34 de Dezembro de 1992

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Alguns dias carregam alguma coisa que os tornam inesquecíveis,ao ponto de se lembrar de cada mínimo detalhe como se estivesse vivendo tudo outra vez e,acredito,que aquele 34 de Dezembro de 1992 foi assim.
Era véspera de Natal,quinta-feira,e ainda bem no início das férias,eu me lembro perfeitamente de acordar com a voz amigável e grosso de meu pai,meus cílios eram pesados,minhas pálpebras pediam para se manterem fechadas,meu corpo não tinha força para se levantar da cama,mas meu pai insistia com objetividade;

--- Anna,por favor levante,preciso conversar com você.

Eu procurei manter os olhos abertos.

--- O que foi?

Perguntei com voz embarganhada ainda debaixo do cobertor.

--- Suas tias ligaram.
--- Lucia ou Danielle?

Eu me pergunto como consegui lembrar os nomes de minhas tias como tanto sono.

--- Lucia e Danielle.

Eu soltei uma espécie de grunhido de desaprovação. Meu pai continuou:

--- É,eu sei - ele riu - mas elas estão vindo pra cá.Querem fazer um passeio com você,já chegaram na plataforma,vieram de trem,ligaram do orelhão,vou buscá-las mas preciso que arrume o apartamento,limpe e decore,vamos demorar um pouco o que te dá tempo.

Realmente é um mistério como consegui entender o que meu pai dizia ,mesmo tendo acabado de acordar.

--- Elas podiam ter avisado antes, uma ligação e estava resolvido.

Meu pai riu de forma nazal e tirou o cobertor de cima de mim.

--- Eu sei mas não fizeram, agora levanta.
--- Pai! - exclamei tampando os olhos com a mão - Que claridade!

Meu pai riu alto.

--- Então que bom que você não é um vampiro,não é? Bom eu tenho que ir, a senhorita trate de tomar um banho,ok?

Estiquei meu braço alto e sinalizei um jóia com a mão.

--- Eu te amo florzinha.

Ele disse deverido um beijinho na minha bochecha.

--- Também te amo pai.

Ele saiu de meu quarto,esperem ouvir o barulho da porta do apartamento fechar pra começar a tomar coragem para me levantar. Meu corpo não queria,na verdade,ele se recusava vigorosamente a se levantar,mas eu fiz com que fizesse.
Fui direto para o banheiro,onde tropecei em sapato de meu pai,ele tinha um costume terrível de deixar as coisas espalhadas pela casa. Tomei um banho bem quente para me acordar,vesti algo confortável pra limpar a casa,algo que eu pudesse manchar de cândida,no caso uma blusa laranja desbotado e um short largo cinza apagado.

Para meu café da manhã fiz banana com aveia e granola e torradas com geleia de morango,me sentei no sofá e liguei a TV,o telejornal estava comunicando sobre a fuga de uma criminosa:

--- Cassandra Carvalho e extremamente perigosa,ela está armanda,e é capaz de qualquer coisa.
Pedimos que se a ver tome cuidado e ligue para o número que aparece na tela da sua televisão.

Uma foto de Cassandra flutuava na tela,era uma mulher de rosto pálido,sem vida,tinha traços finos mas seus olhos eram esbugalhados, trazendo locura e medonhoise a seu rosto,seus cabelos eram negros, escorridos e longos,também possuíam algumas poucas madeichas verdes,e seus lábios estavam formados em um sorriso medonho mas comportado,nem se quer mostrava os dentes,mas era assustador com seu ar de soberania.

--- Obrigada Valeria. - agradeceu a jornalista na bancada - Agora a gente vai pra os nosso intervalo comercial e voltamos já,já.

As torradas haviam acabado e minha caneca com banana também,me levantei e desliguei a TV, tinha de começar a faxina. Começei pela cozinha,e depois fui para os outros cômodos,demorei um pouco pra terminar, quando finalmente acabei estava exausta,e isso porque morava em um apartamento pequeno,foi quando alguém bateu a porta,não podia ser meu pai e minhas tias,meu pai tinha levado a chave.

Anna Coraline E O Segredo De Castelo Bruxo Onde histórias criam vida. Descubra agora