Prólogo

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"It's feel so scary geeting old"- Ribs, Lorde

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"It's feel so scary geeting old"
- Ribs, Lorde

Uma vida consideravelmene normal era o que o pequeno Jungkook almejava para seu futuro. Ele não via a hora de seu pai ensiná-lo a dirigir um carro, conseguir seu primeiro emprego e ser o orgulho não apenas da mãe coruja. Já sabia até mesmo o que compraria com seu primeiro salário: um lenço florido para sua mãe, um boné para seu pai, e é claro, um homem de ferro edição limitada.

Como filho único possuía diversos privilégios: ser mimado por todos da família e ter preferência na hora de assistir televisão na sala de estar, no entanto esse último vinha com um acréscimo consideravelmente chato: seu pai fazia questão de reclamar toda vez que as meninas superpoderosas não era um desenho feito para seu grande garoto, mesmo quando Jungkook juntava os lábios em um bico emburrado e explicava como as personagens eram incríveis. Com o tempo, Jeon ficou cansado de mostrar ao pai o quanto aquele desenho era legal para ele e, então, aprendeu a ignorar comentários do tipo, porque sabia que do outro lado da sala sua mãe estava dando um sorriso doce para ele, e comprando camisetas do desenho que o filho tanto amava, com a desculpa de que eram para a sobrinha de 4 anos de idade.

Era claro que o senhor Jeon desconfiava com a numeração "7 á 8 anos" das camisetas, mas sempre que a confrotava sobre isso nunca era na frente de Jeon, o homem tinha medo de perder seu pódio como melhor pai do mundo, mesmo que, assim, colocasse em risco o título de melhor marido do mundo.

Foi por isso que Jungkook não entendeu quando observou sorrateiramente pela fresta da porta do quarto dos pais mais uma das discussões do casal. Viu seu pai fazendo as malas e jurando que nunca mais colocaria os pés naquela casa, lugar o qual todos eles apelidavam de um doce lar adornado por desenhos da criança que morava nele. Sua mãe tão abalada quanto o fugitivo não sabia de fato como reagir aquela situação, e então suas trêmulas mãos passaram várias vezes pelo cabelo enquanto sua cabeça pendia para baixo.

Até hoje nunca foi capaz de contar para Jeon o que de fato motivou seu pai a abandoná-los e por muito tempo Jungkook acreditou que ele fosse o problema, talvez os pais não brigassem tanto se ele gostasse apenas de super-heróis homens. Tolo.

O melhor pai do mundo não se importou nem mesmo quando precisou empurrar com brutalidade o Jungkook de 8 anos que fazia de tudo para impedi-lo que fosse embora.

Os anos se passaram e Jeon cresceu como um jovem inseguro desacreditado que o amor de fato existia, afinal se aquilo que um dia seus pais possuiram tinha esse nome, ele não desejava nunca vivencia-lo.

Sua mãe empenhada por consolidar a estrutura familiar deixada a destroços por seu marido, precisou abrir mão de dar mais atenção para o pequeno que sofria em silêncio por uma perda tão brutal. Desse modo, Jeon se afundou no que um dia foi uma família feliz e aos 16 anos foi diagnosticado com depressão e ansiedade. As coisas pioraram quando precisou viver parte da sua adolescência descobrindo sua orientação sexual enquanto saía com os piores caras que estudavam em sua escola e que se aproveitavam da vulnerabilidade do menino. O mais leve dos resultados foi um piercing na orelha, muito mal feito que infeccionou um dia após a perfuração.

Tudo isso sendo presenciado por seus grandes melhores amigos e sua mãe, os quais incansavelmente estavam a disposição do garoto. Sem dúvidas, fariam qualquer coisa para expulsar tudo que lhe fazia mal. No entanto, Jeon não queria sair do fundo do poço, pois tinha medo de que ao tentar escalá-lo pudesse enfrentar uma queda ainda mais alta se comparado com quando caiu naquele abismo.

Não se considerava uma pessoa religiosa muito menos era crente de algo. Em meio a tanta mágoa não sobrava espaço para agradecer por dias vitoriosos os quais o remédio fazia efeito e sua vida ganhava algum sentido por poucas horas.

Desse modo, algum dia precisou construir uma falsa fé com os cacos de sua sanidade, a qual partia de si para uso próprio, como um combustível utilizado no processo de cura. Assim, após a adolescência ele deu um passo segurando sua tímida coragem nos braços, com medo de que ela pudesse deslizar deles e se espatifar no chão abruptamente. Para ser mais específico: o menino possuía as unhas enfincadas na esperança de recuperação, enquanto observava seus amigos sorrindo e vivendo suas vidas normalmente, esperando um dia se juntar a eles.

A partir disso, passou a dedicar mais horas nos estudos e a tropeçar e esbarrar em objetos com mais frequência por estar sempre com um livro em sua frente. Em virtude de seu reconhecido esforço foi aceito com uma bolsa de 100% em uma faculdade renomada de Jornalismo. Não sabia ao certo se havia nascido para aquilo, mas para mim não seria uma surpresa se algum dia confessasse que escolheu a carreira por se ver inspirado totalmente em Yong, o homem do jornal o qual fora mais presente em toda a sua vida que um dia seu pai foi.

Hoje, aos 21 não possui mais crises há meses, suas sessões na terapia são mensalmente realizadas e não faz mais o uso de antidepressivos. Curado era uma palavra forte, afinal não há remédios que façam seu pai voltar.

Analiso Jeon inclinando a cabeça após conferir que o garoto estava dormindo profundamente. Não era meu trabalho, só estava de passagem pela cidade e de fato não estava responsabilizado por sua vida, e nem gostaria. Jeon Jungkook é um caso complicado, já trocou de anjos muito mais do que eu troco de roupa. Sua fase da adolescência, a pior de todas, soube que rendeu a todos uma reunião entre os candidatos que enfrentariam a rebeldia e irresponsabilidade do menino para proteger sua vida. Foi como um rifa com o prêmio sendo uma bomba prestes a explodir.

Rio fraco saindo por sua janela emitindo nenhum som no processo. Olho para trás conferindo novamente se havia deixado algum rastro encontrando apenas o rosto pacífico de Jeon e seu bico característico, assim, suspiro e subo em minha moto estacionada do lado de fora. Dou a partida e sigo meu caminho voltando a quem de fato deveria estar, a contragosto, protegendo.

 Dou a partida e sigo meu caminho voltando a quem de fato deveria estar, a contragosto, protegendo

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🔮《Notas》🔮

E aí o que acharam desse começo? Quem estava narrando tudo também foi uma surpresa para mim, eu só pensei no "e se" e tudo se encaixou perfeitamente para que isso acontecesse.

Lembrando que esse é o prólogo, não irá contar como capítulo, então ainda em breve o primeiro capítulo estreará.

Estou muitíssima animada com o caminho que essa história irá trilhar.

Não esqueçam de votar ⭐️e um beijão 💜

ANGEL • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora