-Carol aqui está o convite para a exposição da minha mãe, que eu comentei com você. -A garota desengonçada, de óculos grandes e extremamente bonita lhe sorria de orelha a orelha. Era engraçado como de tempos em tempo a graduação lhe apresentava cópias suas, em corpos diferentes, mas ainda assim extremamente parecidas com uma versão mais nova e tão inexperiente.
Há anos a vida tinha dessas, ria na sua cara sobre como o tempo tinha passado e ela permanecia vivendo a mesma vida acadêmica que jurou ser seu único e verdadeiro desejo.
Seus dedos pegaram o convite e os olhos recaíram sobre imagens da cidade em preto e branco. "desabando" "N. Souto" forte, pensou.
-Estarei lá, com certeza. -O sorriso da menina aumentou, e inexplicavelmente se sentiu abraçada. -Sabe Ceci, você me lembra muito uma versão mais nova de mim mesma. -Sorriu, e o elogio quase fez a menina cair para trás. -Espero que você se encante pela pesquisa, precisamos de alunos bons como você em campo.
-É a primeira vez que me dizem isso, e você sabe que eu já estou completamente apaixonada. -Parecia chocada. -Minha mãe sempre diz que sou diferente de todos lá de casa, uma fotógrafa e a outra uma super modelo, empresária.
-Você seria uma ótima supermodelo também. -Ambas caminhavam em direção a sala de voluntários.
-Eu detesto câmeras, não levo o menor jeito. -Respirou fundo. -Mas Celine com certeza vai suprir essa, e seguirá o caminho das artes.
-Celine?
-Minha irmã mais nova, ela tem 5 anos, mas adora posar para minha mãe.
A conversa pouco se estendeu e logo ambas mergulharam no projeto. Fazia poucos meses que havia iniciado definitivamente a parte aberta para os estudantes, e ver seu projeto ser abraçado era talvez a maior vitória de sua vida.
Uma vida vazia, relembrava a si mesmo.
Seus olhos recaíram sobre o convite que Cecília havia lhe feito, fazia tanto tempo que não saia de casa que decidiu que seria bom espairecer um pouco. Precisava se sentir menos solitária, um café em uma exposição era um bom começo.
A vida e o trabalho haviam lhe roubado todo o tempo de diversão, por escolha sua. E agora aos 40 anos lidava com as consequências de sua solidão. Mas não era fácil, claro que não.
O telefone tocou a tirando de seus devaneios.
'-Adriana?
-Oi Carol, tudo bem? -A morena era a única amiga que havia ficado em sua vida, mas ainda assim se falavam tão pouco que a cientista achava que mantinham contato somente por educação. -Lara me pediu seu telefone... -Ela falou após uma breve introdução atualizando a cientista sobre sua vida.
-A Lara? -Faziam mais de 25 anos que não a via. -Como você tem o contato dela?
-Longa história... mas adiantando o assunto, ela quer fazer um reencontro com todas nós da época do curso de inglês. -Um frio na barriga a tomou.
-Assim do nada? -Riu sem jeito, como poderia dar um fora naquela situação? -Você sabe que reencontros não é muito a minha praia... -Tentou.
-Ah vai ser ótimo rever todo mundo! Pensa com carinho e me avisa, ela disse que iria te ligar.
-Quando vai ser?
-Daqui duas semanas, em uma sexta-feira. -Deu de ombros.
-Tudo bem, acho que vou estar livre. Até lá.'
Respirou fundo, aí já era demais, dois programas com diferença de uma semana de um para o outro era bem mais do que podia lidar com interação humana.
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Amarelo Amor - Narol
Storie d'amore"Mas foi um amor, um único amor que veio cruzou minha vida, tocou a minha alma e ficou marcado em minha pele. Todos nos carregamos conosco uma história. Aquela que só nos atrevemos a lembrar, quando durante a noite no escuro, encostamos nossas cabeç...