrás de toda a dor e sofrimento que há em seus olhos, antes tão brilhantes, seus olhos negros agora só expressam a dor, a fome de vida, sinto falta dessa minha irmã, sinto falta de rir com ela, e, uma parte de mim morre de medo de nunca mais rir com ela, Izzy sempre teve problemas com ansiedade e depressão, mas sempre foi algo rápido que passava e logo ela estava com seu brilho, mas desde que ela nos contou sobre sua sexualidade isso piorou muito, infelizmente mamma e papá são bem preconceituosos, ambos são muito católicos e quando Izzy contou a eles, eles não reagiram muito e bem e desde então Izzy tem tido muito mais crises, e sei que essa dor não é minha, mas eu me sinto imponente quando a vejo assim, eu, o futuro rei da Itália, uma das maiores potências mundiais, não consigo nem mesmo ajudar a minha irmã, quem dirá um país, se eu não consegui impedir que a minha irmã ficasse assim, como poderei impedir qeue um país colapse, ou que um relacionamento acabe ou que ela volte para essa maca de hospital, com o som dos batimentos cardíacos tão calmos que parece que nem bipam, queria poder ao menos slavá-la, tirar essa dor dela e colocar em mim, pois eu sei que aguento, mas Izzy, agora sei que ela não aguenta.
-Jon-Luck me acorda com a voz calma e baixa
-Luck?O que foi? Aconteceu alguma coisa-pergunto assustado
-Sim, não-não respondo então ele continua-não aconteceu nada com a Izzy, ela ainda está dormindo, sim, aconteceu algo, mas não quero falar aqui, podemos sair do quarto, por favor-assinto e me levanto, deixo um leve beijo na testa de Izzy quando saio, mamma e papá dormem nas poltronas, sigo Luck até fora do quarto e espero ele começar a falar, Luck cresceu bastante nesse último ano, ele já está quase com a minha altura, o que para um garoto de 14 anos é muito, eu mesmo não tinha essa altura com sua idade
-Estou preocupado com a Izzy-não falo nada esperando ele falar mais alguma coisa, porém ele não fala
-Também estou, Lucca, também estou, mas sei que Izzy vai se recuperar, sei que ela vai ficar bem novamente, ela vai abrir o olhos e sorrir, sei que o brilho de seus olhos vai voltar, e mesmo sabendo que não será fácil, sei que ela vai conseguir, ela vai se recuperar e nós vamos estar lá para acudí-la sempre que ela precisar
-Eu sei que vai dar tudo certo, que tudo vai ficar bem, eu só não consigo acreditar, eu fico repetindo para mim mesmo, como um bordão “vai dar tudo certo”, “vai dar tudo certo”, “vai dar tudo certo”, mas mesmo assim eu continuo a ficar nervoso, sem saber se realmente vai dar tudo certo-Luck para e olha para mim, secando uma lágrima em sua bochecha-eu sei que você também conversa com a Izzy, mas eu e ela conversamos mais e eu sei o quanto ela tem sofrido e o quanto tem sido difícil para ela, ela tenta sorrir, se divertir, ela tenta, mas não consegue, ela não ficou ruim agora, ela já estava, há tempos, há meses que ela pula refeições e fica dias sem comer, há meses que ela não sai com os amigos, há meses que ela usa maquiagem para tampar o rosto de choro, há meses que ela não toca, nem canta, há meses ela deixou de ser ela, de pouquinho em pouquinho, de coisinha em coisinha que ela deixava de fazer, ela deixava de ser ela mesma, ela deixava de ser a Izzy que conhecemos-as lágrimas quentes rolam por minhas bochechas enquanto ele fala, como pude ser tão estúpido, não percebi pelo o que minha irmã estava passando, ignorando os sinais, com eu pude ser tão cego-por isso que eu tenho medo-Luck continua- medo dela não se recuperar, medo dela não voltar a ser a minha irmã que eu amo, de perdê-la-não sei o que dizer, pois eu também tenho medo, medo de perder minha irmã, medo de nuca mais vê-la sendo ela, medo de nunca mais ouvir sua risada contagiante, por isso não me mexo, não abro a boca, nada, apenas deixo que as lágrima desçam por minhas bochechas, deixo que elas rolem e que mostrem minha fraqueza, que mostrem que eu choro e que eu erro, deixo-as descer, sem limpar, apenas olho para Luck que também chora em silêncio, ambos olhando um paro o outro, ambos compartilhando o mesmo olhar, com os mesmos olhos verde, ambos sem saber o que fazer ou dizer, com uma possível perda de nossa irmã, inopinadamente o puxo para um abraço, sinceramente não gosto de abraços, mas neste momento tudo o que não consegui dizer em palavras podia ser dito em um abraço, Luck leva alguns segundos para entender o que aconteceu, mas quando entende ele também me abraça, ambos nos abraçamos e não nos soltamos, eu e ele, choramos um nos braços do outro, nos segurando e impedindo um ao outro de cair.