Capítulo 2- Eu me movo pelo mundo com o coração partido

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O tempo parou no segundo que os olhos de Natália encontraram os seus, era quase física as emoções que dominavam seu corpo. E não conseguia conter o sorriso em seu rosto. 25 anos era muito tempo.

-Quanto tempo! -Sem que pudesse impedir seus movimentos, seus braços envolveram o corpo da ex-melhor amiga, matando um pouco da saudade de mais de 25 anos. -Eu não sabia que dividimos a mesma cidade.

-Eu nunca fui embora. -Sussurrou Natália, ainda atônita, sem acreditar no fantasma que via à sua frente. Seus corpos se separaram e ambas sorriram sem graça ao ver a cara de interrogação de Cecília. -Estudamos juntas por alguns anos.

-Éramos melhores amigas. -Responderam, cada qual a sua visão, ao mesmo tempo.

-Nossa... aquelas amigas que você vai encontrar na próxima semana? -Natália fez uma careta para a própria filha, não queria entrar naquele assunto catastrófico.

-Então você vai? Eu fiquei pensativa se deveria ir, já faz tantos anos e... -Divagou, mas verdadeiramente a fotógrafa não estava ouvindo nada.

O que ela estava fazendo ali? 25 anos depois? Como se o último encontro que tiveram não tivesse sido traumático o suficiente. Lembrava-se perfeitamente que havia largado tudo, o curso, a escola, as amigas, ao ser quase humilhada pela morena a sua frente após se declarar para ela.

O que ela estava fazendo ali?

-O que você está fazendo aqui? -A pergunta atravessou sua boca sem que pudesse se conter, e Carol sorriu sem graça.

-Ela é a minha professora, mãe. -Cecilia furou a bolha, voltando a fazer a sua presença ser percebida.

-Ela é a sua mãe... -A ficha de Carol finalmente caiu, como se voltasse a prestar atenção ao seu redor.

-É... há 17 anos. -Riu de lado. -Que bom que vocês se conhecem, eu falei para ela o quanto você era incrível e como eu queria ser como você.

-Eu adoraria continuar aqui tendo essa conversa mas... -Apontou para qualquer lado tentando se justificar. -Até Carol..

-Não liga não, ela é assim mesmo. -A mais nova sorriu sem graça.

-Ela é mesmo assim... há mais de 25 anos. -Suspirou. -Então meu Deus ela é a sua mãe! Eu nunca imaginei que ela fosse um dia se tornar mãe de alguém. -Riu sozinha.

-Caciiii! -Braços curtos agarraram a perna da estudante a fazendo sorrir. -Estou com fome. -A menina apontava para a própria barriga e Cecília sorriu.

Sua mente funcionava naquele momento como uma manivela enferrujada, a garotinha era um recorte de uma Natália que nunca havia conhecido, mas estava tudo ali. Os olhos castanhos grandes e expressivos, o cabelo de um castanho quase ruivo, a boca em um biquinho fofo e tão único.

-É a sua irmã? -Perguntou ainda paralisada.

-Sim, Celine dê "Oi" para Carol.

-Oi Carol. -Foi transportada no tempo e em seus próprios sentimentos, como se tivesse a capacidade de lidar com eles naquele momento. Respirou fundo, não tinha.

Natália tinha duas filhas, e era casada.

Natália era casada e tinha feito uma exposição para a esposa.

Natalia construiu uma vida após ela, a escola, e todas as aventuras que haviam vivido juntas, e não havia rastros seus em sua vida.

Precisava ir embora, sentiu seu corpo começar a ventilar, poderia desmaiar a qualquer momento.

-Ceci eu precis... -Apontou para a saída. -Diga para sua mãe que está tudo lindo. -E antes que a mais nova pudesse responder, se enfiou em meio as pessoas procurando a saída daquele lugar, daquele maldito lugar.

Amarelo Amor - NarolOnde histórias criam vida. Descubra agora