Capítulo 1 - Sangue, Suor e Lágrimas

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Um borrão é tudo que ela enxerga. Os espinhos, galhos secos e pedras arranham em gritos escapados por toda a queda da colina. A fuga a deixou completamente exausta mas mesmo agora, não é possível parar.

As luzes das lanternas cortam a noite umbrosa, o ladrar dos cães farejadores é ouvido em crescendo. A garota se levanta em um esforço desleal para sua pouca idade.

Ao pé da colina, na encosta aguarda um velho barco de madeira. Seus pés ardem de tanto correr e o contato com as pedras afiadas da enseada causam lacerações que posteriormente dificultarão permanecer em pé.

Ela já empurra o barco para se distanciar daquele pesadelo, pelo canto de sua boca rosada espada o início de um sorriso esperançoso.

Houve um estampido alto, como uma explosão ou um trovão.

Sangue quente desce pelo tecido de suas vestes. Não foi possível sentir o tiro até que fosse tarde demais.

A visão é um borrão e o balançar das ondas a levando para longe e é difícil manter seus olhos abertos.

De um jeito ou de outro, Renê escapou do inferno.

O som da água flui nos ouvidos em meio a sua inconsciência e o tempo se perde em meio a sonhos. A calma e o silêncio do além é adocicado e desfaz qualquer senso de despertar.

Mesmo a dor em seu peito se faz em uma memória antiga. É tão bom estar ali, porém que lugar é esse?

Renê estreita a visão para tentar enxergar em meio ao que parece ser um nevoeiro ou apenas luz difusa.

-Seja forte criança, os lobos perseguem em meio a escuridão.

Como uma bolha que estoura, sua atenção é levada de súbito para a origem da voz rouca em meio ao nevoeiro de sua mente.

Diante de uma velha senhora aparentando seus oitenta anos, está Renê. Tímida, desorientada e resgatada há alguns meses de uma emboscada perpetrada por seus inimigos nas sombras.

A garota parece um buquê de flores brancas, o que destoa do restante do lugar, uma taberna escura, fétida e ruidosa.

Marlene havia recolhido a menina da beira de um rio enquanto passava de carruagem. Alimentou e cuidou de sua ferida. Mas naquela manhã o trato era diferenciado.

Espada era o assunto da vez. A nobre senhora explica que o domínio da lâmina tal qual uma dança, segue o ritmo de uma música. -Era hora de afinar seus ouvidos- ela disse.

Marlene toma sua xícara de chá entre os dedos. Renê segue fazendo o mesmo.

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⏰ Última atualização: May 08 ⏰

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