No silêncio sombrio da noite, uma cena do passado se desenrola diante dos meus olhos como se fosse uma visão distante, uma ferida que nunca cicatrizou completamente.
Estou de volta àquela noite fatídica, há dezoito anos, quando eu era apenas uma criança de dez anos, inocente e despreocupada. As sombras dançam ao redor, iluminadas apenas pela fraca luz da lua, enquanto observo a cena se desenrolar diante de mim como um espectador impotente.
Minha madrasta, a mulher que eu considerava minha mãe de sangue, está de pé diante de mim, sua expressão preocupada enquanto discute em sussurros com meu pai.
Então, de repente, tudo acontece tão rápido que mal consigo acompanhar. Um brilho metálico reluz na escuridão, e antes que eu possa compreender o que está acontecendo, ouço o som ensurdecedor de um tiro cortando o ar. Minha madrasta solta um grito estrangulado, sua mão voando para o peito enquanto cai de joelhos no chão, seus olhos se encontrando brevemente com os meus antes de se fecharem para sempre.
O desespero e o horror me inundam enquanto observo impotente a tragédia se desenrolar diante de mim. Meu pai está de pé ao lado dela, uma figura sombria e ameaçadora, seu rosto uma máscara de frieza implacável. E eu, uma criança indefesa, sou testemunha do fim trágico de uma vida inocente, tirada sem piedade por causa de traição e ganância.
É uma cena que nunca consegui esquecer, um peso que carrego comigo todos os dias desde então. A imagem da minha madrasta, deitada no chão em um poça de sangue, assombra meus sonhos e me persegue até os dias de hoje, lembrando-me da brutalidade do mundo em que vivo e da crueldade dos homens que o habitam.
É sábado, ontem teve o beijo inesperado de Anna, mas nada mudou, depois das desculpas pelo beijo, aqui esta ela. Seus olhos brilham com empolgação enquanto ela me puxa pela mão, insistindo para que a leve a uma boate dos anos 80 apenas porque mencionei que gosto desse estilo.
Por um momento, hesito, ainda preso às memórias dolorosas do passado. Mas então, olho para o rosto radiante de Anna, e algo dentro de mim se suaviza.
- Tudo bem, Anna - digo finalmente, devolvendo seu sorriso. - Vamos fazer isso.
Apesar da tensão que sinto ao aceitar o pedido de Anna, mantenho minha expressão serena e tranquila. Por dentro, porém, meu coração está acelerado com o peso do que está por vir.
Hoje será o grande dia de levar Anna para o cativeiro e escondê-la de Giovanni, o que significa que a responsabilidade sobre seus ombros pesa mais do que nunca.
Enquanto me preparo para acompanhar Anna até a boate dos anos 80, uma parte de mim está alerta, consciente do perigo iminente que nos cerca.
Com um sorriso brincalhão nos lábios, decido abraçar completamente o papel de guarda-costas de Anna, mesmo que seja apenas por diversão. Enquanto caminhamos em direção à boate dos anos 80, mantenho uma postura rígida e vigilante, como se estivesse pronto para protegê-la de qualquer perigo imaginário que possa surgir. - Mesmo que o perigo seja eu mesmo.-
Cada passo que dou é firme e determinado, e meus olhos escaneiam o ambiente em busca de ameaças invisíveis, enquanto na realidade estou apenas observando as pessoas ao nosso redor com interesse casual.
Anna, por sua vez, parece se divertir com a brincadeira, lançando-me olhares cúmplices e sorrindo como se estivesse participando de uma conspiração secreta.
Enquanto nos misturamos à multidão dançante, mantenho meu disfarce de guarda-costas, mas agora com um toque de descontração, como se estivesse simplesmente aproveitando a música e a companhia de Anna.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DiMarco: O peso do sobrenome
RomanceNo coração da Itália, a poderosa família Di Marco reina sobre o submundo, com Giovanni Di Marco como seu patriarca inabalável. Mas entre os segredos sombrios e os laços de sangue, surge uma figura improvável: Anna Di Marco, a filha rebelde que desaf...