Capítulo 6: Olhos vigilantes

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Luca Romano

Enquanto observo Anna se divertir na pista de dança, uma mistura de emoções tumultua dentro de mim. Minha principal responsabilidade é garantir sua segurança, mas, ao mesmo tempo, não posso deixar de me sentir incomodado com a facilidade com que ela parece se envolver em situações potencialmente perigosas.

Vejo-a rir e dançar, mas também noto como ela atrai a atenção de alguns homens ao seu redor. É como se ela estivesse cercada por predadores, esperando apenas o momento certo para atacar. Meu corpo tenso, estou sempre alerta, pronto para intervir se algo der errado.

Então, vejo acontecer. Um sujeito se aproxima dela, seu comportamento sugestivo deixando claro suas intenções. Anna parece perceber o perigo iminente e, com habilidade surpreendente, se defende sozinha. Seus movimentos são rápidos e precisos, afastando o assediador com determinação.

Meu coração dispara com a adrenalina da situação. Por um momento, considero intervir, mas decido observar de longe, confiando na capacidade dela de se cuidar. É um vislumbre de sua força e coragem, um lembrete de que, por trás da fachada de despreocupação, existe uma mulher incrivelmente resiliente.

Assisto à cena com uma mistura de surpresa e admiração enquanto Anna se defende com uma determinação feroz. Ela é uma força da natureza, pequena em estatura, mas imensa em coragem e habilidade.

Me abaixo ao lado do cafajeste e digo firme.

- Se ousar chegar perto dela novamente, estará lidando comigo.

Minha voz ecoa com autoridade, mas também com uma pitada de preocupação. Anna é teimosa e impulsiva, e sei que nem sempre vai aceitar minha intervenção. Mas não posso permitir que ela corra riscos desnecessários, não quando minha principal responsabilidade é mantê-la segura.

Acompanho Anna até fora da boate, onde a encontro encostada no carro do seu pai. Ela parece desorientada, os braços cruzados sobre o peito em uma tentativa de se aquecer. Seus cabelos agora estão presos em um coque desajeitado.

Me aproximo dela, mantendo uma distância respeitosa, mas ao mesmo tempo preocupado com seu bem-estar.

- Anna, você está bem? - pergunto com uma voz suave, tentando transmitir uma sensação de calma e conforto.

Ela me olha, seus olhos revelando uma mistura de emoções. Há determinação em seu olhar, mas também uma vulnerabilidade que ela tenta esconder. Posso ver que a situação a afetou mais do que ela gostaria de admitir.

- Pegue - digo, tirando meu paletó de dentro do carro e oferecendo para ela. - Você parece estar com frio.

Ela aceita o paletó com um aceno de cabeça de agradecimento, envolvendo-se nele com gratidão evidente. Fico ali ao seu lado, mantendo uma postura protetora, mas também deixando espaço para que ela processe o que acabou de acontecer.

O grito agudo e estridente corta o ar, ecoando pela noite e fazendo-me estremecer. Reconheço imediatamente a voz da melhor amiga de Anna, que se aproxima com uma expressão de preocupação estampada em seu rosto.

Ela vem correndo em nossa direção, os olhos arregalados de ansiedade, e não consigo deixar de notar como sua preocupação é palpável. É como se todo o caos da noite tivesse se manifestado naquele grito agudo.

- Anna! - ela exclama, o tom de sua voz cheio de preocupação e alívio ao mesmo tempo. - O que aconteceu? Você está bem?

Anna levanta os olhos para encontrar os da sua amiga, uma mistura de emoções cruzando seu rosto. É evidente que ela está tentando manter a compostura, mas a tensão da noite parece ter sido demais para ela.

- Estou bem, Sofia - Anna responde, sua voz soando um pouco trêmula. - Só precisava de um pouco de ar fresco.

Sofia olha para mim, seu olhar transmitindo uma mistura de curiosidade e desconfiança.

- E você? - ela pergunta, seu tom de voz desafiador.

Respiro fundo, tentando transmitir uma sensação de calma.

- Estou apenas garantindo que Anna esteja segura - respondo, escolhendo minhas palavras com cuidado.

Sofia assente, parecendo satisfeita com minha resposta, e volta sua atenção para Anna. Juntas, elas compartilham um momento de silêncio, como se fossem capazes de se comunicar apenas com o olhar.

Sinto o olhar de Anna e Sofia sobre mim, suas expressões refletindo confusão e curiosidade diante da minha atitude. Sofia finalmente quebra o silêncio com uma pergunta direta:

- Fez isso por ela?

Anna, por sua vez, olha para mim em busca de uma resposta, mas permaneço em silêncio. Não posso me dar ao luxo de me envolver em uma conversa com Anna ou Sofia. As ordens do Sr. Giovanni são claras: minha prioridade é proteger Anna, não me envolver em interações pessoais.

Com um aceno de cabeça breve em direção ao carro, ignoro a pergunta de Anna e Sofia e me afasto, dando a volta no veículo e entrando no banco do motorista. É hora de partir, antes que a situação fuja ainda mais do controle.

Ao chegar à casa dos Di Marco, verifico rapidamente se Anna foi para seu quarto antes de descer para atender uma ligação. O nome no visor do celular me faz estreitar os olhos. É meu pai, Sr. Rogério Romano, um homem cujo nome é sinônimo de poder e violência na máfia.

- Sim? - respondo, minha voz fria e controlada, refletindo a determinação inabalável que aprendi com anos de treinamento.

A voz de meu pai soa através do telefone, impaciente e autoritária. Ele quer saber se já consegui capturar nossa "vítima", como ele se refere aos Di Marco. Sua expectativa é clara, mas também sua ameaça silenciosa se as coisas não forem feitas de acordo com sua vontade.

- Estamos nos movendo com cautela - respondo, escolhendo minhas palavras com cuidado. - Não queremos chamar a atenção para nós mesmos antes do momento certo.

Há uma pausa do outro lado da linha, antes que meu pai emita uma série de instruções e lembretes sobre a importância de cumprir nosso objetivo. Sua voz fria e implacável ecoa em meus ouvidos quando a ligação é encerrada abruptamente.

Respiro fundo, sentindo o peso de nossa história familiar sobre meus ombros. A rivalidade entre os Romano e os Di Marco remonta a gerações, uma teia complexa de traição, vingança e ambição desmedida.

É uma história que moldou quem eu sou hoje, um homem determinado a fazer o que for necessário para garantir a supremacia de nossa família na hierarquia da máfia.

Ao me infiltrar na casa dos Di Marco, meu objetivo é claro: capturar Anna Di Marco, filha de Giovanni e Fabiola. A história de nossa rivalidade é profundamente pessoal. Fabiola, minha madrasta, fugiu com meu pai para a Rússia, abandonando o Giovanni. Ele não suportou a traição e acabou por tirar a vida da mulher que eu amava como se fosse do meu próprio sangue.

A dor da perda e a fúria da traição queima dentro de mim, alimentando minha determinação em completar essa missão. Não se trata apenas de cumprir ordens ou ganhar poder na máfia. É uma questão de justiça, de vingança.

Enquanto me movo pelas sombras da casa, lembranças dolorosas invadem minha mente. As palavras gentis de Fabiola, seu sorriso caloroso, sua bondade inabalável para comigo. Tudo isso foi tirado de mim.

A tensão entre as famílias Romano e Di Marco está em um ponto crítico, e Anna, infelizmente, está no centro dessa disputa sangrenta. Não importa se ela sabe ou não sobre os eventos que levaram à morte de sua mãe; no mundo da máfia, as lealdades familiares são complexas e muitas vezes obscuras.

Como um agente dos Romano, minha missão é clara: garantir que os Di Marco paguem pelo que fizeram. E se isso significa que Anna, mesmo sem culpa própria, sofrerá as consequências das ações de seu pai, então assim será. Na máfia, o preço da traição é alto, e nenhum membro da família é imune às consequências. 

DiMarco: O peso do sobrenomeOnde histórias criam vida. Descubra agora